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Ano da Fé

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quarta-feira, 30 de junho de 2010

CITAÇÃO DO MÊS

"Não é preciso que mudes para acreditares no Meu Amor, pois será a tua Fé no Meu Amor que te irá mudar."

Beata Madre Teresa de Calcutá

sábado, 26 de junho de 2010

O QUE A CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL DEVE À IGREJA CATÓLICA


Nos últimos meses, a Igreja Católica foi alvo de graves críticas, umas justas e outras injustas, umas proporcionadas e outras desproporcionadas... O problema com muitas das críticas à Igreja Católica é que, na grande maioria dos casos, não visam ser construtivas ou objectivas, mas tão somente silenciar uma voz incómoda na sociedade através da sua descredibilização.



Já todos sabemos que a Igreja cometeu vários erros no Passado (e, enquanto instituição humana, continua a cometê-los no Presente e continuará a cometê-los no Futuro)... no entanto, também já todos sabemos que a Igreja já pediu desculpas por esses erros... e que muitos desses erros são inflacionados e deturpados para servir a supracitada agenda.



Mas a Igreja também fez muitas coisas boas no Passado (e, enquanto instituição humana com mandato divino, continua a fazê-las no Presente e continuará a fazê-las no Futuro). E é inadmissível que as nossas elites continuem a louvar a Civilização Ocidental como fruto exclusivo da Civilização Greco-Romana e do Iluminismo, esquecendo e negligenciando o rico contributo da Idade Média e da Civilização Judaico-Cristã.



Não, a Idade Média não foi uma Idade das Trevas... pelo menos, não o foi mais do que o "glorioso" século XX. E se houve Idade das Trevas, foi a Igreja Católica quem ajudou a Europa a sair dela. Não, a Igreja Católica não foi uma fonte de obscurantismo e de ignorância. É difícil acusar a instituição que criou a Universidade de ser fonte de obscurantismo e de ignorância.



Este é um dos equívocos que este livro tenta desfazer. "O que a Civilização Ocidental deve à Igreja Católica" é um livro que mostra, como o próprio nome indica... o que a Civilização Ocidental deve à Igreja Católica.



Poderá o leitor ficar a saber do pioneirismo da Igreja Católica em várias áreas...

... no Direito (pois o Direito Ocidental nasceu do revivalismo do Direito Romano que o Direito Canónico impeliu)...

... na Economia (pois a primeira teoria do Mercado surgiu nas universidades cristãs pela mão de clérigos católicos)...

... na Arte (inegável o contributo do Cristianismo para todas as artes, desde a literatura até à arquitectura, passando pela escultura e pela pintura)...

... no Humanismo (os Direitos Humanos tiveram o seu embrião nas reflexões dos teólogos católicos sobre a dignidade humana)...

... e, sim, até na Ciência (a Igreja Católica foi a maior mecenas e impulsionadora da Ciência da nossa civilização e a maior combatente da superstição). Na verdade, a Igreja foi a criadora da Universidade e, possivelmente, até do próprio método científico. E, tal como vem descrito no livro (embora eu pense que é um bocado despropositado dado o seu tema), o "caso Galileo" não foi a regra, mas a excepção... e mesmo esse "caso Galileo" tem muito que se lhe diga...



Para ficarem com o gostinho deste livro, deixo-vos os trailers de dois documentários que visam sensivelmente a mesma temática:



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A não perder...

sábado, 19 de junho de 2010

UMA OBRA DE CARIDADE...


Penso que não terei sido o único a ficar chocado com a morte do escritor José Saramago... foi uma notícia que me tomou (e ao país) de surpresa. Lamento muito esta morte, mas não pelas razões que são enunciadas de forma protocolar e pré-formatada pelo jet-set nacional.

Não lamento a morte de Saramago por se ter perdido um "vulto da escrita nacional". Não digo que não o fosse. Talvez fosse e talvez venha a ser recordado como um dos maiores escritores portugueses. A História encarregar-se-á de lhe fazer a justiça devida.
Não lamento a morte de Saramago por se ter perdido um "vulto da escrita nacional"... porque ele, para mim, nunca foi um "vulto da escrita individual". Ou seja, ele nunca me interpelou, nunca me apaixonou, nunca me seduziu.
As minhas diferenças em relação a Saramago são muitas e vão desde diferenças religiosas até diferenças estéticas, passando por diferenças ideológicas, políticas, de personalidade e práxis. Todavia, esta não é a hora para as esmiuçar nem para as capitalizar...


