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Ano da Fé

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terça-feira, 13 de abril de 2010

A PAIXÃO E RESSURREIÇÃO DO CORPO MÍSTICO DE CRISTO

Desde os primórdios do Cristianismo que os maiores sábios da nossa religião devotam vastos mares de tinta e de pensamento em descrever a Igreja como o Corpo Místico de Cristo.

De facto, a Igreja é o Corpo Místico de Cristo.

A Igreja pisa os mesmos caminhos que Cristo caminhou. E a história da Igreja imita com uma perfeição impressionante a história do próprio Cristo.


Com uma diferença…

É apenas uma diferença, mas é uma diferença colossal. Uma diferença tão enorme e gigantesca que nos pode ofuscar para a realidade da Igreja enquanto Corpo Místico de Cristo. Uma diferença que realmente faz toda a diferença…


É que, ao contrário de Cristo, a Igreja é imperfeita.
Ao contrário de Cristo, a Igreja erra.
Ao contrário de Cristo, a Igreja tem pecado no seu coração.

Mas isso não invalida a primeira tese. E penso que os escândalos sexuais que têm vindo a público nos últimos tempos e o tempo de Quaresma passado e o Tempo Pascal presente nos poderão ajudar a ter uma perspectiva.

Comecemos com o Domingo de Ramos. Jesus Cristo é recebido em Jerusalém em glória triunfal recheada de palmas e aplausos. Isto é, como bem se sabe, apenas um prelúdio. Este mesmo Jesus, em certos tempos aclamado pelo Povo, acabará por ser traído, preso, flagelado, torturado, injuriado, cuspido, ridicularizado e crucificado por esse mesmo Povo.

O que mudou nessa pequena semana?

Uma mistura de dois factores: a conspiração de uma aliança que congregava todos os poderosos da época… e o facto de Jesus não ter satisfeito as expectativas pré-concebidas do Povo.

Bem, uma coisa semelhante sucede com a Igreja. É sabido que os poderosos da nossa época (em Portugal e no Mundo) não gostam muito da Igreja. E também é sabido que a Igreja teima em não cumprir as expectativas do Povo, ao não curvar-se ao relativismo moral tão prevalente entre nós.

Por isso, após um período em que Portugal era um país orgulhosamente católico, passamos a uma época em que Portugal parece rejeitar as suas raízes históricas e culturais. Quem hoje se lembra do bem que a Igreja tem feito no cuidado e educação de tantas e tantas crianças desvalidas? Hoje, quem se lembra de S. João Bosco? Quem se recorda do Beato D. Gnocchi?Quem se recorda do Padre Américo?

Hoje, ninguém. Hoje é a hora das trevas. Hoje, apenas os padres pedófilos são recordados. E todas as boas obras da Igreja são obscurecidas por esse lamentável facto.


Tal como o seu Mestre, a Igreja também tem um Calvário para percorrer. Afinal de contas, foi o próprio Jesus que disse: “Nenhum servo é maior que o mestre(Lc 6:40). Se Jesus Cristo tomou a Sua Cruz, a Igreja deve fazer o mesmo. Ainda mais até. Porque se Cristo tomou a Sua Cruz sendo inocente… a Igreja deve tomar a sua Cruz sendo culpada e pecadora.

Sim, a Igreja cometeu terríveis erros. Por causa desses erros (quer por acção, quer por omissão), houve muitos jovens que foram abusados. As suas integridades física, psicológica e espiritual foram gravemente violadas por alguém que deveria ser da sua confiança e um bastião da segurança e do bem-estar moral.

Coisa que Jesus Cristo jamais aprovaria ou deixaria passar em branco…

Situações lamentáveis pelas quais Jesus morreu para que jamais se repetissem…

Por isso, que a Igreja tome a sua Cruz com pujança e honra. É a hora das trevas. Acabaram-se as palmas gloriosas e os unguentos perfumados sobre os seus pés. É a época do desprezo, do medo, da dúvida, do pecado, da morte…

É a hora de ser como Cristo.



Foi porque falhamos em ser como Cristo que estamos nesta precisa situação…

E é precisamente porque somos o Corpo Místico de Cristo que estamos nesta situação.

Paradoxal?

