CLICK HERE FOR BLOGGER TEMPLATES AND MYSPACE LAYOUTS »

Ano da Fé

Ano da Fé
Clique na imagem para aceder ao site oficial

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

CITAÇÃO DO MÊS

"Oh homem! Não está nas tuas mãos sofrer ou não sofrer, mas sim se no sofrimento tua vontade se degrada ou dignifica"

Sto. Agostinho

#19 - PIETÁ


A Pietá é a escultura mais famosa (e também a primeira escultura) do grande artista Michelangelo Buonarroti (ele tinha 23 anos). Representa Jesus Cristo morto e descido da Cruz, nos braços da Virgem Sta. Maria. O momento de dor, morte e serenidade é soberbamente representado pelas expressões das duas personagens.

Esta escultura encontra-se na Arquibasílica de S. Pedro no Vaticano. Mas não está exposta (o que se vê na basílica é uma réplica) devido a uma tentativa de vandalismo que decorreu em 1972 e que obrigou à restauração total da escultura. Felizmente, tal foi possível graças aos mais avançados métodos da época.

#18 - IGREJA DE S. AGOSTINHO DE PAOAY


Erigida no séc. XVI nas Filipinas pelos frades agostinianos, é um exemplar singular que consegue misturar os elementos orientais com o gótico e o barroco ocidentais. Foi construída com tijolos, coral, lenha e seiva de árvores. A sua famosa torre do relógio é totalmente feita de coral.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

#17 - BASÍLICA DE NUESTRA SEÑORA DE PILAR



Construída em Zaragoza, Espanha, esta basílica é, segundo a tradição, a primeira igreja dedicada a Maria na História da Igreja. Segundo a lenda, a Virgem Sta. Maria terá aí aparecido ao Apóstolo S. Tiago Maior, que estaria em dificuldades em converter os povos da Hispânia. Nossa Senhora teria oferecido ao Apóstolo uma estátua dela em madeira, colocada sobre um pilar (daí o título "Nossa Senhora do Pilar") e instruiu-o a construir aí uma igreja.
.
Os locais de culto aí sofreram várias transformações, até à presente basílica, em estilo barroco, datada do séc. XVI. Algumas das pinturas da basílica são de Goya.
.
Algumas curiosidades: Cristovão Colombo (navegando ao serviço dos espanhóis) descobriu o Novo Mundo precisamente no dia da festa de Nossa Senhora do Pilar. Durante a Guerra Civil Espanhola, as forças anticlericais bombardearam a basílica com três bombas e nenhuma delas explodiu. Anos mais tarde, o Papa João Paulo II chamou a Nossa Senhora do Pilar a "Mãe dos povos hispânicos".

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O DEUS DO AMOR E O ÓDIO DE SARAMAGO

Que Deus é este que, para enaltecer Abel, despreza Caim?
Parece que esta questão tem andado a atormentar algumas mentes de uma certa elite intelectual. Uma elite intelectual que tem como passatempo preferido atormentar-se com a malevolência de um deus que não existe. É por isso que vemos certas e determinadas personagens, supostamente o expoente da racionalidade e da cultura, a arremeter corajosamente contra um exército de espantalhos e a chegar a uma conclusão surpreendente: que ler a Bíblia de uma forma fundamentalista leva a absurdidades sem sentido. E esta, hein? Acontece que ninguém lê a Bíblia de uma forma fundamentalista a não ser alguns protestantes … e os ateus. Nenhum católico informado acredita nessas coisas que o Sr. Saramago afirma não fazerem sentido… precisamente porque não fazem sentido. Nenhum católico acredita que o Inferno é uma condenação com o mesmo objectivo das prisões terrestres, de integração social (eu pergunto-me se Deus não criasse o Inferno, onde é que o Sr. Saramago se sentiria bem, tendo em conta o ódio que nutre por Deus). Nenhum católico acredita que antes da Criação Deus andou sem fazer nada. Todo e qualquer católico sabe por que Deus resolveu criar o Universo (porque é um Deus de Amor e o Amor não existe sozinho). Nenhum católico acredita que Deus fez o Universo em 6 dias factuais (nem sequer na era patrística isso era generalizadamente aceite). E, sobretudo, nenhum católico acredita que Deus nunca mais fez nada a partir do 7º dia (se tivesse sido esse o caso, o Sr. Saramago não teria tantos acontecimentos bíblicos de que se queixar).


Portanto, mesmo sem ter lido o novo romance do Sr. Saramago, posso já (pela embalagem que o envolve) perceber que não iria aprender nada se me dignasse a lê-lo. Porque nunca ninguém aprendeu nada ao ler ignorância voluntária. Os argumentos do Sr. Saramago apenas convencem pessoas desinformadas. O que não é pouca coisa, uma vez que a maioria dos católicos portugueses está, efectivamente, desinformada acerca do B-A-BA da sua fé. Por isso, eu posso aproveitar esta magnífica deixa para transformar os insultos ignorantes do Sr. Saramago numa oportunidade de evangelização. É por isso que me cabe esta tarefa de, no meu humilde blog, responder à questão: “Que Deus é este que, para enaltecer Abel, despreza Caim?”



Para responder, é fundamental darmos uma vista de olhos à própria fonte desta estória: a Bíblia.

Saramago pergunta: “Que Deus é este?

«Passado algum tempo, Caim ofereceu frutos da terra em oblação ao Senhor. Abel, de seu lado, ofereceu dos primogénitos do seu rebanho e das gorduras dele; e o Senhor olhou com agrado para Abel e para sua oblação, mas não olhou para Caim, nem para os seus dons. Caim ficou extremamente irritado com isso, e o seu semblante tornou-se abatido. O Senhor disse-lhe: “Por que estás irado? E por que está abatido o teu semblante? Se praticares o Bem, sem dúvida alguma poderás reabilitar-te. Mas se procederes mal, o pecado estará à tua porta, espreitando-te; mas, tu deverás dominá-lo.”»

Gn 4:3-7.


É este o Deus!
.
Um Deus que enalteceu Abel, sim… porque Abel mereceu ser enaltecido. Mas que não desprezou Caim, mas antes procurou reabilitá-lo, avisá-lo do perigo que corria se continuasse no mesmo caminho. Um caminho que levou Caim ao fractricídio.
.
«O senhor disse a Caim: “Onde está o teu irmão Abel?” – Caim respondeu: “Não sei! Sou porventura o guarda do meu irmão?”»
Gn 4:9.

É este o Deus!