Lamento sobretudo o facto de se ter perdido um "irmão". Sim, que raio de pessoa é aquela que gosta do seu irmão por este ser um "vulto da escrita nacional" e não por ser, simplesmente, "irmão"? Não deve a família, acima de tudo, estar acima dessas superficialidades? Esses pensamentos são do Mundo, não do Amor.

E Deus, mais do que todos, está acima dessas ditas superficialidades.

Lá onde Saramago está, de que lhe vale o Prémio Nobel? O Prémio Nobel ficou cá, tal como qualquer pedaço de metal. E tal como qualquer pedaço de metal deste Universo, o Prémio Nobel acabará, um dia, por desaparecer nas correntezas da inclemente Lei da Entropia que a todos envelhece e consome...
Lá onde Saramago está... valer-lhe-á alguma coisa o dinheiro que acumulou com a venda dos seus livros? O dinheiro ficou cá, também...
Lá onde Saramago está... valer-lhe-á alguma coisa o seu prestígio, o seu renome internacional, a sua influência política? Mas Deus não conhece Saramago mais do que a um qualquer sem-abrigo morto de fome em África nesta mesma noite! Nem as palavras de Saramago serão mais eloquentes do que o grito monocórdico de desespero do bebé abortado ontem, que nunca teve influência nenhuma fosse no que fosse...


Lá onde Saramago está... ele só tem duas coisas: ele próprio e as suas obras passadas. Isso é a única coisa que realmente possuímos e a única coisa que realmente podemos levar connosco e apresentar diante de Deus.


Sirva-nos isso de lição!


Sim, Saramago está agora diante de Deus. Espero que, tal como o meu irmão J diz: "Eles possam finalmente entender-se."


No entanto, os tempos não são de braços cruzados nem de lutos fingidos. Disse que Saramago possui apenas duas coisas... e uma dessas coisas são as suas obras passadas. E essas obras permanecem. Obras literárias e obras de qualquer outra índole. Obras que vão ser consumidas avidamente nestes próximos dias, nesta tendência paradoxal que temos de nos banquetearmos com os despojos de cadáveres, sejam eles quais forem...


Não conheço todas as obras de Saramago, nem conheço o seu coração. Não julgo o homem, mas não posso deixar de ter opinião pelas coisas que vi e ouvi. E essa minha opinião não é para o insultar, nem para o diminuir... mas porque penso que é necessário tomar acção!


Sei que Saramago viveu até idade avançada... e que, durante esse percurso, errou muitas vezes. Não só erros privados (esses, todos nós os possuímos)... mas erros públicos também. Erros públicos que ele procurou veicular, a fim de transformar a Nação e a sociedade à imagem e semelhança de tais erros. Erros públicos que ele jamais renegou publicamente...
E sei que Saramago teve, há poucos meses, um qualquer revés de saúde que o colocou às portas da morte... mas que, em vez de tomar a sério esse sinal de aviso, utilizou os poucos dias de vida que lhe restavam para empreender uma última cruzada contra Deus e os Seus ungidos.


Uma vez mais, não digo isto para desprezar o homem, nem para o achincalhar... Digo-o apenas na tentativa de analisar bem a situação, para saber a melhor forma de proceder. Ele cometeu erros graves. Erros que permanecem ainda hoje e que permanecerão por muitos anos...


Também sei outras coisas... Sei que um pai ama mais o seu filho rebelde, precisamente porque se entristece com a sua rebeldia e quer mostrar-lhe o caminho que conduz à Vida. Sei que Deus é o melhor Pai do Mundo e que nenhum pai é capaz de amar mais do que Deus. E sei que Deus proclamou que daria a Salvação a todos os que O buscassem com coração sincero, nem que fosse na undécima hora.


Terá tido Saramago a sua undécima hora? Não sei. Isso é entre ele e Deus.


Mas também sei que Saramago não se pode valer sozinho agora! Tal como nenhum Ser Humano tem a capacidade de se valer sozinho! A Morte é o remédio que cura todos os orgulhos e arrogâncias!


Mas nós... Nós que ainda militamos neste Mundo... Nós que ainda temos obras por fazer e obras por mostrar... Nós ainda podemos fazer alguma coisa!!! PEÇO ENCARECIDAMENTE A TODOS AQUELES QUE VISITAM ESTE BLOG QUE TENHAM A CARIDADE DE OFERECER UMA ORAÇÃO POR ESTE HOMEM...


