É tradição minha, a cada 5 de Outubro, escrever umas linhas explicando o porquê de eu ser Monárquico Constitucionalista. Mantenho, hoje como ontem, essa minha opção, a qual já expliquei aqui.
Todavia, quem ler o meu post, lerá também que eu explico que uma Monarquia Constitucional não é, obrigatoriamente, benigna. E, embora creia que uma Monarquia Constitucional seja, à partida, o regime que melhor se adaptaria ao nosso país... também é verdade que uma monarquia constitucional corrupta não é melhor do que uma república virtuosa (coisa que esta IIIª República está longe de ser).
Enquanto católico, sei que o Bem está acima das estruturas e das instituições sociais. Estas não produzem o Bem. Não são a fonte do Bem. O Bem vem apenas do Homem, quando se encontra na graça de Deus.
Digo isto, porque vejo muitos católicos a apoiarem certos regimes, simplesmente porque foram menos anticatólicos e anticlericais que o actual. Vejo-os monárquicos, por vivermos numa república maçónica e pagã. Vejo-os salazaristas, por vivermos numa república corrupta e herética. Mas estes regimes também cometeram erros. E erros contra os católicos. Contra a Igreja. Contra a Doutrina. E contra os nossos irmãos e irmãs mais pobres, imagem e figura de Cristo.
Não pretendo retractar-me. Sou Monárquico Constitucionalista e continuarei a sê-lo com orgulho! Todavia, convém repetir amiúde que esta solução política não é uma panaceia para todos os males da Pátria. Convém repetir que um rei pode também pactuar com leis abomináveis (veja-se o Rei Juan Carlos de Espanha ou a Rainha Isabel II de Inglaterra em relação às leis anti-vida e anti-família que nos afectam também). Convém confessar frequentemente os pecados das nossas ideologias, não vão elas levar-nos à idolatria, não vão elas suplantar o lugar de Deus, não vá entrarmos naquele coro intemporal que proclama: "Não temos Rei senão César". O zelo de um católico pode fazê-lo, também a ele, cair na idolatria...
Portanto, hoje proponho este livro, escrito por um bispo português de alta craveira intelectual. Conta a história dos católicos durante a Monarquia Constitucional Portuguesa... e o terrível cesaropapismo a que a Igreja esteve sujeita. Os católicos actuais poderão também encontrar algum conforto, pois que os conflitos que enfrentamos actualmente são, na verdade, já antigos.
(E, claro que o livro não deixa também imunes os católicos monárquicos da vertente absolutista, pois que o cesaropapismo da Monarquia Constitucional derivou bastante de uma espécie de galicanismo português que se originou, precisamente, na Monarquia Absolutista... não esquecer as perseguições pombalinas aos jesuítas)
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