Nem por isso…

Por um lado, somos o Corpo Místico de Cristo, logo temos de sofrer as Suas dores para crescer e nos salvarmos. “Nenhum servo é maior do que o mestre”.

Por outro lado, falhamos em ser como Cristo, porque falhamos em ver o problema que nascia no nosso seio e em agir em conformidade com a sua gravidade. E este problema tem uma dupla causa.

Jesus Cristo é a Encarnação de Nosso Senhor, o nosso Deus. E qualquer pessoa que estude de forma correcta a Bíblia (dividida em Antigo e Novo Testamento) sabe perfeitamente que Deus é simultaneamente Perfeita Justiça e Perfeita Misericórdia.




A Igreja Católica (no seu todo, leigos e clérigos, mas mais os leigos ultraconservadores) esqueceu-se por muitas vezes no Passado de ser Perfeita Misericórdia. Por muitas vezes apressamo-nos a condenar o pecador ao Inferno… em vez de percebermos que o nosso trabalho é, outrossim, ajudar a conduzi-lo para o Paraíso. Adoptamos uma postura de altiva superioridade e de moralismo que, muitas vezes, não explicava a sua posição. Pelo contrário, tal como os fariseus, pretendíamos salvar-nos pelo perfeito cumprimento da Lei e não pelo Amor aos nossos irmãos. Não raras vezes, esta atitude contrastante com a do Mestre afastou muitas pessoas boas da Igreja… pessoas que não conseguiam conciliar aquilo que praticávamos e aquilo que pregávamos. Ora, encontramo-nos agora num estado de pecado mortal que afecta a Igreja como um todo. E este pecado da pedofilia mina a autoridade moral da Igreja, colocando-nos no banco dos réus em que outrora acusámos os outros.




Mas a Hierarquia da Igreja esqueceu-se de ser Perfeita Justiça para prosseguir uma misericórdia falsa e mal orientada. Os pecados não são mais do que virtudes abusadas e mal orientadas. Logo, é pecaminosa esta misericórdia que nega a Perfeita Justiça que era devida às vítimas de abuso sexual. Ao darem uma resposta pseudo-misericordiosa e morna aos abusadores, a Igreja esqueceu-se de ser imagem e semelhança de Deus. A imagem e semelhança d’Aquele que não Se coibiu de correr com os vendilhões do Templo a golpes de chicote.


E também se tem esquecido de ser Perfeita Justiça no domínio em que mais é contestada. A sexualidade. De facto, são raros os sermões em que um clérigo aborda esta temática. Raras são as vezes em que a Doutrina da Igreja em domínios de sexualidade é pregada no púlpito. E cada vez mais são os padres e bispos que olham com complacência para uma geração tristemente escravizada pela Luxúria. Em boa verdade, algumas vezes, são os padres e os bispos os primeiros a desautorizar o Magistério neste tema.

Tal como toleramos a contracepção, a fornicação, o divórcio, o aborto e a homossexualidade enquanto estes se alastravam pelo nosso laicado, seria de esperar que com a pedofilia fosse diferente? Afinal de contas, esta nossa tolerância para com os pecados sexuais do laicado não tem, precisamente, a ideia de “evitar fazer ondas”? Não é essa a justificação que se usou para ignorar a pedofilia no Clero?




Perguntar-me-ão como é possível eu estar a dizer isto, quando ainda acima referi que não deveríamos condenar os nossos irmão pecadores! Parece que estou a ser incoerente… mas não! A doutrina da Igreja no âmbito da sexualidade deveria ser mais pregada, sim. Não para condenar. Mas para ser explicada, ensinada, estimulada. Não se trata de um acto de Legalismo, mas de um acto de Amor salvar os nossos irmãos das garras da Luxúria. Não se trata de um acto de opressão, mas de um acto de libertação.