E é este o Caim… o mesmo Caim que Saramago quer enaltecer como expoente da raça humana na Revolução contra Deus. Ou seja, o ódio de Saramago por Deus é tanto, que ele não se importa de tomar o partido de um assassino, desde que esse assassino tenha a veleidade de apontar o dedo irado contra os Céus. O seu nome é Caim, mas poderia ser Estaline, Mao Tsé-Tung, Fidel Castro, Che Guevara… ou até Satanás!

Numa das suas entrevistas, o Sr. Saramago diz que: “a Razão pode ser a nossa moral” e que, portanto, Deus é inútil. Pois bem, vede até onde a Razão sem Deus levou a moral de Saramago. Segundo a moral de Saramago, ser servo de Deus é um pecado maior do que levantar armas contra o nosso irmão.

Tendo isto em atenção, para os argumentos de Saramago serem totalmente nulos, basta-me apenas provar que ser-se servo de Deus não é qualquer pecado. O que, para a mundividência saramaguiana será impossível de provar, uma vez que ser-se servo de Deus é nortear-se pela Bíblia e a Bíblia é “um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade, do pior da Natureza Humana”. Ora vede só este excerto bíblico:

Amai-vos uns aos outros. Como Eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros
Jo 13:34



Oh, a crueldade! O piorio da Natureza humana! O drama! O horror! A tragédia!
:D
.
Mas claro que o Sr. Saramago não cita o Evangelho segundo S. João. Ele cita (muito inteligentemente) o Pentateuco, ou seja, os primeiros cinco livros da Bíblia (i.e. Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronómio). Parece que é preciso ler os primeiros livros da Bíblia, como se não houvesse continuação. Como se o Antigo Testamento não devesse ser lido à luz do Novo Testamento. O escritor reconhece (e bem) que a Bíblia foi escrita ao longo de milhares de anos… mas satisfaz-se apenas com os primeiros escritos, como se uma escrita que dura milhares de anos não sofresse qualquer evolução ao longo do livro.
.
Para ilustrar a crueldade do Pentateuco… ahem, quero dizer, da Bíblia, o Sr. Saramago usa o exemplo de Abraão. É que Deus, para provar a fidelidade de Abraão, exigiu-lhe que este sacrificasse o seu próprio filho, Isaac. É claro que o Sr. Saramago parece esquecer-se que Deus não levou a Sua exigência até ao fim… que, mesmo no último momento, Deus revelou que não deseja sacrifícios humanos e que só estava a pôr Abraão à prova. Vou trocar isto por miúdos: Nosso Senhor é um deus que abomina o sacrifício humano e é um deus que exige fidelidade absoluta. Vou ainda explicar isto melhor, que é para ficar bem claro: a melhor forma de proteger os nossos filhos do sacrifício humano é, precisamente, confiar totalmente em Deus.


Se o Sr. Saramago tivesse mesmo lido a Bíblia (em vez de criticar um livro imaginário que ele concebeu na sua mente preconceituosa) saberia que aquilo que mais enojava a Deus nas civilizações pagãs era, precisamente, o sacrifício de crianças. Esse é um dos pecados mais horrendos que Deus imputa aos idólatras.

Não darás nenhum dos teus filhos para ser sacrificado a Moloch; e não profanarás o nome de teu Deus. Eu sou o Senhor
Lv 18:21


Pois é… é que uma das características de uma humanidade pagã, afastada de Deus, é o sacrifício de crianças no altar de Moloch. As evidências falam por si. Actualmente, a nossa própria civilização paganizada, afastada de Deus, sacrifica crianças aos milhares. A única diferença é que o nome do deus deixou de ser Moloch e passou a ser Sexo.

Será que o Sr. Saramago está tão disposto a condenar Moloch ou Sexo pelos sacrifícios humanos que estes exigem, tal como condenou Deus por ter feito uma tal exigência de Abraão? Não me parece… Afinal de contas, quando a Igreja Católica vocifera contra os malefícios do aborto, o Sr. Saramago acredita que se trata apenas de uma questão de “poder”, de “controlo sobre os nossos corpos”.

É que o Sr. Saramago não se escandalizou verdadeiramente contra o sacrifício humano exigido por Deus. Ele não está verdadeiramente preocupado com o pobre Isaac. É que Deus apenas exigiu o sacrifício de uma criança, enquanto Sexo exigiu o sacrifício de 40.000 crianças. É que Deus não chegou a consumir uma gota de sangue sequer de Isaac, enquanto a sede de Moloch era insaciável. Não. Saramago não está minimamente preocupado com o destino de Isaac ou de qualquer outra criança. Saramago está preocupado apenas com isto: Deus exige fidelidade absoluta. É isso que o escandaliza no episódio de Abraão. E enquanto Deus exigir fidelidade absoluta e abominar o sacrifício humano, o Sr. Saramago não pode sacrificar crianças nos altares de Moloch ou de Sexo.
.
É claro que Israel, com o seu Deus revolucionário e humanista, teve de se impor num mundo bárbaro, utilitarista, adorador de Moloch e de Poder… isto tudo numa época em que não existiam organizações internacionais, ONGs, noções elementares de Direito, redes diplomáticas sofisticadas e Cartas Fundamentais dos Direitos do Homem. É que, nessa altura, ainda não tinham decorrido esses milhares de anos de moralidade judaico-cristã, sem os quais (segundo Saramago) todos nós seríamos muito “mais piedosos”. Por isso, Israel teve de, não raras vezes, defender o seu valiosíssimo património histórico e cultural com variadas guerras. Não pretendo aqui fazer a apologia dessas guerras. Uma guerra é sempre algo de negativo, algo que Deus detesta. Mas não nos enganemos… aquelas eram guerras civilizacionais. As guerras que opunham o Deus do Amor, que abominava o sacrifício humano… e Moloch. Lembremo-nos de que há pouco mais de 60 anos, apenas uma guerra pôde salvar a Europa de mergulhar na barbárie total.

Mas como é que um Deus misericordioso é compatível com estas guerras? Por muito horríveis que fossem esses povos, eles não mereceriam uma oportunidade? Por que dizimar nações inteiras com derrotas bélicas ou dilúvios universais? Aqui é que o Sr. Saramago podia realmente ter lido a Bíblia. Ora vejamos…

.

