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Ano da Fé

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quarta-feira, 30 de maio de 2012

CITAÇÃO DO MÊS (e de Maio)

Aquele que os céus não conseguem conter, foi trazido no ventre de uma mulher

Bispo Sto. Agostinho de Hipona

quarta-feira, 23 de maio de 2012

FÁTIMA ATRAIÇOADA!


Muitos católicos congratularam-se (e com boa fé, sem dúvida) com os 300.000 peregrinos que visitaram Fátima no passado 13 de Maio (tantos como na última manifestação da CGTP, que teve muito mais atenção mediática).

É-me indiferente!

Tal como me foi indiferente a notícia da recente quebra no número de católicos portugueses. E tal como me é indiferente o argumento de que a Igreja tem que se acomodar aos tempos modernos porque a "maioria dos católicos" assim o quer.

Na verdade, esta notícia entristece-me, porque demonstra uma pesada derrota da Nova Evangelização e ainda uma mais pesada derrota da Caridade que é natural ao género humano. Se se verificar a veracidade do que é relatado neste post, é muito grave.

 «Na sua solicitude pelo bem de todos [um activista pró-vida] passou o dia doze (12), do corrente, em Fátima mendigando assinaturas para uma petição a favor de um novo referendo sobre o aborto que tem como propósito abrogar a “lei” injusta e iníqua em vigor. Chegou a casa, em Lisboa, às três horas da madrugada do dia treze (13). Nesse dia, mais tarde, confidenciou-me amargurado: “Nunca imaginei que houvesse tanta gente em Portugal a favor do aborto enquanto outros numa indiferença confrangedora nem me respondiam ao apelo contra o aborto e mostravam uma indiferença total…! E isto em Fátima!”.»

Grave! Muito, muito grave! Será que estes peregrinos sabem quem é Aquela a quem se dirigiram em peregrinação?

Eu vou dizer: é Maria!

Maria que escolheu A VIDA, sem hesitar! Porque era a Vontade de Deus!

Maria que assumiu sobre si todos os estigmas sociais daquela gravidez inesperada e não planeada, que pôs em risco todo o seu futuro, a sua reputação, o amor do seu esposo, mesmo sem compreender porquê, mesmo sem saber o que a esperava (para além de uma espada de dor que lhe fôra profetizada)!

Maria que fugiu horrorizada do Rei Herodes, para quem os inocentes chacinados eram apenas números desumanizados para ganhar um xadrez político!

Maria que apareceu em Fátima para apelar à conversão! Que disse que o pecado que mais pessoas arrastava para o Inferno era a luxúria sexual!

Maria que é o modelo de todos os cristãos! Maria que é a mais reverenciada de todos os santos! Maria que é o expoente da Humanidade!

Porquê?

Que fez ela de tão extraordinário?

Eu digo:

Foi MÃE!

E estas pessoas vão todas pimponas a peregrinar a Fátima, pedir-lhe favores, pedir intercessão, pedir milagres... e depois são indiferentes aos rogos dos cristãos que querem salvar crianças? Ou até são-lhes adversos?

Só me vem à cabeça o sacerdote e o fariseu da parábola de Jesus, que estavam tão preocupados em chegar ao Templo com os rituais de purificação em ordem, que até abandonaram o homem saqueado à beira da estrada! Não foram esses que agradaram a Deus!

E, já que estamos a falar das palavras de Jesus, então convém recordar: "Aquilo que fizestes aos mais pequeninos, foi a Mim que o fizestes".

Com que lata pedem a crucifixão de Jesus vezes e vezes sem conta nos abortuários de Portugal e depois vêm pedir à Sua Mãe para interceder por eles, sem uma réstia de arrependimento?

Como podem venerar Maria com os corpos e com a boca... e depois venerar Moloch nos seus corações? Ninguém pode venerar Maria e Moloch ao mesmo tempo! São princípios totalmente opostos e antagónicos!!!

As bolhas nos pés não significam NADA! Os joelhos esfolados não significam NADA! Os gestos farisaicos de religiosidade exterior não significam NADA!

Jesus Cristo disse: "Eu não quero sacrifícios, mas a misericórdia". E Maria segue sempre o Filho.

Tende MISERICÓRDIA dos MILHARES de CRIANÇAS ASSASSINADAS em Portugal.

