Justificam-no com a opinião de que Portugal não consiga melhorar a sua situação económica sem um novo pedido de ajuda financeira, apesar de não haver uma única razão válida que sustente essa opinião.
Nas últimas semanas, o país correu com os políticos corruptos e aldrabões que destruíram a nossa credibilidade no exterior com as suas manigâncias estatísticas e gastos faraónicos. O Povo votou nos políticos que se apresentavam como paladinos contra o despesismo, a mediocridade e o laissez-faire. Aceitamos docilmente as imposições da Troika. Aceitamos todas as medidas de austeridade, sem prometer grandes lutas na rua. Aceitamos reduções abusivas na nossa legitimíssima soberania nacional por parte de países e potentados estrangeiros, como a Alemanha e a UE. Não demos qualquer sinal de nos querermos desviar do caminho que nos educaria à frugalidade que, finalmente, nos salvaria da crise económica em que nos vimos mergulhados...
E estes senhores, burocratas tresandando a mofo de escritório, ignorantes das realidades com que brincam, atrevem-se (ATREVEM-SE!) a fazer-nos algo tão cruel?
Não sabem que, ao fazerem uma coisa destas, estão a assustar os investidores que poderiam ajudar Portugal a sair da crise? Não vêm que estão a alimentar um ciclo vicioso, pois que, sem investimento, a crise agrava-se, o que diminui ainda mais a confiança do mercado? E, da nossa parte, que fizemos nós para merecer tamanha desconsideração, tamanha falta de confiança? Não temos feito tudo o que eles nos mandaram?
Como se atrevem, meus senhores, a chamar "lixo" a um país? A chamar "lixo" a um Povo? Chamar "lixo" a pessoas (PESSOAS!). Pessoas com famílias, pessoas com sonhos, pessoas com sentimentos, pessoas com sorrisos, pessoas com amores, pessoas caramba! Pessoas com uma alma única e irrepetível, criada à imagem e semelhança de Deus, uma alma profundamente amada pelo Nosso Criador!!! "Lixo"?! Como se atrevem? Como podem ser tão cruéis?
Vocês, meus senhores do alto das torres de marfim que se arrogam o direito de julgar os vossos semelhantes da mesma condição humana que vós... como se atrevem? Alguma vez algum de vós viveu um mês com um salário mínimo? Alguma vez algum de vós sofreu um corte no subsídio de Natal que vos doesse a sério no bolso? Alguma vez algum de vós viveu na precariedade, sem saber o dia de amanhã, completamente desamparado nas mãos de um fato Armanni oco, que apenas vê números onde deveria ver almas, porque ele próprio não tem alma?
Da boca do Verdadeira Juiz:
"Não julgueis, pois, para não serdes julgados; porque com o juízo que julgardes os outros, sereis julgados; e com a medida com que medirdes, vos medirão também a vós"
Mt 7:1-2Pois bem, eu digo-vos, a vós que chamais "lixo" àqueles que têm a sua vida dependente de vós... vós é que sois lixo! Porque vós sois dispensáveis, tal como todo o lixo! Basta que os mercados comecem a perceber que não precisam de vós para nada! Que as nações se libertem do jugo psicológico que exerceis sobre elas, para perceberem como são inúteis estas tais agências de rating!
Mas, para isso, era preciso que houvesse uma conversão de corações! Era preciso que os mercados percebessem que não estão divorciados da sociedade, mas que o bem-estar económico dos próprios mercados está dependente do bem-estar da sociedade, das famílias, das nações! Que os mercados não estivessem apenas voltados para o lucro cego, ao ponto de investirem sem escrúpulos nas mãos-de-obra escravizadas da China e de outros países não desenvolvidos, apenas porque produzem mais barato! Porque há custos humanos que são infinitamente mais pesados do que qualquer poupança monetária, pois que não há dinheiro nenhum que valha a transformação da Pessoa Humana numa máquina de produção!
Então, poderiam os mercados retornar à sua simbiose com as sociedades e viverem em harmonia com elas. E os mercados produziriam riqueza para as sociedades e as sociedades produziriam riqueza para os mercados. E os mercados, então, não teriam de gastar milhões em egos inchados e inúteis como os da Moody's!
Célebre discurso de Charles Chaplin no filme "The Great Dictator",
interpretando um judeu que se infiltra num comício de nazis disfarçado de Hitler
4 comentários:
Oh meu caro amigo, sabes tão bem como eu que esta gente persegue objectivos de enriquecimento à custa seja de quem for!
Deus me perdoe mas são autênticos abutres a refastelarem-se com a desgraça dos outros.
Se eu não fosse um cristão convicto diria que eles apenas mereciam o nosso desprezo, sendo-o rezo por eles, para que em algum moemnto o Senhor os faça perceber o «amai-vos uns aos outros como eu vos amei»!
Um abraço amigo em Cristo
É bem verdade, Joaquim!
E não é coincidência que esta diminuição do rating tenha vindo na sequência da discussão da privatização de uma série de empresas públicas.
Ao cortar no rating, eles desvalorizam as acções dessas empresas, possibilitanto aos seus amiguinhos especuladores comprarem-nas ao preço da chuva.
Protegem-se uns aos outros, não se importando minimamente com a pobreza que geram!
Crueldade é eufemismo!
Pax Christi
Caro Alma;
Tão actual este discurso... tão actual que até arrepia!
Abençoado seja por nos trazer esta belissima partilha.
É bem verdade, Filha de Maria... é um dos melhores discursos que eu alguma vez vi num filme.
Pax Christi
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