Saramago não é um Prémio Nobel, não é um comuna, não é um paladino da liberdade de expressão, não é um censor, não é um grande escritor, não é um traidor da Pátria, não é português, não é espanhol, não é um homem de sensibilidade extraordinária, não é um homem arrogante, não é um revolucionário, não é um reaccionário, não é um demónio anticlerical, não é um santo imaculado...


... é, outrossim, alguém que precisamos no Céu a interceder junto de Deus para aplacar os demónios que permaneceram em muitas palavras que escreveu... nas palavras que provocam ressentimento e divisão, seja para os ateus, seja para os católicos. São parte da sua obra... apenas arrependimento contrito pode apagar obras passadas, neste mundo ou no próximo.


... é, outrossim, uma alma igual à nossa, cheia de virtudes e de defeitos. Uma alma infinitamente amada por Deus e que, provavelmente, nunca o percebeu... e que corre o risco de jamais o perceber. E isso é triste!


... é, outrossim, um irmão nosso, sendo que os laços fraternais que nos unem devem sobrepôr-se a quaisquer quezílias e mesquinhezes nossas.


Pai Nosso...

quinta-feira, 10 de junho de 2010

GABRIEL GARCIA MORENO (1821-1875)


Dia de Portugal... o dia de uma Nação com um Passado glorioso, uma herança vastíssima e uma antiguidade invejável. Um dia que, portanto, me entristece... dado o panorama actual desta mesma Nação. A corrupção generalizada da classe dirigente. As engenharias sociais implacáveis e intraváveis. O imediatismo económico monotemático. A apatia popular e a alienação das bases...
Seria preciso haver homens bons e convictos que aceitassem tomar as rédeas deste país e tentassem, não sem sacrifício próprio, mudar este panorama.
Infelizmente, o último homem bom e convicto que eu julgava existir nos altos cargos da Nação, morreu politicamente para mim há algumas semanas atrás. Instrumentalizou o Papa e o meu voto, para, na altura mais crítica, lavar as mãos à Pilatos e me dizer que as minhas convicções não valiam uns cifrões.


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Aproveito este sentimento e este feriado para iniciar uma rubrica do meu blog... apresentar aos meus leitores algumas pessoas menos conhecidas para a população, mas que são verdadeiros Tesouros da nossa Igreja.


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Gabriel Garcia Moreno nasceu e cresceu no Equador... um país que, na altura, encontrava-se numa situação muito similar à nossa, mergulhado numa profunda crise económica e transformado paulatinamente e demagogicamente à imagem e semelhança da cartilha de um tal Partido Liberal.


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Fruto de uma educação católica ortodoxa, Moreno formou-se em Teologia e Direito. Chegou a pensar numa vocação sacerdotal, mas os interesses mundanos levaram-no a dedicar-se à Política. E, na verdade, foi eleito Presidente da República em 1861.


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É verdade que algumas das políticas de Garcia Moreno violam o princípio da laicidade, pelo que não me revejo nelas. Mas também é verdade que, não embarcando no laicismo anticlerical, Moreno foi o único Chefe de Estado a cumprir o seu papel, condenando a apropriação dos Estados Pontificais pelos italianos (uma agressão injustificada ao Papa, outro Chefe de Estado). Também é verdade que Moreno foi mais laico que muitos laicistas, não desejando alterar a mentalidade do povo que o legitimava, mas respeitando-a e fomentando-a. E também é verdade que Moreno exerceu o seu mister antes de a Igreja ter articulado a sua Doutrina Social (na qual se inclui o princípio da laicidade)... tendo, ainda assim conseguido antecipar muitos dos princípios desta Doutrina Social.


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Garcia Moreno não tinha medo nem vergonha da sua religião católica, nem de a professar em público, nem de usar as suas convicções católicas para orientar as suas políticas... tal como o povo o tinha eleito para fazer. Assinou uma concordata com o Beato Papa Pio IX. Devolveu à Igreja as terras que lhe haviam sido confiscadas. Permitiu a entrada no Equador de religiosos estrangeiros (até então banidos do país). Consagrou o Equador ao Sagrado Coração de Jesus. Aboliu a escravatura. Proibiu as casas de prostituição. Implementou políticas de moralização e reinserção social que reduziram eficazmente a criminalidade. Promoveu a igualdade de todos os cidadãos, independentemente da sua classe e grupo étnico. Condenou a conquista dos Estados Pontifícios pelo Rei Vitor Emanuel. Usou a matriz cultural e religiosa do seu povo como suporte da estabilidade nacional, em vez de considerar essa matriz como inimiga ou acessória do seu projecto político.