Assim é que honram Fátima como ela merece!

sábado, 12 de maio de 2012

LÁGRIMA CELESTE


Manhã de Junho ardente. Uma encosta escavada,
Sêca, deserta e nua, à beira d'uma estrada.
Terra ingrata, onde a urze a custo desabrocha,
Bebendo o sol, comendo o pó, mordendo a rocha.


Sôbre uma folha hostil duma figueira brava,
Mendiga que se nutre a pedregulho e lava,
A aurora desprendeu, compassiva e divina,
Uma lágrima etérea, enorme e cristalina.
Lágrima tão ideal, tão límpida, que ao vê-la,
De perto era um diamante e de longe uma estrêla.


Passa um rei com o seu cortejo de espavento,
Elmos, lanças, clarins, trinta pendões ao vento.


- "No meu diadema, disse o rei, quedando a olhar,
Há safiras sem conta e brilhantes sem par,
Há rubins orientais, sangrentos e doirados,
Como beijos d'amor, a arder, cristalizados.
Há pérolas que são gotas de mágua imensa,
Que a lua chora e verte, e o mar gela e condensa.
Pois, brilhantes, rubins e pérolas de Ofir,
Tudo isso eu dou, e vem, ó lágrima, fulgir
Nesta c'roa orgulhosa, olímpica, suprema,
Vendo o Globo a teus pés do alto do teu diadema!
"


E a lágrima celeste, ingénua e luminosa,
Ouviu, sorriu, tremeu, e quedou silenciosa.

***

Couraçado de ferro, épico e deslumbrante,
Passa no seu ginete um cavaleiro andante.


E o cavaleiro diz à lágrima irisada:
"
Vem brilhar, por Jesus, na cruz da minha espada!
Far-te hei relampejar, de vitória em vitória,
Na Terra Santa, à luz da Fé, ao sol da Glória!
E à volta há-de guardar-te a minha noiva, ó astro,
Em seu colo auroreal de rosa e de alabastro.
E assim alumiarás com teu vivo esplendor
Mil combates de heróis e mil sonhos d'amor!
"


E a lágrima celeste, ingénua e luminosa,
Ouviu, sorriu, tremeu e quedou silenciosa.

***

Montado numa mula escura, de caminho,
Passa um velho judeu, avarento e mesquinho.
Mulas de carga atrás levavam-lhe o tesoiro:
Grandes arcas de cedro, abarrotadas d'oiro.
E o velhinho andrajoso e magro como um junco,
O crânio calvo, o olhar febril, o bico adunco,

Vendo a estrêla, exclamou: "
Oh Deus, que maravilha!
Como ela resplandece, e tremeluz, e brilha!
Com meu oiro em montão podiam-se comprar
Os impérios dos reis e os navios do mar,
E por esse diamante esplêndido trocara
Todo o meu oiro imenso a minha mão avara!
"

E a lágrima celeste, ingénua e luminosa,
Ouviu, sorriu, tremeu, e quedou silenciosa.

***

Debaixo da figueira, então, um cardo agreste,
Já ressequido, disse à lágrima celeste:

"
A terra onde o lilaz e a balsamina medra
Para mim teve sempre um coração de pedra.
Se a queixar-me, ergo ao céu os braços por acaso,
O céu manda-me em paga o fogo em que me abraso.
Nunca junto de mim, ulcerado de espinhos,
Ouvi trinar, gorgear a música dos ninhos.
Nunca junto de mim ranchos de namoradas
Debandaram, cantando, em noites estreladas...
Voa a ave no azul e passa longe o amor,
Porque ai! Nunca dei sombra e nunca tive flor!...
Ó lágrima de Deus, ó astro, ó gota d'água,
Cai na desolação desta infinita mágoa!
"


E a lágrima celeste, ingénua e luminosa,
Tremeu, tremeu, tremeu... e caíu silenciosa!...

***

E algum tempo depois o triste cardo exangue,
Reverdecendo, dava uma flor côr de sangue,
Dum roxo macerado, e dorido, e desfeito,
Como as chagas que tem Nosso Senhor no peito...
E ao cálix virginal da pobre flor vermelha
Ia buscar, zumbindo, o mel doirado a abelha!...




Guerra Junqueiro
25/03/1888