«E eis que, ao pôr-do-sol, veio um profundo sono a Abrão, ao mesmo tempo que o assaltou um grande pavor, uma espessa escuridão. O Senhor disse-lhe: (…) “Eu dou - disse Ele - esta terra aos teus descendentes, desde a torrente do Egipto até ao grande rio Eufrates (…) Somente à quarta geração, os teus descendentes voltarão para aqui, porque a iniquidade dos amorreus não chegou ainda ao seu cúmulo.”
Gn 15:12-13,16,18


«O Senhor ajuntou: “É imenso o clamor que se eleva de Sodoma e Gomorra, e o seu pecado é muito grande. Eu vou descer para ver se as suas obras correspondem realmente ao clamor que chega até mim; se assim não for, Eu o saberei.” (…) Abraão aproximou-se e disse: “Fareis o justo perecer com o ímpio? Talvez haja cinquenta justos na cidade: fá-los-eis perecer? Não perdoaríeis antes a cidade, em atenção aos cinquenta justos que nela se poderiam encontrar? Não, Vós não poderíeis agir assim, matando o justo com o ímpio, e tratando o justo como ímpio! Longe de Vós tal pensamento! Não exerceria o Juiz de toda a terra a justiça?” O Senhor disse: “Se eu encontrar em Sodoma cinquenta justos, perdoarei a toda a cidade em atenção a eles.” Abraão continuou: “Não leveis a mal, se ainda ouso falar ao meu Senhor, embora seja eu pó e cinza. Se porventura faltarem cinco aos cinquenta justos, fareis perecer toda a cidade por causa desses cincos?” “Não a destruirei - respondeu o Senhor - se nela eu encontrar quarenta e cinco justos.” Abraão insistiu ainda e disse: “Talvez só haja aí quarenta.” “Não destruirei a cidade por causa desses quarenta.” Abraão disse de novo: “Rogo-vos, Senhor, que não vos irriteis se eu insisto ainda! Talvez só se encontrem trinta!” “Se eu encontrar trinta - disse o Senhor - não o farei.” Abraão continuou: “Desculpai, se ouso ainda falar ao Senhor: pode ser que só se encontre vinte.” “Em atenção aos vinte, não a destruirei.” Abraão replicou: “Que o Senhor não se irrite se falo ainda uma última vez! Que será, se lá forem achados dez?” E Deus respondeu: “Não a destruirei por causa desses dez.”»

Gn 18:20-32


«Eu sou o Senhor, teu Deus, um Deus zeloso que vinga a iniquidade dos pais nos filhos, nos netos e nos bisnetos daqueles que me odeiam, mas uso de misericórdia até à milésima geração com aqueles que me amam e guardam os meus mandamentos
Ex 20:5-6


«O Senhor disse a Jonas: (…) “E então, não hei de ter compaixão da grande cidade de Nínive, onde há mais de cento e vinte mil seres humanos, que não sabem discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, e uma inumerável multidão de animais?»”
Jn 4:9-11



Pôish…

Para um Deus destes se irar contra estes povos a ponto de os exterminar… eu tremo só de pensar nos crimes que eles cometeram…

Acho que temos, nestes casos, uma situação muito semelhante à de Caim. O Sr. Saramago assobia para o lado enquanto estes povos assassinam, pilham e violam brutalmente, apenas para condenar Deus quando Ele actua. Mas, (oh! é verdade!) Deus não actuou mais desde o 7º dia… e o Sr. Saramago escandaliza-se com a passividade de Deus. Será que alguma vez Deus conseguirá agradar ao Sr. Saramago?


Outro motivo para o Sr. Saramago se concentrar apenas no Pentateuco, é que este contem a Lei Mosaica. Ou seja, a Lei que Moisés transmitiu ao povo israelita. O Sr. Saramago, ao ler os livros da Lei, não encontrou muito Amor. O que é compreensível. Se eu, para conhecer Portugal, apenas lesse o seu Código Penal, também não acreditaria que este fosse um país muito amoroso. Nem ficaria a pensar muito bem deste país se, para além do Código Penal, lesse apenas uns panfletos que por aí circulam contra o H1N1 “Nem abraço, nem beijinho, nem aperto de mão…”. É que a Lei Mosaica também prescrevia conceitos de higiene e pureza que permitiram a um povo numeroso atravessar 40 anos no deserto. Ajunte-se a isso os dados dos censos e alguns detalhes cruentos da Batalha de S. Mamede e de outros episódios da independência de Portugal… e voilá! Cá está o Pentateuco, versão portuguesa! Será difícil, de facto, encontrar qualquer vestígio de Amor em tais escritos!

Ufa! Ainda bem que os católicos não lêem esses livros da Bíblia, tão alheios ao Amor… poderiam começar a perder a fé, não é? Poderiam começar a pensar que Deus era “cruel, invejoso, insuportável”, e não um Deus de Amor.

Mas… mas… espera aí… que é isto… que é isto aqui, bem no Livro do Levítico?

«Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor.»
Lv 19:13-18


Uau! O Israel antigo, conduzido pela Palavra de Deus, introduziu este mandamento no próprio Código Penal da Nação! Coisa que nem Portugal, nem a bem-aventurada U.R.S.S. fizeram! A crueldade! O pior da Natureza humana! Vejam só mais esses exemplos de maus costumes! Oh! Os meus sais!

«Não oprimirás o teu próximo, e não o despojarás. O salário do teu operário não ficará contigo até ao dia seguinte. Não amaldiçoarás um surdo; não porás algo como tropeço diante do cego; mas temerás o teu Deus. Eu sou o Senhor. Não sereis injustos em vossos juízos: não favorecerás o pobre nem terás complacência com o grande; mas segundo a justiça julgarás o teu próximo. Não semearás a difamação no meio de teu povo, nem te apresentarás como testemunha contra a vida do teu próximo. Eu sou o Senhor. Não odiarás o teu irmão no teu coração. Repreenderás o teu próximo para que não incorras em pecado por sua causa. Não te vingarás…»
Lv 19:13-18

Podereis objectar que esta Lei do Amor que se encontra no Levítico é apenas uma de entre muitas. Como é que era possível pôr em prática essa Lei do Amor, com tantas leis assassinas escritas no mesmo livro? Bem, por isso é que não existe apenas o Pentateuco. Ao longo dos séculos, Deus enviou os Profetas para fornecer a correcta interpretação da Bíblia, sempre que a Lei era abusada. E, no fim, o próprio Deus clarificou:
«Um deles, doutor da lei, fez-Lhe esta pergunta para pô-Lo à prova: “Mestre, qual é o maior mandamento da lei?” Respondeu Jesus: “Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás teu próximo como a ti mesmo. Nesses dois mandamentos se resumem toda a lei e os profetas.”»
Mt 22:35-40



Pôish…

É que qualquer licenciado em História de Direito sabe que a Lei Mosaica constituiu um avanço civilizacional sem precedentes! A Lei Mosaica foi a primeira a olhar favoravelmente para os escravos, exigindo que estes fossem bem-tratados pelos seus senhores e que lhes fosse oferecida a libertação a cada 7 anos. As pessoas arrepiam-se quando ouvem falar da lei do “olho por olho, dente por dente” (Ex 21:24) … mas esquecem-se de olhar para o contexto histórico. Hoje em dia, esta lei parece-nos horrível e desumana. Mas, naqueles dias, era uma lei muito branda. Porque obrigava a que o castigo do crime fosse proporcional ao dano causado. Ou seja, impedia que o castigo fosse superior ao crime cometido.