Muitos hoje andam a culpar o problema da pedofilia na Igreja precisamente na sua doutrina sexual. E no celibato. Ora isto não tem qualquer correspondência com a realidade. Basta reconhecer que a maioria dos casos de pedofilia ocorre nas famílias e não nas igrejas. Se assim é, então por que se pensa que permitir o casamento de padres iria resolver alguma coisa? Basta reconhecer que a maioria dos abusos ocorreu nas décadas 50, 60 e 70, quando as interpretações erróneas do aggiornamento e do Concílio Vaticano II levaram a uma laxidão da Igreja precisamente no sentido de uma maior liberalização sexual em relação às décadas anteriores (e subsequentes), quando o celibato era muito mais levado a sério. Além disso, não há qualquer prova que relacione o celibato com a pedofilia… antes pelo contrário

Esta ligação abusiva entre celibato e pedofilia é apenas uma forma de wishful-thinking. Há muito tempo que há uma porção considerável de católicos e não-católicos a desejarem o fim do celibato sacerdotal. Tudo lhes serve de pretexto para atacar essa prática. Mas esta militância contra o celibato sacerdotal não é alimentada por convicções sinceras acerca do tema, mas pela noção errónea de que o fim do celibato sacerdotal seria o primeiro passo para uma “maior abertura” da Igreja face à sexualidade.

E isto traz-me a mais um paralelismo entre Cristo e Igreja. Os seus acusadores…



Jesus Cristo encarnou num momento crucial da História da Humanidade. Num momento em que toda a Humanidade se afastara de Deus. O paganismo propagara-se a todos os povos e a decadência moral do Império Romano arrastava todo o Mundo então conhecido para o abismo. E até o Povo Escolhido de Deus, Israel, se corrompera numa cooperação ilícita e profana com esse Império Romano, bastião do paganismo. Foi para salvar o Mundo desta podridão que Ele morreu quando morreu.

De igual modo, a Igreja tinha de “morrer” precisamente nesta altura. Vivemos uma época de apostasia geral. Quantos são fiéis a todos os ensinamentos da Igreja? Quantos não a desafiam? Quantos desejam aproximar-se de Deus através do Corpo que Ele instituiu neste mundo, em vez de desejarem aproximar-se de Deus através das suas próprias opiniões erróneas? É precisamente agora que a Crucificação da Igreja faz sentido! É agora que interessa! Aqui e agora!




Quem foi o principal causador da trágica morte de Jesus?






Havia Judas Iscariotes, um seguidor muito fiel e devoto, certamente consciente da necessidade de auxiliar os nossos irmãos mais necessitados, mas que cometeu o erro de achar que as suas noções pré-concebidas suplantavam os ensinamentos do Mestre. No seu zelo para forçar Cristo a trazer um novo Reino Messiânico nos seus próprios termos, Judas acabou por trair o seu Rei.

Tal como Judas, quantos católicos não pretendem ver a Igreja como uma ONG, como uma força política e social que lute pelos seus ideais revolucionários? Quantos católicos, amando sinceramente a Igreja, não acabam por obscurecer a sua doutrina em nome de ideais pseudo-cristãos (por muito bem-intencionados que sejam)? Quantos católicos, ao desejar forçar a Igreja a adaptar-se aos seus preconceitos, não acabam por trai-la?

Não são estes católicos dissidentes uns dos principais acusadores? Não são esses os que mais pedras atiram, desejando que esta lamentável situação seja o ponto de ruptura que inicie uma “evolução” da Igreja rumo ao século XXI? Tal como no beijo de Judas... No amor destes católicos à Igreja está o pecado do orgulho, o maior pecado que existe…







Depois havia Pilatos, representante de todos os políticos actuais que, vendo na Igreja uma instituição benéfica e verdadeira, acabam por se demarcar dela no seu momento de maior vergonha. No lugar de a defender, usam de indiferença para salvarem os seus próprios nomes.







E havia os fariseus, os escribas, os sacerdotes, os sábios… representantes da ortodoxia bem-pensante da altura. Também hoje existe uma ortodoxia (uma ortodoxia que vive de tudo o que é heterodoxia) propagada por uma certa elite intelectual e que não aceita qualquer desvio em relação à norma… o infeliz que a isso se atrever será imediatamente desprestigiado e rebaixado com epítetos de “fanático”e “retrógrado”.

As palavras de Jesus Cristo eram a verdadeira Sabedoria e, como tal, punham em risco a falsa sabedoria desses fariseus. As palavras de Jesus destronavam os sábios dos seus autoproclamados tronos. As palavras de Jesus eram-lhes incómodas…

… tal como hoje as palavras da Igreja são incómodas para essas mentes iluminadas que são as principais adversárias da Igreja na nossa época. São essas as mentes que mais viciosamente atacam a Igreja e propagam toda a espécie de preconceitos e falsidades sobre ela. Mentes que se prostituíram com os Poderes do Mundo e que não aceitam qualquer obstáculo.

