"Desde a Criação do Mundo, as perfeições invisíveis de Deus, o Seu sempiterno Poder e Divindade, tornam-se visíveis à inteligência, por Suas obras; de modo que [os pagãos] não se podem escusar. Porque, conhecendo a Deus, não O glorificaram como Deus, nem Lhe deram graças. Pelo contrário, extraviaram-se em vãos pensamentos, e se lhes obscureceu o coração insensato. Pretendendo-se sábios, tornaram-se estultos. (...) Por isso, Deus os entregou aos desejos dos seus corações, à imundície, de modo que desonraram entre si os próprios corpos. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura em vez do Criador (...) Por isso, Deus os entregou a paixões vergonhosas: as suas mulheres mudaram as relações naturais em relações contra a Natureza. Do mesmo modo também os homens, deixando o uso natural da mulher, arderam em desejos uns para com os outros, cometendo homens com homens a torpeza, e recebendo em seus corpos a paga devida ao seu desvario. Como não se preocupassem em adquirir o conhecimento de Deus, Deus entregou-os aos sentimentos depravados, e daí o seu procedimento indigno."
.
Rm 1:20-28
Esta passagem da Bíblia é apenas uma das muitas que condenam a homossexualidade como algo de pecaminoso e imoral. É, de facto, uma das passagens mais citadas quando se pretende demonstrar que a Bíblia, de facto, condena a homossexualidade.
Todavia, estas palavras encerram uma profundidade que raramente é devidamente explorada. É certo que, de um ponto de vista bíblico, a homossexualidade é fonte de imoralidade e eu não nego isso. Contudo, não é só isso que aqui é dito. Em boa verdade, esta passagem bíblica não retrata apenas a homossexualidade como fonte de imoralidade, mas também como consequência da imoralidade. E isto é muito pouco notado, pelo que achei por bem trazer isto à vossa reflexão.
Deste modo, se no post anterior me dirigi às pessoas com orientação homossexual, é-me chegada a altura de me dirigir às pessoas com orientação heterossexual, nomeadamente as que professam a religião católica e se sentem atingidas pela imoralidade sexual galopante da nossa sociedade. Já se apontaram muitos dedos às pessoas com orientação homossexual (algumas vezes justamente, outras vezes injustamente), mas é ensurdecedor o silêncio com que os comportamentos imorais das pessoas de orientação heterossexual são tratados, mesmo pela Hierarquia.
O que nos diz o Apóstolo S. Paulo na epístola aos Romanos?
Que o poder de Deus se reflecte nas coisas visíveis, pelo que é possível intuir a Sua presença na Sua Criação. Mesmo aqueles que não O conhecem ou não acreditam n'Ele podem reconhecer a bondade daquilo que Ele ordenou na forma como Ele o ordenou.
É o caso da sexualidade. Não é preciso ser-se cristão ou teísta para compreender que a sexualidade é algo de belo. E não é preciso ser-se cristão ou teísta para que se verifique que a sexualidade se encontra ligada a algo de igualmente belo como seja o "milagre da vida". A sexualidade é, por assim dizer, a embaixadora entre o Amor e a vida que é dada a cada um de nós. Tal como Deus é Amor e nos deu misteriosamente a vida, também cada um de nós é (ou deveria ser) fruto do Amor de seus pais, através dos caminhos misteriosos do sexo.
De igual modo, não é preciso ser-se cristão ou teísta para se perceber que a dissociação da sexualidade da procriação vai ter efeitos inevitáveis na nossa perspectiva diante da Vida humana. Porque a sexualidade é dos encontros mais íntimos que há, obriga a que os seus intervenientes se exponham a uma grande vulnerabilidade... vulnerabilidade essa que apenas pode ser colmatada diante de uma confiança mútua sólida. Além disso, como cada um de nós é fruto de uma relação sexual, as alterações nos conceitos sexuais vão modificar a nossa auto-imagem e a imagem que temos dos outros e da Humanidade...