E por que esta lei do “olho por olho, dente por dente” nos parece horrível e desumana, a nós, modernos? Porque, tal como eu disse no início deste post, a moralidade judaico-cristã foi evoluindo (uma evolução que se encontra registada por toda a Bíblia) … e essa evolução da moralidade judaico-cristã moldou de forma indelével a moralidade colectiva da civilização ocidental. É por isso que julgar a Bíblia unicamente pelos primeiros livros é redutor e absurdo!
.
Porém, os meus leitores podem perguntar-me: mas Deus não poderia ter legislado logo de uma vez a Carta Fundamental dos Direitos Humanos? Por que Deus permitiu a pena de morte e a posse de escravos e muitas outras coisas repugnantes na Lei Mosaica? Por que não aboliu todos esses males de uma só vez?
E eu respondo, perguntando de volta: Se Deus o tivesse feito, os judeus tê-Lo-iam escutado?

«Os fariseus vieram perguntar-Lhe para pô-Lo à prova: “É permitido a um homem rejeitar sua mulher por um motivo qualquer?” Respondeu-lhes Jesus: “Não lestes que o Criador, no começo, fez o homem e a mulher e disse: Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois formarão uma só carne? Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o Homem o que Deus uniu.” Disseram-lhe eles: “Por que, então, Moisés ordenou dar um documento de divórcio à mulher, ao rejeitá-la?” Jesus respondeu-lhes: “É por causa da dureza de vosso coração que Moisés havia tolerado o repúdio das mulheres…”»
Mt19:3-8


Deus tolerou essas coisas, porque já conhecia a dureza de coração dos seus interlocutores.
Hoje em dia, Deus deu-nos algo muito mais fiável do que a Lei. Deu-nos a Igreja. Uma unidade viva, orgânica, guiada pelo Espírito Santo, contra a qual “as portas do Inferno não prevalecerão” (Mt 16:18).

E nós? Escutamos a Igreja?

A Igreja diz-nos (pasme-se!) que é errado dilacerar uma criança ou negar-lhe o sustento, ainda que ela ainda não tenha nascido. A Igreja diz que é fundamental proteger estas crianças contra uma lei injusta, como é a lei do aborto.

Os católicos seguiram esta instrução de Deus?

Não!

Preferiram ir na cantilena das ideologias que o Sr. Saramago professa!

Ora, o Sr. Saramago não tem autoridade moral para apontar o dedo aos judeus! Deus exigiu pouco dos judeus, mas eles ao menos cumpriram! Deus exige-nos pouco também… mas nós recusamo-nos a cumprir!

Quando o Sr. Saramago se desculpar pelo sangue derramado de 40.000 crianças, aí poderemos conversar acerca do sangue que Deus alegadamente terá derramado!

Até lá, estaremos apenas a acusar o Ser mais misericordioso e justo do Universo, enquanto nos pomos a desculpar assassínios vis.

Que é o que o Sr. Saramago resolveu fazer em relação a Caim!











Todavia, quando a ignorância é colossal e voluntária, não há argumentos que valham… por mais racionais que estes sejam. Duvido que o Sr. Saramago seja sensível ao que eu disse, ou ao que a Conferência Episcopal Portuguesa disse, ou aos tratados teológicos mais lógicos e sofisticados do Mundo. Quando ele lê a Bíblia (se é que a leu), ele está apenas a pensar que aquele é mais um obstáculo aos seus planos políticos e culturais. Um obstáculo que é necessário derrubar a todo o custo. Mesmo à custa da difamação mais rasteira. Já dizia o Mestre: “Esta espécie de demónios não se pode expulsar a não ser pela oração” (Mc 9:29).




Assim seja:

Senhor, eu creio, eu adoro-Vos, eu espero-Vos e amo-Vos.

E peço pelos que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam.

Pai Nosso…

#16 - CATEDRAL DE NOTRE DAME





Trata-se do edifício mais emblemático do estilo gótico, sendo a mais antiga e conhecida catedral francesa construída neste estilo arquitectónico. Consagrada à Virgem Sta. Maria (daí o seu nome em francês), esta catedral encontra-se na Île de la Cité, em Paris.


Construída no séc. XII, tem 127 metros de comprimento, 48 de largura e 35 de altura. Mas esta catedral é mais conhecida pelas suas gigantescas rosáceas (podendo atingir os 13 metros de diâmetro) e pelas numerosas gárgulas que adornam a fachada. As suas famosas duas torres têm 69 metros de altura.

Além de um monumento impressionante da Cristandade, a catedral de Notre Dame encontra-se indelevelmente associada à História da França e também da literatura universal (foi o cenário do célebre romance homónimo do escritor Victor Hugo, cujo personagem principal é o famoso corcunda).

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

#15 - IGREJA DA NATIVIDADE



Foi construída em Belém, na Palestina, na caverna onde, segundo a tradição, Jesus Cristo terá nascido. A primeira igreja terá sido iniciada no séc. IV d.C. por Sta. Helena, a mãe do Imperador Constantino I. Foi reconstruína no séc. VI pelo Imperador Justiniano I, sendo uma das igrejas mais antigas ainda em funcionamento. O local exacto da Natividade é assinalado por uma estrela de prata sob o altar da figura acima.

A estrutura é constituída por 2 edifícios (a Basílica da Natividade, pertencente aos ortodoxos, e a Igreja de Sta. Catarina, dos católicos romanos) que partilham uma cripta... que será a gruta onde Cristo nasceu. Também os cristãos arménios têm alguma jurisdição sobre a cripta.

Além da sua importância cultural e histórica, esta igreja figura aqui também como símbolo da necessidade do ecumenismo entre igrejas cristãs (um ecumenismo que, infelizmente, nem sempre transparece na administração da própria Igreja da Natividade).

#14 - MOISÉS



Esculpida pelo conhecido génio Michelangelo Buonarroti, esta é uma das estátuas mais emblemáticas da cultura cristã. Representa a figura bíblica de Moisés, em mármore, e faz parte do túmulo do Papa Júlio II (o Papa que encomendou a Michelangelo a pintura do tecto da Capela Sistina).