Esses fariseus pregam do alto dos seus privilegiados púlpitos nos media e misturam de forma intolerável as suas opiniões, as suas cínicas insinuações e aquilo que deveriam ser notícias objectivas. Para eles, não existe tal coisa como presunção da inocência, que é um dos pilares do Estado de Direito. Para eles, há misericórdia para todos, desde homossexuais até terroristas, mas não por moribundos … não porque fossem culpados, mas porque eram padres. Para eles, os tribunais são dispensáveis, porque eles se arrogam o direito de serem juízes de julgamentos públicos, sendo simultaneamente advogados de acusação e forjadores de provas, porque para eles a Igreja já está condenada a priori pelo simples facto de existir. De nada lhes importa que o Papa Bento XVI tenha sido um dos clérigos que mais fez e tem feito para acabar com o flagelo da pedofilia na Igreja… não, isso não interessa. Porque o Papa Bento XVI é o “Rotweiller de Deus”, o “Cardeal Panzer”, a encarnação dos ideais que eles abominam que não é uma Superstar carismática como o Papa João Paulo II (esse sim, que teve condutas muito gravosas nos casos de pedofilia) e contra o qual se pode proclamar impunemente qualquer barbaridade. O Papa Bento XVI é culpado sim… mas não é culpado do que eles acusam… o Papa Bento XVI é culpado do mesmo crime que Jesus Cristo, o de proclamar a Verdade num Mundo imerso na Mentira e no Pecado.


Crucifica-o! Crucifica-o!” – berram eles, através das bocas do Povo que eles manipularam. Disseram-no há 2.000 anos e dizem-no hoje. Mas Jesus Cristo respondeu-lhes: “Perdoai-lhes, Pai, que eles não sabem o que fazem!”. E é essa a verdade! Essas mentes iluminadas não sabem nada o mal que estão a cometer… Atacam de forma contraproducente o Papa Bento XVI que é um dos bispos que mais fez contra a pedofilia na Igreja. Escandalizam-se com o abuso sexual de crianças por padres mas congratulam-se com a morte de 19.000 crianças como se fosse um avanço civilizacional. Rasgam as vestes quando se fala da violação da inocência das crianças por padres, mas não se incomodam quando o Estado e a Sociedade violam a inocência das crianças ao hipersexualizá-las na Escola, nos Media, no Sistema Nacional de Saúde.

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Perdoai-lhes, porque eles não sabem o que fazem…. Pois é! Desejam crucificar a Igreja por causa do escândalo da pedofilia... mas motivados por uma visão liberal da sexualidade que eles desejam implementar e para a qual a Igreja é o principal obstáculo. E não têm o alcance suficiente para perceber que essa visão da sexualidade pode, a médio prazo, justificar um dia precisamente as práticas de pedofilia. Minar a influência da Igreja por causa dos escândalos de pedofilia no seu seio pode muito bem, um dia, vir a ser a causa da normalização desses mesmos comportamentos. É irónico… chega a ser diabólico. Mas é o cúmulo da cegueira humana a que chegam os sábios do Mundo quando se inebriam com a sua própria sabedoria, ao ponto de se acharem no direito de desafiarem Deus.







Finalmente, havia mais um grupo de acusadores… São mais discretos, mas estavam lá. A Bíblia menciona-os. São aqueles que acorreram à Cruz com curiosidade… e que depois da morte de Cristo se afastaram a bater no peito. Tinham curiosidade, porque queriam saber se Jesus Cristo era mesmo o Messias ou não. Esperavam que, vendo-Se encurralado na Cruz, Jesus faria um milagre que O revelaria. Também eles tinham uma opinião pré-concebida sobre o que era um messias e como um messias se deveria comportar. Vendo defraudadas as suas expectativas, afastaram-se e renunciaram a Jesus. Usaram a Cruz para julgar os actos de Jesus, sem se terem esforçado um pouco para perceberem que talvez fossem os seus conceitos que estivessem errados. Que Jesus era o verdadeiro Messias precisamente porque não era o messias que eles esperavam. Que Jesus era o verdadeiro Libertador precisamente por causa da Sua Cruz.