Acontece que temos vindo a evoluir precisamente nesse sentido. Sem dúvida que hoje em dia vivemos um período de profunda imoralidade sexual. Perdemos aquela visão da beleza que Deus atribuiu à sexualidade... à sexualidade toda e não apenas uma parte dela. Hoje em dia, dá a sensação que a sexualidade não tem um objectivo procriativo... é possível procriar artificialmente para além dos limites da fecundidade biológica e tem-se relações sexuais como se a concepção de uma nova vida fosse apenas um acidente indesejável. Parece que a sexualidade não é procriativa, apenas unitiva... na verdade, em certos casos, nem sequer isso é... algumas vezes, a sexualidade é apenas recreativa.
Neste contexto, é natural que surjam actos homossexuais. Tal como o Apóstolo S. Paulo profetizou. Pois claro! Se a sexualidade não possui qualquer objectivo procriativo, se serve apenas para satisfazer a minha líbido e/ou para estreitar relações humanas, então é perfeitamente natural que as pessoas com orientação homossexual olhem para nós e digam-nos: "Então, por que não posso eu ter relações homossexuais, se me sinto orientado para isso? Por que é a homossexualidade imoral?"
Quando a maioria dos casais apresenta o seu casamento apenas como um namoro amadurecido e institucionalizado... sendo que a geração de filhos é perfeitamente secundária ou até dispensável... é natural que os pares homossexuais se sintam discriminados e achem que nós estamos simplesmente a açambarcar direitos que os excluem sem uma razão lógica!
Esta é uma verdade inconveniente: não é possível afirmar que a dissociação da sexualidade, matrimónio e procriação é moralmente aceitável...
... enquanto se condenam os "
casamentos" homossexuais como imorais!
É incoerente! E é esta a raiz! É esta a raiz do problema! Do problema dos "
casamentos" homossexuais e de tantos e tantos outros problemas que nos afligem...
Começou-se por se dissociar a sexualidade da procriação... não havia mal nenhum nisso! Pelo contrário, era benigno e desejável, um direito social que nos introduzia numa nova era de modernidade e responsabilidade.
Não demorou muito até que a sexualidade se dissociasse também do casamento, porque a procriação exige um núcleo familiar estável que a sustenha. Deste modo, a fornicação (o termo cristão para o eufemisticamente chamado "sexo pré-marital") deixou de ser uma excepção e tornou-se cada vez mais comum, até ao ponto de ser perfeitamente generalizada e aceite hoje em dia.
Entretanto, já que o casamento e a sexualidade não se encontravam intrinsecamente conectados, desapareceu um dos cimentos de estabilização matrimonial. Já que sexo e casamento já não se implicavam mutuamente, então era perfeitamente lógico que não houvesse diferença nenhuma entre sexualidade pré e pós-matrimonial. É possível manifestar o meu afecto total sem ter de assumir um compromisso? Sendo assim, para quê casar? E nasceram as uniões de facto!
E, sendo assim, o que há de novo no casamento? A fornicação é excitante, mas após o casamento o sexo arrefece... Deste modo, o que é que os casais fazem dentro do matrimónio que não possam fazer fora dele? Partilham chatices! O casamento não consegue corresponder às expectativas geradas pelo namoro! E a nossa taxa de divórcio sobe até aos 50%!
É claro que muitos casais ultrapassam esta dificuldade ao "apimentarem" o seu casamento. E, desta forma, dissociam o casamento ainda mais da sexualidade, pois começam a fomentar toda uma série de casos extra-maritais. Cresce o adultério... e aqui, não me refiro ao adultério oculto que sempre existiu, mas ao adultério por consentimento mútuo e tolerado por todos, como os swings e orgias afins.
Continuando com a dissociação entre sexualidade e procriação, temos que se foi instalando uma mentalidade contraceptiva na nossa psique colectiva... O casamento encontrava-se ferido e fragilizado, pelo que foi deixado à mercê das propagandas ideológicas que o qualificavam de "opressivo" e "obsoleto". O casamento deixou de ser uma forma de auto-realização pessoal e passou a ser visto cada vez mais como um fardo. Foi aumentando a quantidade de pessoas que não se pretendiam casar... não porque quisessem devotar a sua vida a algo mais elevado que o casamento (como, por exemplo, o sacerdócio)... mas porque o casamento não lhes permitia viver uma vida como elas a desejavam. O que lhes permitia viver a vida como elas a desejavam era a contracepção. A contracepção é que era "libertadora". A contracepção é que fornecia "empowerment". A contracepção apropriou-se do prestígio que dantes cabia ao casamento.