Segundo a lenda, a escultura terá impressionado tanto o próprio Michelangelo, que este terá batido com o formão na perna da estátua e ordenado: "Fala!"

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

PERGUNTAS DE UM LEITOR...

O Império (um blogger amigo com o qual já tive uns debates intelectualmente interessantes) concedeu-me a honra de visitar o meu blog e fazer-me as seguintes questões:
"1 - Como encara pessoalmente a existência do sofrimento no mundo? Isto é, como se compatibiliza a ideia de um deus bondoso, que nos ama, que é nosso pai e que apesar de ser omnipotente permite a existência de sofrimento no mundo? Sei que existe o livre arbítrio e também existe a existência do diabo mas mesmo assim, porque deus não intervém nas situações de grande sofrimento? E qual é a posição oficial da Igreja Católica?

2 – Ouvi dizer que o Vaticano aboliu a existência do Inferno tal como já tinha feito com o Purgatório. É verdade?"

Para não alongar demasiado o meu blog, darei as respostas na caixa de comentários

#13 - MEDALHA MILAGROSA



Também conhecida como a Medalha da Imaculada Conceição, é um dos sacramentais mais conhecidos e difundidos da Igreja. Foi criada por Sta. Catarina Labouré, de acordo com as instruções da Virgem Sta. Maria, que lhe terá aparecido por diversas vezes em 1830. Nossa Senhora prometeu à vidente que todos aqueles que usassem essa medalha "receberiam muitas graças". A popularidade das Medalhas Milagrosas difundiu-se mundialmente e ainda hoje milhões de católicos as usam e rezam novenas a pedir a intercessão da Virgem.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

#12 - SANTUÁRIOS DE NOTRE DAME DE LOURDES



Estes santuários localizam-se em Lourdes, nos Pirenéus franceses, junto a uma gruta onde a Virgem Sta. Maria terá aparecido a Sta. Bernardette Soubirous no séc. XIX. Nossa Senhora apresentou-se como "Imaculada Conceição", tendo tal aparição surgido apenas 4 anos após a proclamação desse dogma. A Virgem também terá instruído os peregrinos a beberem de uma nascente da gruta que aí terá brotado aquando das aparições... sendo que essa água tornou-se famosa pelas curas milagrosas que aí terão ocorrido.

Os Santuários incluem 22 locais de adoração, nomeadamente 3 basílicas (a Basílica da Imaculada Conceição, a Basílica do Rosário e a Basílica do Papa S. Pio X), 2 igrejas (a Igreja da Cripta, que suporta a Basílica da Imaculada Conceição; e a Igreja de Sta. Bernardette) e 2 capelas (Capela da Reconciliação e a Capela de S. José). A unir as diversas basílicas encontra-se uma enorme praça (a Praça do Rosário) com uma estátua da Virgem coroada.

Os Santuários de Nossa Senhora de Lourdes são dos santuários marianos mais famosos do mundo, recebendo aproximadamente milhares de peregrinos por ano e apresentando até à data 67 milagres reconhecidos pela Igreja Católica.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

#11 - MOSTEIRO DOS JERÓNIMOS


O Mosteiro dos Jerónimos é um mosteiro construído em Lisboa no séc. XVI, em estilo manuelino. O seu nome deriva da atribuição deste mosteiro à Ordem de S. Jerónimo. É o expoente máximo da arquitectura manuelina (um estilo eminentemente português, celebratório dos Descobrimentos Portugueses) e o mosteiro mais emblemático de Portugal.

















.
É aqui que se encontram sepultados os reis D. Manuel I, D. João III, D. Sebastião e o Cardeal D. Henrique, bem como o navegador Vasco da Gama e os escritores Luís Vaz de Camões, Alexandre Herculano e Fernando Pessoa.
Em 2007, foi votado como uma das 7 maravilhas de Portugal.

domingo, 11 de outubro de 2009

#10 - SANTUÁRIO DE NUESTRA SEÑORA DE GUADALUPE

Este santuário foi construído na cidade mexicana de Tepeyac, junto ao local onde terão ocorrido as aparições marianas a S. Juan Diego (o primeiro índio a ser canonizado pela Igreja Católica). Segundo a tradição, a Virgem Sta. Maria apareceu a Juan Diego em 1531, sob a forma de uma jovem princesa azteca. Para provar a veracidade das aparições ao céptico bispo espanhol, Deus terá permitido o "milagre das rosas" : da tilma (uma peça de vestuário típica) de Juan Diego terá brotado uma cascata de rosas, tendo um ícone de Nossa Senhora de Guadalupe ficado miraculosamente impressa no tecido. Estas aparições foram importantíssimas na conversão dos indígenas da América Central, que por devoção a ela abandonaram as suas prácticas pagãs (e muitas vezes sangrentas).
.
.

.

O santuário contém 2 basílicas:
1) O Templo Expiatório a Cristo Rey - a mais antiga, datando do séc. XVI
2) A Basílica Nova - de 1976, que alberga presentemente a tilma de S. Juan Diego












.
.
Este santuário é o segundo lugar de peregrinação católico mais afluente, logo a seguir ao Vaticano. Nossa Senhora de Guadalupe é um dos símbolos nacionais mais respeitados do México... além de ser também a santa patrona das Américas.

sábado, 10 de outubro de 2009

#9 - IGREJAS DE GÖREME

Göreme é um parque natural situado na antiga Capadócia, actual Turquia. A sua característica mais peculiar é conter uma cidade antiga escavada na rocha vulcânica no meio do deserto.


A história deste curioso local começa já no séc. IV d.C. quando uma série de eremitas, sob inspiração de S. Basílio de Cesaréia, escavou aqui as suas celas. A partir daí, a cidade expandiu-se, tendo-se construído mosteiros e igrejas mediante este bizarro método arquitectónico.

As igrejas mais belas datam dos séc.s VIII-XII e muitas delas estão ornadas com lindíssimos exemplares de pintura bizantina. Um tesouro da Igreja pouco conhecido, mas de rara beleza e originalidade.















(Nota: Pode-se dizer que estas igrejas pertencem aos Ortodoxos Orientais e não à Igreja Católica. No entanto, eu resolvi incluir esta maravilha no concurso... uma vez que a sua construção se deu antes do Grande Cisma. Além disso, embora as pinturas datem mais ou menos desse período do Grande Cisma, a verdade é que as Igrejas Católica e Ortodoxas não se viam realmente como separadas até meados do séc. XIII).