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Mas Garcia Moreno não foi um político que usou o seu cargo unicamente para proselitismos, esquecendo o bem-estar material da Nação. Nem foi um político fundamentalista, que pretendia ver o seu povo na ignorância para se eternizar no Poder.
Não... esses eram epítetos dos progressistas, dos seus adversários políticos. Garcia Moreno, muito pelo contrário, foi um grande impulsionador da Educação e das Ciências. Abriu 300 escolas primárias, tendo alargado a escolaridade a mais 24.000 estudantes. Criou 2 colégios politécnicos e agrícolas. Reformou as universidades, tornando-as pioneiras na investigação científica. Abriu um observatório astronómico e uma conservatória de música.

Também abriu hospitais em todas as cidades, reformou o exército, construiu caminhos-de-ferro e auto-estradas, estendeu o telégrafo... enfim, modernizou a sua Nação, no verdadeiro sentido da palavra.

É que, para o Presidente Moreno, não havia qualquer conflito entre a "Ética da Responsabilidade" e a "Ética da Convicção".


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Mas... e a economia? Não estava o Equador quase falido quando o Presidente tomou posse? Estas reformas todas... não agravaram ainda mais a crise? Não. Na verdade, durante as presidências de Garcia Moreno, a dívida externa do Equador foi liquidada. Onde foi ele buscar o dinheiro? Diminuindo os ordenados? Não, estes aumentaram. Aumentando os impostos? Não, estes diminuíram. Outrossim, retirou o Equador da penúria ao acabar com a corrupção e ao eliminar cargos e gastos inúteis por parte dos Estado...

... porque não há melhorias económicas numa sociedade sem ética, digam o que disserem.


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Muitos foram os feitos deste homem... e o Povo, reconhecido, reelegeu-o por duas vezes. Infelizmente, todas estas reformas valeram-lhe muitos inimigos. Na Festa da Transfiguração, enquanto saía da Catedral, o Presidente Moreno foi assassinado, provavelmente a mando da Maçonaria. Enquanto tombava, Garcia Moreno contemplou os seus algozes e clamou: "Eu morro , mas Deus não morre (¡Dios no se muere!)"... Enquanto recebia a Extrema-Unção aos pés da Catedral, o padre pediu-lhe que perdoasse ao seu assassino. Moreno já não conseguia falar, mas acenou com os olhos, dizendo que já o fizera. Já após a sua morte, encontraram no seu bolso o livro "A Imitação de Cristo".


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Finalizo com uma citação de Moreno, a resposta pronta que ele dava aos que o acusavam de se valer hipocritamente do seu catolicismo para seu ganho político:

"Hipocrisia consiste em agir de forma diferente ao que se acredita. Logo, os verdadeiros hipócritas são os homens que têm Fé, mas que, por respeito, não se atrevem a pô-la em prática."



Mais informação sobre o Presidente Garcia Moreno podem encontrar-se aqui, aqui, aqui e aqui.

domingo, 6 de junho de 2010

TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA

Num destes dias abri o meu mail e encontrei a seguinte mensagem...




De certeza que todos já ouvimos falar de casos destes. Algumas doenças oncológicas (nomeadamente leucemias) podem ser tratadas com o recurso a transplante de medula óssea. E embora estas leucemias possam incidir em qualquer pessoa, a verdade é que têm uma elevada incidência nas crianças... o que é trágico dada a dificuldade em encontrar dadores compatíveis.
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Infelizmente já não fui a tempo de postar isto no meu blog para a colheita de sangue que se organizou em Ovar...


No entanto, qualquer pessoa que queira tornar-se doadora de medula óssea, pode fazê-lo contactando os Centros de Histocompatibilidade mais próximos da sua área de residência. Podem encontrar informações mais detalhados nos seguintes links:
- Centro de Histocompatibilidade do Norte
- Centro de Histocompatibilidade do Centro
- Centro de Histocompatibilidade do Sul.


Vamos ajudar! A vida de alguém pode depender disso...

quinta-feira, 3 de junho de 2010

CORPUS CHRISTI


Antigamente, os católicos sabiam muito bem, mercê de uma catequese mais rigorosa, que antes de receber o Corpo de Cristo, era necessária uma boa Penitência, cristalizada num bom Sacramento da Reconciliação...