Portanto, não é de estranhar que cada vez mais pessoas tenham relegado o casamento para segundo plano, enquanto perseguiam a auto-realização que dantes aí adquiriam. Antes da contracepção, os filhos eram uma benção e o trabalho servia para sustentar uma família. Após a contracepção, o trabalho (a carreira, entenda-se!) passou a ser uma benção superior aos filhos... os filhos é que se tornaram um estorvo. O trabalho produz riqueza que nos permite disfrutar melhor a vida... enquanto os filhos consomem essa riqueza e essa fruição.
Se os filhos são um estorvo, o melhor é investir noutras coisas, reproduzirmo-nos o mínimo possível, aproveitarmos a vida para nós próprios, partilhar o Amor com poucas pessoas para que sobre mais para nós! Isto, aliado a uma série de factores económicos e sociais, levou a um inverno demográfico que gera pobreza porque já não é possível sustentar a nossa Segurança Social.
Desta mentalidade segundo a qual os filhos são um estorvo... desta mentalidade é que nasceu o aborto, o pior de todos os males que eu vou enumerar. E por que não seria assim? Afinal de contas, o Planeamento Familiar, essa instituição tão prestigiada nos nossos dias, trabalha exclusivamente no sentido de evitar os filhos! As consultas em que os casais decidem ter os filhos geralmente não são consultas de Planeamento Familiar!
E há mais... como a dissociação da sexualidade da procriação conduziu inevitavelmente à dissociação da sexualidade do casamento, surgiu que muitas crianças passaram a ser geradas em contextos incapazes de as sustentar!
Como a fertilidade passou a ser controlada ao milímetro por métodos que são sempre falíveis (por muito eficazes que sejam), surgiu que muitas gravidezes passaram a ser "não planeadas". E de uma gravidez "não planeada" a uma gravidez "indesejada" vai uma distância muito curta.
Se a contracepção era boa (e instalou-se o dogma segundo o qual a contracepção era inevitavelmente boa) e se havia casais para quem a contracepção falhava... então surgiam situações de injustiça. Casais que, por mero azar, não podiam aceder aos benefícios de outros casais... e que, deste modo, se viam com um filho indesejado nos braços. Era necessário corrigir essa injustiça! Mesmo que, para o fazer, fosse necessário minar os Direitos Humanos que pertencem a todos, independentemente de já terem nascido ou não!
Daí surgiu a necessidade de legalizar o aborto! Que passou a chamar-se eufemisticamente "interrupção voluntária da gravidez"! Pela primeira vez em milénios, a Medicina era posta ao serviço da destruição de bebés! Pela primeira vez em séculos, a pena de morte era reintroduzida em Portugal! Pela primeira vez em décadas, a sociedade ocidental sofria um retrocesso civilizacional generalizado nos seus valores mais nobres, nos Direitos Humanos, discriminando arbitrariamente com base no tempo de gestação! E hoje, já cinquenta mil crianças pereceram impune e legalmente, com os dinheiros públicos e a indiferença de todos nós!
Dizem-nos que a melhor forma de combater o aborto é aumentar a disponibilidade de contracepção. Mas a contracepção é que tornou o aborto necessário! Antes disso, esperava-se que a sexualidade se confinasse ao casamento e que o casamento gerasse filhos! A contracepção quebra esta cadeia, originando uma hostilidade ao elo final dessa mesma cadeia: os filhos...
A dissociação da sexualidade do casamento conduziu, por sua vez, à dissociação da sexualidade do amor. Porque não há maior acto de amor do que um compromisso sólido e perene. Para muitos, as relações sexuais passaram a ser fonte apenas de prazer mútuo, não exigindo qualquer compromisso que não fosse o consentimento de ambas as partes. Em boa verdade, chegou-se ao cúmulo da dissociação da sexualidade da própria pessoa humana, com o advento e generalização da pornografia!