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O PAPA VEM VISITAR-NOS!!!

A propósito deste candidato às "7 maravilhas da Igreja", vem que o Santuário de Fátima tornou possível mais esta prenda aos católicos portugueses.

No dia 13 de Maio do próximo ano, o Papa Bento XVI vem celebrar uma missa no nosso país! E viva as boas notícias (para variar)!

#8 - SANTUÁRIO DE FÁTIMA



Localiza-se na Covoa da Iria, em Leiria, Portugal. Foi aí que, em 1917 d.C. (durante o regime ateu e anticlerical da Primeira República em Portugal e no ano em que a Revolução ateia e marxista instaurou o regime comunista na Rússia) a Virgem Sta. Maria terá efectuado 6 aparições a três humildes crianças que aí pastoreavam os seus rebanhos. Nessas aparições, Nossa Senhora pedia a conversão dos homens, nomeadamente através da oração do terço.

Entre os milagres ligados a estas aparições contam-se:
- O milagre do Sol, presenciado em 13 de Outubro de 1917, no qual muitas testemunhas (inclusivé ateus ou pessoas a 18 Km de distância) terão presenciado o Sol a dançar.
- A salvação do Papa João Paulo II do atentado de 13 de Maio de 1981 (aniversário da primeira aparição)
- A queda do regime comunista na Rússia após a consagração deste país a Nossa Senhora de Fátima

Por isso, o Santuário de Nossa Senhora de Fátima é o principal santuário mariano de Portugal e um dos mais importantes de todo o Mundo. Os pastorinhos Francisco e Jacinta já foram beatificados. E já dois pontífices vieram visitar Portugal, visitando Fátima.


O Santuário (entre outras estruturas dedicadas ao culto) inclui três templos:

1) A Capelinha das Aparições - a primeira a ser construída (em 1919), exactamente no local das aparições. Na coroa da imagem de Nossa Senhora está a bala que teria atingido o Papa João Paulo II.

2) A Basílica de Nossa Senhora do Rosário (iniciada em 1928) em estilo neobarroco e que é o edifício emblemático deste Santuário

3) A Igreja da Santíssima Trindade (inaugurada em 2007), construída num polémico estilo moderno, inspirado na arte bizantina e ortodoxa, sendo o quarto maior templo católico do Mundo em termos de capacidade.

sábado, 3 de outubro de 2009

O INFERNO SOMOS NÓS!

Este vai ser o meu último post sobre política (assim o espero!) nos próximos tempos. Já faz mais de um mês em que me decidi debruçar sobre este assunto (as circunstâncias assim o exigiam), mas agora já basta. Está na hora de me focar noutros assuntos, igualmente relevantes para a Doutrina Cristã e para a Nova Evangelização…


No entanto, não posso terminar sem antes comentar os acontecimentos imprevisíveis e lamentáveis que se deram logo após as eleições legislativas. Refiro-me, obviamente, à guerra aberta entre duas das instituições mais solenes da nossa Nação: a Presidência da República e o Governo.

O meu comentário começa com as seguintes citações da Beata Madre Teresa de Calcutá

Acho que o que se passa actualmente em Portugal é o reflexo mais visível destas palavras.








Bem… qualquer leitor ateu e/ou suixant-huitard que me leia, já estará espumando à frente do seu ecrã de computador, enquanto pragueja: “Será possível que os crentes sejam tão estúpidos e fanáticos, ao ponto de atribuírem todos os males do mundo (incluindo um conflito institucional) ao aborto?



No que me diz respeito, sim, é possível fazer essa inferência. E não será um acto de deturpação da realidade, nem de cegueira religiosa, nem de irracionalismo fanático. Basta uma análise fria dos factos para compreendermos a lógica por detrás desta minha tese.









Sinceramente, eu não sei se o Presidente foi ou não escutado. Desconheço o envolvimento do Primeiro-Ministro. Não faço ideia das intenções das “fontes” dos vários jornais que participaram em toda esta situação deplorável. Há demasiado nevoeiro, demasiadas influências obscuras, demasiados segredos, demasiado mistério para se ter uma imagem nítida de tudo o que sucedeu. Não tenho suficientes dados para fazer um comentário informado. A única coisa de que tenho a certeza (e é a única coisa de que Portugal pode ter certeza, por muito doutos que sejam os comentadores e politólogos que vêm falar nos telejornais) é de que o Presidente da República e o Primeiro-Ministro recém-eleito estão em guerra aberta, pondo em perigo a estabilidade do próprio regime democrático.










Analisemos os diversos intervenientes nesta tragicomédia. Podemos começar pelo Presidente da República. O Professor Cavaco Silva foi eleito devido à sua imagem: uma imagem de grande seriedade e sobriedade. Uma figura moderada e temperada. Um verdadeiro homem de Estado, capaz de pôr os interesses do país à frente dos interesses partidários. Um garante de estabilidade democrática. Em suma: o Presidente perfeito.

Quase logo no princípio do seu mandato presidencial, o Professor Cavaco Silva foi confrontado com uma difícil escolha política: ou era o “Presidente de todos os portugueses” (como o tinha prometido) e salvava os portugueses ainda não nascidos, vetando a iníqua Lei do Aborto e mandando às urtigas os resultados de um referendo… ou então procurava manter a sua imagem e compostura. Se optasse pela primeira opção, seria acusado de ser fanático e conservador. Seria crucificado por não levar em conta a vontade soberana do Povo. Hostilizaria um PS fracturante, ideologicamente apaixonado por esta causa e detentor de uma maioria absoluta na Assembleia da República.


A tentação era grande, a pressão excessiva… e Cavaco Silva caiu na esparrela. Comportou-se como um homem de Estado, em vez de se comportar como um homem, ou como um ser humano. Cometeu o pecado de Pilatos. Os inocentes seriam sacrificados no altar da estabilidade nacional, para apaziguar uma elite inflexível e uma multidão manipulada.

Porém, o que sucedeu ao Presidente da República desde então?
.
.
Terá conseguido esquivar-se às acusações de fanático e conservador?

Não.

Durante a sua legislatura, o PS continuou a avançar mais temas fracturantes, completamente absurdos. A lei do Divórcio e o projecto-lei das Uniões de Facto são disso exemplo. Em ambos os casos os projectos-lei foram vetados. E em ambos os casos, o Presidente da República fez honra em dar explicações muito racionais e objectivas para sustentar as suas posições. O PS não se importou. E, por toda a Esquerda, ouviu-se o coro que apontava o conservadorismo e o reaccionarismo do Professor Cavaco Silva.
.
.
Terá conseguido apaziguar o PS, construindo com ele a tal “cooperação estratégica” de que tanto falava?