Como eu pretendo ser um bom católico... e como não sou mais que os meus irmãos... é exactamente o que vou fazer aqui. Neste dia de Corpus Christi, vou começar com uma penitência que, espero, se traduza numa reconciliação com o Mundo.

Porque foram muitas as coisas que aprendi nestes últimos tempos e ser cristão é ser testemunha das coisas que se aprendem.

Um leitor assíduo do meu blog, que eu respeito muito apesar de estar no campo oposto da barricada, afirmou-me recentemente que as "directrizes da Bíblia" são, por vezes, demasiado "rígidas". Esta foi a machadada final... um abrir de olhos... o final de uma crise existencial que eu começara a sentir há muito... e o significado deste feriado permitir-me-á, precisamente, ilustrar o que pretendo dizer.

Os meus leitores já me conhecem e portanto já devem saber isto que vou dizer (mesmo que apenas intuitivamente). Há uma doutrina com a qual me identifico, que me move, que me interpela... a doutrina católica. Fico entristecido por vê-la frequentemente tão deturpada e incompreendida, mesmo por membros da própria Igreja Católica.

Por isso dediquei-me ao seu estudo. Não só por mim, mas para poder dar um testemunho que pudesse fazer "inverter a maré". Foi aquela fase da juventude pela qual todos passam. A fase em que julgámos que vamos mudar o Mundo. Sem falsa modéstia, pensei que a minha inteligência e capacidade de explicar coisas complexas seriam os instrumentos ideiais.

Mas à medida que a minha missão ia prosseguindo, todas as minhas ilusões se iam desmoronando. Muitas vezes, as minhas intervenções eram recebidas com a mesma incompreensão da própria doutrina católica. E, com o passar do tempo, essa incompreensão acabava por redundar em jocosidade e, por vezes, mesmo na hostilidade. E eu ficava profundamente frustrado. Desesperado, até. Pensando que este Mundo não tinha salvação.

Nunca tive a presença de espírito de me aperceber que Deus nunca agiu assim. Pois... Jesus Cristo é o Verbo, o Logos, a Razão Encarnada. Com certeza, Ele poderia desfazer em pó todos os argumentos contrários e todas as heresias. Mas nunca o fez. Em boa verdade, Ele raramente utilizou argumentos lineares e claros para justificar a Sua posição. Porque sabia que a forma de pensar d'Ele era completamente díspar da nossa, Ele sabia que tudo o que Ele pudesse dizer seria rapidamente deturpado (como ainda hoje sucede). Por isso, Ele preferiu usar de parábolas, analogias, frases incompletas que nos obrigassem a perceber...

... Ainda assim, a incompreensão de que foi alvo fez com que fosse crucificado.

Mas mesmo esta Crucifixão é um argumento espectacular e irrefutável. A Parábola Suprema. A ilustração completa daquela parte do Logos que nós não percebemos totalmente: o Amor.

Não o Amor de que hoje tanto se fala, uma afectividade indefinida e telenovelesca. Refiro-me ao Amor que vai até às últimas consequências, que se dá completamente ao irmão, que ama incondicionalmente mesmo aquele que fere, que chicoteia, que insulta...

Deus é Razão. E Deus é Amor. Não há contradição entre Razão e Amor, ao contrário do que os poetas nos querem fazer crer. Pelo contrário... o Amor é a expressão mais elevada da Razão. O Amor é Razão condensada e purificada.

É por isso que o meu leitor (e todos os que eu já procurei debater e/ou catequizar na minha vida) jamais se poderão converter com todas as coisas que eu lhes procuro explicar. Eu posso dar mil argumentos a favor do namoro de uma rapariga... posso fazer uma lista de "prós" e "contras"... e cada item dessa lista ser muito racional. Mas pedir essa rapariga em namoro nunca será uma decisão puramente racional. Assumir esse namoro será sempre um risco... um voto de confiança... um tiro no escuro... um salto de fé.

Ora, nós fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Quer isto dizer que Deus também é uma imagem e semelhança nossa. Que queremos nós? Não é Amor? Por que quereria Deus uma coisa diferente? Por que quereria Deus ser um rato de laboratório, muito bem estudadinho? Por que quereria Deus ser uma celebridade, com centenas de livros dedicados a Ele? Por que quereria Deus ser alguém com um perfil muito bem elencado por um qualquer opinion-maker?

