Portanto, eu gosto de desenhos animados! Processem-me! Penso que, no que toca a entretenimento, somos um pouco como com a comida: os adultos obrigam os filhos a comer alimentos nutritivos, mas atafulham-se de todo o tipo de junk-food. De igual modo, deixamos as experiências esteticamente belas e moralmente enriquecedoras para as crianças, enquanto enchemos os cérebros de cenas de violência e sexo sem qualquer conteúdo. Prefiro mil vezes o Rei Leão ao 007.
Infelizmente para mim, longe vão os tempos áureos d' "O Rei Leão", "A Bela e o Monstro" ou "O Corcunda de Notre Dame"... os próprios desenhos animados tornaram-se demasiado comerciais para o meu gosto, muito insípidos, demasiado centrados nas inovações técnicas em detrimento da estória veiculada.
Daí que foi com grande satisfação que visionei estes 2 filmes de animação. Em cada um deles aconteceu-me algo que já não me sucedia há anos: no clímax, veio-me uma lágrima tímida aos olhos...
O primeiro destes filmes é o WALL-E, que já se encontra à venda em DVD. Basicamente, a Humanidade terá poluído o planeta de uma forma tão insustentável que resolveu o problema da maneira mais em consonância com a mentalidade pós-moderna: fugiu! Saiu num cruzeiro espacial e deixou robots a limpar a Terra.
WALL-E é o último desses robots. Ao contrário da Humanidade (que involui para uma população obesa que não consegue comunicar sem um ecrã à frente e que apenas se preocupa em divertir-se, consumir e seguir as modas)... WALL-E evolui na busca do significado da sua existência. Nesse sentido, WALL-E consegue ser mais humano do que os próprios humanos.
WALL-E (ao contrário da Humanidade alienada) descobre que o seu objectivo não está no "ter". Ele está rodeado do lixo produzido pela mania do "ter". Ele conhece as suas consequências. E, ainda que inconscientemente, compreende que tudo aquilo não o satisfaz... que ele precisa de algo mais...
Este simpático robot de grandes olhos queridos acaba por encontrar a resposta que procurava quando conhece uma outra robot, chamada EVA. WALL-E descobrirá que o segredo da Humanidade é o Amor... Conseguirá a Humanidade reaprender isso?
Este não é um filme que infantilize as crianças (irrita-me solenemente quando isso acontece). A mensagem subjacente é acessível mas profunda. Surpreendeu-me pela positiva o facto de a estória ser contada sem que nenhuma das personagens principais se exprima por palavras. Quantas vezes nós usamos muitas palavras, mas não comunicamos nada...
O segundo filme ainda está nos cinemas: "A lenda de Despereaux". Narra a história de um ratinho (Despereaux) que vive numa colónia na qual é ensinado o Medo como way of life. Mas Despereaux não se interessa nada pelo Medo. Ele sente fascínio por tudo, sobretudo por livros. E o seu desejo mais íntimo é tornar-se um cavaleiro andante.
O que é notório neste filme é uma quase total ausência de vilões. O Mal entra no filme como fruto de um mal entendido! A partir daí, o Mal vai-se avolumando através de uma sucessão de más acções das diversas personagens, decorrente das suas fraquezas e fantasmas interiores! Será necessário alguém muito especial para quebrar este círculo vicioso: um ser insignificante, mas que propaga valores maiores do que qualquer gigante ("coragem, honra, decência").
Embora este filme tenha partes que me pareceram um pouco infantis (o génio da fruta ou o festival da sopa eram desnecessários, penso eu!) a verdade é que ele veicula uma poderosa mensagem acerca da força do Perdão e da Redenção!
Fica aqui a sugestão! Não serão somente os filhos a ganhar! Garanto!
3 comentários:
eheheheheh!
Também gosto muito! Mas essa parte (a melhor) quase sempre fica para o marido. Enquanto leva a filha ao cinema, aproveito para fazer aquelas tarefas chatas.... (donas de casa/ trabalhadoras). Não se pode ter tudo!
Bom Fim-de-Semana
Pois é, Canela... mas há sempre a possibilidade de os ver quando quiser, alugando ou comprando o DVD! Sei lá, digo eu!
;)
Bom fim de semana
É o que faço!!!
Contra factos não há argumentos.
Bom fim-de-semana
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