Não.

Em vez de se satisfazer com a promulgação da Lei do Aborto, o PS continuou a minar lentamente o Presidente da República.

Veja-se o caso do Estatuto dos Açores, que visa retirar poderes ao Presidente e que foi considerado inconstitucional pelo próprio Tribunal Constitucional.
Veja-se o caso de tantos vetos presidenciais que foram desavergonhadamente transpostos, tendo o PS forçado o Presidente a promulgar (quase) as mesmas leis que ele vetara.
Veja-se o caso de o PS estar, neste momento, em conflito aberto com o Presidente da República.
A cooperação estratégica está morta…
.
.
Terá conseguido, ao menos, salvaguardar a sua postura democrática, demonstrando que está a favor do Povo e que o respeita?

Não.

Embora eu reconheça que Cavaco Silva procurou, ao máximo, não condicionar as passadas eleições legislativas… a verdade é que, por qualquer motivo, as coisas descontrolaram-se e não saíram como ele queria. Não houve qualquer debate de ideias na última semana da campanha eleitoral… apenas se escutou o caso das escutas. O silêncio do Presidente tornou-se mais eloquente do que todas as palavras proferidas por todos partidos… e há quem diga que foi esse silêncio que conduziu à derrota do PPD-PSD.
.
Por isso, o Professor Cavaco Silva é acusado pelo PPD-PSD de não informar devidamente os eleitores, ocultando factos importantíssimos acerca da nossa saúde democrática.

Por outro lado, com o seu discurso agressivo na passada 3ª feira, o Presidente da República é acusado por muitos comentadores socialistas de “mau perder” e de pretender criar um pretexto para desrespeitar a vontade popular, não indigitando o Engenheiro José Sócrates para próximo Primeiro-Ministro.
.
.
.
Ou seja, o Presidente da República encontra-se, neste momento, na mesma posição em que se encontraria se tivesse vetado a Lei do Aborto. É acusado de ser fanático, conservador, antidemocrático e antisocialista. O que é mais trágico foram as 40.000 vítimas que, tendo sido sacrificadas para salvar o Professor Cavaco Silva desse infame destino, foram destruídas em vão.









Passemos agora ao segundo actor desta peça: o Governo, personificado na pessoa do Sr. Engenheiro José Sócrates.



Sócrates é um político hábil que também encarna o papel do verdadeiro homem de Estado (se bem que por motivos distintos e menos dignos que os de Cavaco Silva). Ele acredita, sem sombra de dúvidas, que é uma pessoa moderna e que tem como missão modernizar Portugal (o que significa, tornar Portugal mais semelhante a Sócrates). Para atingir este objectivo, Sócrates faz tudo, atropela tudo, sacrifica tudo. Menos a sua imagem, que é o seu bem mais precioso (é preferível uma boa imagem a um bom conteúdo). Tem uma perspectiva utilitária da Política, isto é, uma atitude de “os fins justificam os meios”. É o Príncipe Perfeito de Maquiavel. Ecce homo de Estado.

Portanto, não é de estranhar que uma das suas primeiras lutas políticas tenha sido a legalização do aborto. Estava aqui tudo. O aborto é “moderno” (vá-se lá saber porquê…). O aborto é uma questão de imagem (há que ocultar ao máximo o seu conteúdo; o que importa é que o aborto seja legal, que tenha uma boa imagem, porque se for clandestino é “próprio de um país atrasado”). O aborto é o auge da filosofia utilitária, o expoente d’ “O fim justifica os meios”.

Durante a campanha para o referendo de 2007, o Engenheiro José Sócrates fez das tripas coração para convencer os portugueses de que nenhuma mulher aborta porque quer, que o aborto é sempre uma decisão difícil e causadora de grande sofrimento, que as mulheres são sempre vítimas da conjuntura… e que portanto, a mulher deve poder escolher abortar a sua criança (independentemente de se concordar com a escolha dela ou não).

Estamos em 2009. O máximo poder do reino está nas mãos do Professor Cavaco Silva. Até há uns dias, ninguém diria que este homem íntegro fosse capaz de agir por capricho. Que ele fosse capaz de pôr os seus interesses mesquinhos na base das suas decisões políticas. Que ele fosse capaz de tomar uma decisão mal ponderada (independentemente de se concordar com essa decisão ou não).

O Governo está, neste momento, preso por um ténue cordão umbilical a este Presidente. E existe a forte possibilidade (não digo que se concretize, digo apenas que há essa possibilidade) de o próximo Governo do PS ser “abortado”… ou, eventualmente, “eutanasiado”. A Sócrates não resta nada a não ser contorcer-se enquanto o Presidente o asfixia com os seus poderes presidenciais nesta próxima legislatura. O PS semeou o conflito entre mães e filhos… colhe agora um conflito (aparentemente inexplicável) entre o Presidente e o seu Executivo. A vida (política) de Sócrates está nas mãos de Cavaco Silva, dependente das suas escolhas… e não há nada que Sócrates possa fazer para o mudar. Sobretudo porque Cavaco Silva parece ter “decidido” que Sócrates é um empecilho para a sua vida (política). O PS foi traído por aquele que devia ser o garante da sua estabilidade… tal como a criança abortada é traída pela mãe que deveria ser o garante do seu amor.

Poderá o Engenheiro José Sócrates sobreviver politicamente aos próximos 4 anos? Sem dúvida! O Futuro é incerto e, como eu já disse, Sócrates é um político hábil! Mas é inegável que a atmosfera que o PS respira agora não é diferente da angústia das suas 40.000 vítimas. Uma sombra gigantesca e inexorável paira sobre o próximo Governo, uma sombra que, a qualquer altura, pode destrui-lo. Tanto potencial, tão desperdiçado!





E os outros partidos? O BE e a CDU militaram fortemente a favor da legalização do aborto, enquanto o PPD-PSD se absteve de travar esta luta política.

O BE e a CDU sempre encheram a boca com a “vontade do Povo”. Por algum motivo, a Esquerda sempre se achou dona da vontade do Povo. Ou antes, a Esquerda sempre se considerou porta-voz do Povo… um cargo para o qual o Povo jamais a elegeu (quando é que o BE ou a CDU incorporaram algum governo democraticamente eleito?).