Hoje também há muitos que, diante destes escândalos, se afastam da Igreja a bater no peito, julgando que a Igreja não pode ser verdadeira. São boas pessoas e têm bons motivos para se revoltarem… mas têm as vistas muito estreitas. As mesmas vistas estreitas que não reconheceram o Rei do Universo num humilde carpinteiro de Nazaré, porque acreditaram que um rei deve estar banhado de oiro e glória. Há 2.000 anos não compreenderam a dádiva que é ter o Ser mais poderoso do Mundo a lavar-lhes os pés… 2.000 anos volvidos continuam sem compreender a dádiva que é ter Deus presente no Mundo através de homens tão imperfeitos.


Meus caros amigos, ninguém neste mundo é perfeito.

Ninguém.

Será que apenas homens perfeitos podem fazer a vontade de Deus?

Então ninguém pode fazer a vontade de Deus… e estaríamos todos condenados a viver num mundo sem Deus, ou então num mundo em que Deus não nos concede Liberdade.


No entanto, os católicos de outrora sabiam reconhecer que a Igreja era constituída por homens pecadores… e que esses homens pecadores poderiam até ser mais pecadores do que aqueles que deveriam guiar. S. Pedro negou Cristo três vezes e cortou uma orelha a um soldado romano… mas os Apóstolos reverenciaram-no. Dante Alighieri, na sua “Divina Comédia”, condenou 4 papas ao Inferno… mas permaneceu devoto. Houve os papas Bórgia e Medicci e todas as suas tropelias… mas a doutrina permaneceu constante.

É uma das coisas mais belas e paradoxais deste mundo poder ver como Deus consegue agir através de pessoas tão falíveis e pecadoras. É uma grande dádiva! Alivia-nos um grande fardo das costas… Doravante, não temos de ser perfeitos! Não temos de ser imaculados! Temos apenas de amar a Deus e procurar cumprir a Sua Vontade dentro das nossas limitadas possibilidades.


Mas isso exige humildade.

Exige que dependamos de homens imperfeitos para nos aperfeiçoarmos a nós próprios.

Exige humildade.

Coisa que o Homem Moderno não tem.

O Homem Moderno não consegue ver qualquer resquício de pecado naquilo que faz. Por isso, quando confrontado com uma consciência moral presente na Sociedade (como é o caso da Igreja) procura desautoriza-la. Como se falácias ad hominem, tu quoque ou ad novitatem realmente refutassem a doutrina da Igreja…






Mas enquanto a Igreja for feita de homens, ela conterá sempre inevitavelmente homens pedófilos… porque a pedofilia é um pecado humano e a Igreja é humana. O que importa é que a Igreja jamais pregue a pedofilia como comportamento justificável.

E enquanto a Igreja for feita de homens, ela conterá sempre inevitavelmente homens corruptos… porque a corrupção é um pecado humano e a Igreja é humana. O que importa é que a Igreja jamais pregue a corrupção como comportamento justificável…

Porque a Igreja não foi criada para ser perfeita, ela foi criada para ser guia!

Mas eu decidi publicar este post depois da Páscoa precisamente como um sinal de esperança! É que a Igreja é o Corpo Místico de Cristo! E Cristo não Se limitou a morrer! Ele ressuscitou!

De igual modo, esta “morte” da Igreja é apenas temporária… tal como o foram várias das “mortes” da Igreja ao longo dos séculos. A destruição da Igreja não está ao alcance de nenhuma Potestade abaixo do próprio Deus!

De facto, a Igreja está a levar uma sova. Mas é porque todas as vítimas (verdadeiras e falsas) estão a aproveitar esta maré para se fazerem ouvir. E a Igreja, sob a orientação do Papa Bento XVI é muito bem capaz de também aproveitar esta maré para levar a cabo uma reforma interna que dissipe o flagelo da pedofilia do nosso Clero.

E quando todas as acusações tiverem sido feitas e todo o mal tiver sido purgado, já não haverá nada que os acusadores da Igreja possam usar para a acusar a partir daí. Porque a Igreja se terá tornado mais santa.