Entretanto, como os Direitos Reprodutivos se sobrepunham aos Direitos Humanos, era fundamental ensiná-los nas escolas de forma obrigatória, não fossem as gerações futuras perder essa força "civilizadora" quando os nossos eruditos se esterilizassem até à insignificância demográfica. Ensinou-se os jovens a explorarem a sua sexualidade. Disseram-lhes que todo o tipo de desvios sexuais era normal e que eles não se deveriam reprimir. Distribuiram contraceptivos à revelia dos pais, mantendo tudo em sigilo... Depois vinham dizer-nos que isso iria previnir gravidezes indesejadas e doenças sexualmente transmissíveis. Como se fosse possível suprimir males derivados de uma sexualidade irresponsável, enquanto se promove uma sexualidade irresponsável, ou enquanto se diz que não é possível ter uma sexualidade responsável, ou enquanto se apregoa que uma sexualidade responsável é uma sexualidade irresponsável com uma menor probabilidade de originar consequências! É como dizia o Apóstolo S. Paulo: "pretendendo-se sábios, tornaram-se estultos". Para quem já sobrepunha os Direitos Reprodutivos aos Direitos Humanos, não foi difícil sobrepôr os Direitos Reprodutivos aos direitos da criança à inocência, ou aos direitos dos pais escolherem a melhor educação para os filhos!
E eis que chegamos aos dias de hoje. O casamento é ridicularizado, ignorado e criticado. Apenas relações intrinsecamente estéreis se sentem impelidas a aceder-lhe, na esperança de usar a pouca dignidade que resta a esta instituição para escaparem ao estigma social. A rejeição de Deus fez com que homens e mulheres se "inflamassem com desejos pouco naturais"... a dissociação da sexualidade da procriação produziu os chamados "casamentos" homossexuais.
Mas se pensam que as coisas se vão ficar por aqui, estão enganados! Muito enganados! Esta estratégia seguida pelas pessoas com orientação homossexual servirá de precedente para muitos outros que desejem ver assim legitimados os seus fétiches. Veja-se
aqui,
aqui,
aqui,
aqui, e
aqui.
O que eu disse em tantas palavras, S. Paulo disse-o em poucas e a Igreja Católica
também, sem nunca vacilar.
Começamos por dissociar sexualidade da procriação, o que levou à dissociação da sexualidade do casamento, o que levou à dissociação da sexualidade do amor. Por sua vez, conjugamos muitas coisas de forma indiscriminada. Confundimos sexo com amor. Confundimos amor com paixão. Confundimos amor com luxúria. Confundimos amor com afecto. Confundimos amor conjugal com outras formas de amor. Confundimos tolerância com respeito. Em súmula, é uma confusão e ninguém consegue tirar um sentido racional que consiga orientar isto tudo! Logo, relega-se a sexualidade para o domínio da subjectividade e deixa-se que cada um faça como gosta!
A Família desagrega-se, as crianças sofrem, o país empobrece...
E, no entanto, bastava uma única coisa para que tudo retornasse ao sítio certo! Bastaria uma única mudança para que tudo encaixasse numa ordem racional e gratificante!
Mas essa é a única mudança que a maior parte das pessoas não estão dispostas a levar a cabo!
É o único tema fracturante contra o qual não se insurgem!
É o único dogma consensual relativamente à sexualidade!
O princípio da dissociação da sexualidade da procriação!
E nós não estamos dispostos a abdicar disso, não por causa de qualquer razão tangível... mas por conveniência...
Sim. É verdade que a contracepção é extremamente conveniente. Em boa verdade, a muitos parecerá simplesmente impossível viver sem ela! E eu acredito que para muitos implicaria um grande esforço, sobretudo quando se começam a sentir na pele os efeitos da recessão económica ou as exigências do mundo laboral...
Todavia, o caminho cristão não é suposto ser um caminho fácil!
As tentações são tentadoras! Extremamente tentadoras! Senão, não seriam tentações...
A única forma de sair da actual crise moral e económica é construindo uma sociedade solidária e generosa...
... mas a solidariedade e a generosidade não se gera espontaneamente do chão.
Constrói-se.