No caso do aborto, não foi diferente. A legalização do aborto era a vontade do Povo. Porque foi assim expressa no referendo de 2007. O que não sucedeu no referendo de 1998, porque aí ganhou a proibição do aborto. Aí não ganhou a vontade do Povo. Porque a vontade do Povo é a vontade do BE e da CDU. Portanto, era importante repetir o referendo até que a vontade do Povo (que era a vontade do BE e da CDU) vencesse. A vontade do Povo tinha de destruir os ideias obsoletos e retrógrados da Igreja Católica, porque o BE e a CDU são anticlericais e falam pelo Povo.

Como estão o BE e a CDU agora?

Parece que a vontade do Povo falou! O que disse? Que o CDS-PP o representava melhor do que o BE ou a CDU! O Povo é quem mais ordena! E o Povo ordenou que os ideais democratas e cristãos se sobrepunham aos ideais comunistas (quer na sua versão estalinista, quer na sua versão trotskista)!

Quanto ao PPD-PSD… apesar de, implicitamente, ser contra a legalização do aborto… manteve um silêncio ensurdecedor que ressoou por toda a sociedade. No referendo de 1998, a máquina partidária do PPD-PSD foi fundamental para a vitória da Cultura da Vida. Logo, não é de estranhar que o silêncio do PPD-PSD tenha deixado desamparado politicamente o movimento civil pró-vida, o que terá sido instrumental na nossa derrota em 2007.

Tal como as 40.000 crianças suplicavam por uma palavra de apoio do PPD-PSD… também o PPD-PSD suplicou que Cavaco Silva se pronunciasse sobre o caso das escutas. Se o Presidente o tivesse feito em tempo útil, se não tivesse mudado o cargo de Fernando Lima, então o PPD-PSD continuaria a subir nas sondagens rumo à vitória eleitoral.

O silêncio mata! O silêncio do PPD-PSD matou 40.000 crianças… o silêncio do Presidente da República matou o PPD-PSD!
.
.
.
.
Resta apenas mais uma personagem neste jogo doentio: o Povo.

Um Povo que se diz cristão e católico, mas que obviamente não o é. Parafraseando o Mestre, “não é o que sai da boca do Homem o que o torna puro, mas o estar conforme à Vontade de Deus”.

Um Povo de coração duro, que votou a favor da crucifixão de 40.000 crianças. Ou que, de bom grado, ficou em silêncio para “lavar daí as suas mãos”.

Um Povo que, nestas últimas eleições legislativas, longe de ouvir a voz saudável da consciência, longe de tentar rectificar o seu erro… preferiu votar pensando unicamente no seu bolso. Ou um Povo que, de bom grado, ficou em silêncio para “lavar daí as suas mãos”.

Um Povo que recusou acolher 40.000 crianças, preferindo “lavar daí as suas mãos”.

Essas 40.000 crianças que não foram acolhidas pelo coração duro de Portugal foram, sem dúvida, acolhidos pelo Sagrado Coração de Jesus. Quanto aos 10.000.000 de portugueses (não eram suficientes para salvar 40.000?), esses, não foram acolhidos por Deus. Deus endureceu o Seu Coração para Portugal. Deus “lavou as Suas mãos” de Portugal.

O que sucedeu?

O Povo, que votara a favor do seu próprio umbigo, não teve o que desejava…

Pediu prosperidade, mas recebeu um grave conflito institucional. Muitos comentadores dizem que este é um conflito sem precedentes e até há os que daqui retiram a queda do regime semipresidencialista. Não sei se terão razão ou se estarão apenas a ser alarmistas (como é próprio dos media hoje em dia). Mas sei que toda esta situação é muito grave. E que vai condicionar a Política nos próximos anos (podendo até, penso eu, repercutir-se para além das fronteiras da presente legislatura). E que vai, muito provavelmente, deteriorar a Economia. E gerar situações de conflito social e de instabilidade social que, mais ou menos graves, são sempre lamentáveis.





O leitor ateu e suixant-huitard dirá que eu estou a racionalizar, a estabelecer ligações sem nexo. Não existe qualquer relação entre a promulgação da Lei do Aborto e a má imagem do Presidente desde 3ª feira. Não existe qualquer relação entre a campanha a favor da legalização do aborto e os maus resultados eleitorais do PS, PPD-PSD, BE e CDU. Não existe qualquer relação entre os resultados do referendo de 2007 e o presente conflito institucional.
Esse leitor terá razão a um nível superficial… mas não se tiver os olhos abertos e atentos.
A legalização do aborto foi o resultado de certas ideias e atitudes… e foram essas mesmas ideias e atitudes que puseram todos os portugueses em maus lençóis. Pensando que podiam fazer o que quisessem com uma criança que ninguém via ou ouvia, os portugueses jamais pensaram que a lógica que usaram contra os embriões pudesse vir a ser usada contra eles. Julgaram (mal) que as ideias não podem ser desenvolvidas até à sua conclusão lógica.
.
.
.
.
E Deus?

Deus condenou Portugal ao Inferno, a fim de expiar os seus crimes!

E não, não sou nenhum fanático que se apressa a colocar no Inferno todos aqueles que desobedecem à Santa Madre Igreja.

Eu uso a definição do Papa João Paulo II: “O Inferno é a ausência de Deus

Portugal decidiu, desde 2007, que Deus não tinha lugar na política.

E Deus desapareceu da política.

Por isso, a política tornou-se um Inferno.

Os portugueses decidiram que não queriam que Deus governasse as suas vidas. Preferiram depositar a sua fé na louca sabedoria dos homens engravatados e bem-falantes que lhes prometiam “Vós sereis como deuses, capazes de decidir o que é o Bem e o que é o Mal

Por isso, Portugal está agora a ser governado pelas forças infernais.

O que faz com que Portugal se tenha tornado um Inferno.

E quem abra os jornais e veja a guerra que ensombra todo este país, inibindo o nosso progresso, semeando a instabilidade e o conflito, não pode negar este facto inegável: neste preciso momento, Portugal é um Inferno.

Mas não foi Deus que, arbitraria e caprichosamente, nos condenou a isso.

Não se trata de um exercício irónico de Justiça Divina.

Fomos nós que o escolhemos.

O Inferno somos nós.

Só quando voltarmos a acolher a Lei de Deus (que é a Lei do Amor incondicional e absoluto, acima de todas as coisas) nas nossas leis, só aí terminará a nossa peregrinação pelo deserto. Pois, como diz o poeta Leonard Cohen “Eu vi as nações a erguerem-se e a caírem. Ouvi as suas histórias, conheço-as a todas. Mas o Amor é o único motor da sobrevivência”.

Do alto do Paraíso, Deus e 40.000 almas aguardam ansiosamente a nossa resposta…