Não.

Deus quer o mesmo que nós... quer Amor. Que outra inferência retirar da Encarnação? Da Cruz? Da Ressurreição? Da Eucaristia?

E eu lamento muito ter demorado tanto a perceber. Era algo que eu sabia, sim. Sabia, mas não percebia. Como a criança que debita a tabuada e não sabe nada do que está para ali a papaguear. O meu conhecimento teórico impedia-me de o sentir.

Nestes últimos tempos, sentia-me acossado. Cercado. Profundamente só. Na minha família, emprego e amizades... era como se eu tivesse de esconder quem sou para poder viver em paz. Os poderosos de Esquerda abominam o que eu prego e os poderosos de Direita acham que aquilo que acredito não é importante. E há até por aí muitos sacerdotes e bispos que desautorizam completamente as lições do Magistério, usando os púlpitos para exporem as suas opiniões erradas... Por uns tempos, até o Silêncio de Deus me fustigou.

Mas querem saber? Não é buscando refúgio nos livros que eu encontrei a salvação. Os livros são extremamente importantes e contêm muita Razão... mas não nos podem dar o segredo da Razão Absoluta. Os livros, mercê de serem objectos inanimados e insensíveis, não nos podem dar Amor.

Isso é uma prerrogativa das pessoas. Só elas podem amar e só elas são dignas de receber Amor. Essas mesmas pessoas que me flagelavam com solidão...

Só agora percebo a Cruz. E o valor do Corpus Christi...

Amor significa sempre felicidade. Mas também significa sempre sofrimento. Paradoxo? Sim... por isso é o maior enigma de todos os tempos. Por isso é tão fácil perceber mal o que é...

Quem alguma vez conseguiu viver sem magoar quem ama, que atire a primeira pedra. Não é possível. Amor é proximidade de alguém que é diferente de nós... logo, Amor significa que vamos magoar quem amamos. Deus deu o Seu Amor à Humanidade e, todavia, a Humanidade pouco faz do que magoar Deus todos os dias... tal como fez há 2.000 anos. E, ainda assim, Deus continuou a amar-nos, dizendo: "Pai, perdoa-lhes, que eles não sabem o que fazem..."

É por isso que amar é sempre complicado. É compreensível que "dar o salto da fé" em direcção ao Amor nos infunda temor. Temos medo de ser magoados. E é um medo bem fundamentado. Porque VAMOS ser magoados. Deus também nos magoa. Sempre para nosso bem, é certo... mas o certo é que nos magoa. Acho que é por isso que os ateus têm tanto medo da Fé e tanto medo do sofrimento. Não compreendem como é possível Deus amar-nos e dar-nos sofrimento. Não compreendem que o facto de Deus nos dar sofrimento é precisamente a prova de que Ele nos ama. Que está próximo de nós, apesar de completamente diferente de nós. Que quer que cresçamos, que nos esforcemos, em vez de permanecermos na mediocridade do pecado.

Eu dou o meu salto de Fé. E fui recompensado. Hoje amo todos. Amo Deus. E amo os meus irmãos e irmãs. Amo todos, desde o Papa Bento XVI até aos ateus. Amo todos, desde o católico fariseu até à pessoa com orientação homossexual que desfila em paradas de Orgulho Gay. Amo todos, desde o trotskista niilista até ao capitalista sem escrúpulos. Amo todos, porque todos me magoaram. E, se rapidamente esquecer esta lição (que eu tenho a certeza que a esquecerei em breve) é porque o meu coração é muito mais pequeno que o Coração d'Ele.

Que outra coisa posso fazer senão amá-los? Que sou eu mais do que eles? Não serei eu apenas mais uma célula do Corpo de Cristo? Não serão eles também células dessas? Fazemos todos parte do Corpo de Cristo, porque Ele entrou na nossa Humanidade quando encarnou num de nós. Fazemos todos parte desse Corpo, porque Ele ofereceu o Seu Corpo na Cruz. Por nós. Por Amor.

É este o argumento irrefutável.

É esta a importância deste dia.

Sofro? Sim, sofro... mas, se não sofresse, não poderia fazer parte da maior História de Amor alguma vez vivida.

E, com esta Penitência (que foi também Reconciliação)... irei festejar o grande Amor que Deus tem por mim, recebendo-O dentro de mim... E rezar para que todos nós, um dia, o sintamos.



PS: Mas continuo a gostar de livros :P