O que é importante é que a Igreja aproveite esta ocasião para se assemelhar mais ao seu Mestre. Não só em palavras, mas nos actos. Não só na Cruz, mas também na Ressurreição. Não devemos ter medo! Porque quem poderá ter medo, se Deus está connosco?

A Cruz era necessária! Por ela se salvou a Humanidade! Por ela o Corpo de Cristo reemergiu glorioso, transfigurado, luminoso! Que, por esta Cruz, também a Igreja possa sair purificada, para que também ela possa continuar o seu papel de cooperadora na salvação da Humanidade. A Igreja sairá destes acontecimentos lesada, desautorizada, mais pequena em números… mas também sairá mais verdadeira a si mesma e aos seus valores. E aqueles que permanecerem fiéis serão fortalecidos o suficiente na Fé para poderem reevangelizar o Mundo um dia.

É tempo de Páscoa, é tempo de Esperança!

11 comentários:

jota disse...

Mais um bom texto. Está muito bem escrito e diz aquilo que eu gostaria de dizer, mas que falta-me o engenho e arte.

Dou os meus parabéns e que este pequeno gesto te dê forças para continuares a evangelizar assim.

Obrigado.

j

Alma peregrina disse...

Muito obrigado, meu caro amigo J.

Mas não menospreze o seu engenho. Também eu gosto muito dos seus textos.

Continue também a evangelizar...
:)

Pax Christi

Alma peregrina disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luisinha disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
joaquim disse...

Meu caro amigo

Que dizer mais que não tenhas dito?

Um texto bem fundado, e profundo.

Vejamos sempre estes erros como as "dores de crescimento", como acontece nos jovens.

A Igreja é nova, muito nova, tem apenas cerca de 2.000 anos.
É pouco, muito pouco para a eternidade Daquele que a fundou.

O Corpo vai-se "construindo", por vezes com grandes feridas, provocadas pelos homens, mas não deixa de ser o Corpo Santo e Puro que Jesus Cristo deu à Igreja e fez Igreja.

E o Espírito Santo não falatou à Igreja dando-lhe no momento certo o homem certo para a conduzir na Verdade e na Firmeza, o Papa Bento XVI.

Não sei até que ponto João Paulo II foi verdadeiramente informado da situação, porque sendo um homem diferente de Bento XVI, não deixava de ser um defensor da Fé e da Igreja.

Lembro-me bem de muitas vezes ele dizer não, de dizer sim e ser claro, sobretudo quando se dirigia aos jovens que dele gostavam porque não "navegava" em "águas mornas".

Um grande abraço amigo em Cristo

O Império disse...

Boa tarde Alma Peregrina.

Independentemente de se tratar de argumentos ad hominem, você aceita ou não que o Papa actual (eu não sabia que João Paulo II também o tinha feito...) encobriu casos de pedofilia na Igreja Católica?

Cumprimentos

Alma peregrina disse...

Caro Joaquim:

Obrigado pelas suas palavras... sim, é verdade, a Igreja é ainda nova e inexperiente. Mas, ainda assim, é a instituição ocidental mais antiga e experiente que há.

Também acho que o Espírito Santo colocou o homem certo a liderá-la neste momento. Hoje, se há mecanismos para combater a pedofilia, tal deve-se aos esforços do então Cardeal Ratzinger.

Além disso é o maior intelectual europeu, um homem de trato gentil e cordato e alguém que não verga a Verdade.

Tem contra ele a ausência de carisma... mas isso apenas serve para dissociar aqueles que estão na Igreja por motivos superficiais e aqueles que a ela pertencem por convicção.

Quanto ao Papa João Paulo II... sim, acho que cometeu alguns erros grosseiros. Não tenho vergonha de o dizer, na medida em que a minha admiração pelo homem não provém de eu o achar incapaz de errar. E sei que os erros que ele cometeu não foram intencionais nem com má-fé.

Pax Christi

Alma peregrina disse...

Caro O Império:

Não, não aceito.

Não há provas nenhumas.

E mesmo que houvesse, isso não invalida em nada o que eu disse.

Cumprimentos

O Império disse...

Caro Alma Peregrina.