Constrói-se em casa. Começa na família. É um dever de todos, absolutamente
todos. Se alguém se escusa, todos os outros se vão sentir no direito de o fazer e aí já não chegamos a lado nenhum.
É na Família que as gerações futuras têm o primeiro contacto com a sabedoria, a ciência e o conhecimento. São os pais os primeiros professores dos adultos do amanhã. Também é na Família que as crianças aprendem a cidadania, o cumprimento das regras, os princípios da salutar justiça. É na Família que as crianças são educadas para o respeito hierárquico e na melhor forma de participarem numa comunidade e de aí terem uma voz activa. A Família é um incentivo à produção de riqueza e à poupança dos dinheiros ganhos. É a Família quem vai incutir à criança os seus valores morais e religiosos. E é na Família que as crianças vão desenvolver primeiramente a sua identidade, é aí que se vão desenvolver socialmente, é aí que vão sentir que pertencem...
A Família é, portanto, a primeira Escola. O primeiro Tribunal. A primeira Assembleia. O primeiro Banco. A primeira Igreja. A primeira Nacionalidade. A primeira Comunidade.
Se ensinarmos às nossas crianças, pelo exemplo, que a Família é algo que apenas serve para nossa gratificação e que se deve moldar às nossas opiniões e caprichos, sem nunca implicar sacrifícios pessoais... então as nossas crianças, adultos do amanhã, irão ter essa perspectiva em relação a tudo, seja a Educação, a Justiça, a Política, a Economia, a Religião, a Nação. E, dessa forma, não será possível construir essa sociedade solidária e generosa que todos nós sonhamos. Em boa verdade, sem crianças, nem sequer haverá sociedade solidária e generosa, porque não haverá sociedade no futuro...
Não é possível escaparmos ao destino a que condenamos a Família! Não importa o quão humildes sejamos! Todos nós somos responsáveis por ela...
A Família não deve ser aquilo que qualquer um julga que ela é ao sabor dos seus gostos e prazeres...
A Família deve ser o refúgio do Amor e da Vida...
E a Sexualidade é o elo de ligação entre esses dois elementos.
Não é redutor associar a sexualidade à procriação! O facto de ambas estarem associadas, não exclui o carácter unitivo e (sim! porque não?) o carácter recreativo da sexualidade! O que é redutor é viver uma sexualidade puramente recreativa, sem função unitiva ou procriativa. Ou uma sexualidade puramente unitiva, sem função procriativa.
Porque uma sexualidade unitiva é uma sexualidade com Amor!
E o Amor não se partilha pelo número mínimo de pessoas possível, na esperança de que assim sobre mais "amor" para os intervenientes!
Isso é pensar egocentricamente e o Amor nunca é egocêntrico!
O Amor é difusivo!
.
Deseja espalhar-se para o máximo número possível de pessoas!
.
Não pensa em si próprio, mas nos outros!
É uma falácia acreditar que uma sexualidade procriativa exclui uma sexualidade unitiva! A procriação é, na verdade, o expoente máximo da união! É a Encarnação do Amor que se partilhou!
E o Amor não rejeita o compromisso... pelo contrário, cresce nele. Negar o compromisso é deixar a pessoa amada numa situação de fragilidade! Que Amor aceita uma situação tão intolerável?
O Amor evolui! Evolui lentamente até florescer no Casamento... e depois frutifica!
Só quando voltarmos a colocar o Amor, o Casamento, a Sexualidade e a Procriação nos seus devidos lugares, encaixados como peças de um lindo puzzle... só aí deixaremos de ser bombardeados com temas fracturantes e com imoralidade de todo o género! Mesmo que continuem a haver pessoas a praticar actos homossexuais ou outros actos sexuais imorais... essas pessoas irão olhar para o Casamento e saberão, intuitivamente, que há diferenças entre essa instituição e as uniões que eles partilham! E, deste modo, deixarão em paz esta instituição da qual todos nós dependemos para a nossa sobrevivência social!
.
.
.
.
.
Jesus Cristo mostrou-nos que só através da Cruz é possível a Vida! Não nego que será difícil seguir estes ensinamentos... diria até que será extremamente difícil! Mas só na doação completa e incondicional aos outros será possível transformarmo-nos!