Neste caso não estou a questionar a teologia relacionada com a Igreja.

Estou apenas a analisar o comportamento do Vaticano (incluindo o do papa).

Remeto-lhe para estas cartas:
http://www.xiquinho.com/file.axd?file=WindowsLiveWriter/SmokingGun_C7D5/stephen-kiesle-upload.pdf

O que acha destas cartas?

E pergunto-lhe, sem segundas intenções, se acha que o papa e toda a hierarquia da igreja fizeram o suficiente para impedir a pedofilia.

Cumprimentos

Alma peregrina disse...

Caro O Império:

Ah! O célebre caso Kiesle...

Pois, aqui podemos começar por desmontar uma série de emaranhados que foram tecidos em redor da pessoa do Papa Bento XVI.

Começo por lhe responder que não. Não. A hierarquia não fez o suficiente para impedir a pedofilia. Mas fez o que pôde.

Agora passemos aos factos. E vou tentar ser mesmo o mais factual possível.




1) A Polícia já tinha conhecimento do caso. Kiesle havia sido condenado a 3 anos com pena suspensa desde 1978 a 1981. Portanto não se tratou de nenhum "encobrimento", como você refere no seu comment de 19:10 de 19/04/2010. Se houve alguém que não cumpriu o seu trabalho, foram as autoridades policiais ao darem-lhe pena suspensa.





2) A Congregação para a Doutrina da Fé só começou a ter jurisdição sobre os casos de pedofilia em 2001...
... Mudança que foi introduzida nesse ano precisamente pelo Cardeal Ratzinger.

Antes disso, a pena canónica atribuída a cada caso era da responsabilidade da diocese do padre criminoso.

Ou seja, o conhecimento do caso por parte do Cardeal Ratzinger é perfeitamente irrelevante. Legalmente, ele não podia fazer nada ainda que soubesse.





3) O caso em questão não tem nada a ver com a punição do Padre Kiesle.

Tem a ver com a sua laicização.

Ou seja, tem a ver com a sua redução ao estado laical ou manutenção no estado sacerdotal.

Uma laicização que foi pedida pelo próprio Kiesle. Logo, tal concessão seria um favor para o padre abusador.

E a demora nesta laicização não colocou quaisquer crianças em perigo. Independentemente do estado do sacerdote, era da competência do bispo diocesano afastá-lo das suas funções, nomeadamente de funções que envolvessem crianças. Existem vários padres isentos de qualquer função ministerial pelos seus bispos, pelos motivos mais variados.





4) Nesta altura, os pedidos de laicização haviam atingido um pico. Como tal, o Papa João Paulo II introduziu restrições muito pesadas que visavam dificultar o processo.

Uma dessas restrições era proibir laicizações de sacerdotes com menos de 40 anos. Em 1985, Kiesle só tinha 38 anos.

Ainda assim, a laicização foi concedida menos de 2 anos depois. Por quem? Pelo Cardeal Ratzinger.

E quem acabou com a regra de só conceder laicização a partir dos 40 anos? Ratzinger, nem mais.





5) Só tendo em conta este contexto, é possível compreender o sentido da carta linkada.

O futuro Papa refere que este caso deve ser melhor estudado... porque é uma excepção à regra imposta pelo Papa João Paulo II que poderia abrir as portas a uma enxurrada de laicizações. O Cardeal Ratzinger afirma que, além do bem individual do requerente, tem de ter em conta o bem de toda a Igreja.

E sim, que deve evitar escândalo. Mas escândalo em "cristãonês" não significa aquilo que você está a pensar. Escândalo é tudo aquilo que possa induzir as pessoas em erro.

E está explícito na carta (embora as pessoas não percebam porque não sabem latim) que o motivo do escândalo é a idade jovem do padre ("... atienta iuvenili praesertim oratoris aetate.").



Tendo isto em conta, resta-me concluir que o Cardeal Ratzinger, podendo ter tido algumas atitudes condenáveis neste processo... nunca pôs qualquer criança em perigo de ser abusada. E nunca encobriu coisa nenhuma.

Cumprimentos

Alma peregrina disse...

Hoje parto em viagem, pelo que só poderei voltar a publicar comentários no Domingo. Pelo facto agradeço a compreensão.