Esta é uma Verdade inconveniente!
Mas é a única que pode salvar o nosso Povo desta Babel sexual!
Teremos a coragem necessária de seguir o "
caminho estreito"?
16 comentários:
Figura superior:
"El Primer Beso" - "O Primeiro Beijo"
Autor: Salvador Viniegra
1891
Figura inferior:
"De Eerste Familie" - "A Primeira Família"
Autor: Cornelis van Haarlem
1582-1592
Caro Alma Peregrina.
Estive a ler o seu texto e fiquei com duvidas sobre a sua posição relativa ao assunto do casamento e do sexo. E por isso, queria fazer-lhe duas perguntas:
1ª - Acha errado ou imoral ou anormal o sexo pré-marital e a contracepção? Isto é, acha que as pessoas que vivem em união de facto e têm relações sexuais sem serem casadas estão a ser imorais?
2ª - O que acha do facto de se ter verificado/observado comportamentos homossexuais em centenas de espécies de animais?
Cumprimentos
Caro O Império:
"1ª - Acha errado ou imoral ou anormal o sexo pré-marital e a contracepção?"
Não acho anormal. Acho imoral.
Não o acho para apontar o dedo. Acho-o porque penso que existe uma forma mais digna e feliz de se viver a sexualidade. Quem tiver ouvidos para ouvir, que ouça. Quem achar que deve seguir, que siga.
"2ª - O que acha do facto de se ter verificado/observado comportamentos homossexuais em centenas de espécies de animais?"
Irrelevante.
Os animais não possuem moralidade.
Cumprimentos
Caro Alma Peregrina.
Relativamente aos animais, o raciocínio é o seguinte: se até na natureza existem comportamentos homossexuais como podem vocês dizer que a sexualidade é apenas para procriar? Será o diabo a tentar os animais?
Sabe… eu acho que a sua construção teológica (elaborada devo acrescentar) desaba completamente se deus não existir. Se ele existir, consigo perceber o seu raciocínio embora não concorde com ele. E se aceitarmos os dois que não é possível provar a existência de deus isto quer dizer que você segue o seu caminho baseado na sua fé, naquilo que você sente. Parte do pressuposto que deus existe porque acredita e ponto final. Devo dizer que isso não me impede de reconhecer que você é uma pessoa instruída e informada. Mas que parte de um pressuposto de uma falibilidade extraordinária.
Agora ponha-se na minha posição. Eu não sinto isso. Não tenho em mim esse pressentimento, esse instinto, essa intuição, chame-lhe o que quiser. Não acredito que esse seu deus exista.
Como pode você e todos os católicos afirmarem que eu sou, ou pratico um acto imoral apenas por não ter casado e por usar contraceptivos? A sua afirmação apenas terá um inicio de validade quando você me conseguir provar que deus existe. Até lá você deveria ser mais reservado quanto a opiniões desse género. Porque está se a dirigir directamente a mim. E deve respeitar-me a mim e a qualquer anónimo que use contraceptivos e não tenha casado.
Como pode também, a igreja católica afirmar que eu vou para o inferno apenas por não ter sido baptizado? Como pôde jesus cristo dizê-lo? Acha que esta afirmação tem alguma moralidade? Acha que jesus era um homem moral quando decretou a existência do inferno? Ou quando disse que: ” Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho mais que a mim, não é digno de mim.”
Ou quando disse: “Com efeito, Moisés ordenou: "Honra teu pai e tua mãe". E ainda: "Quem amaldiçoar o pai ou a mãe deve morrer".” São Marcos 7:10
Você diz que Jesus é o nosso salvador e o exemplo a seguir, mas ele disse que os filhos que amaldiçoarem os pais devem morrer (suponho que isso inclua crianças). Você não acha isto imoral, mas acha que o facto de eu usar contraceptivos e ter sexo antes do casamento é imoral?
Jesus não era o salvador. Se ele existiu, ele era um louco.
Imoral é a igreja católica ao permitir que milhões de pessoas morram em África apenas porque segundo o papa (o líder de um exército de pedófilos impunes) morrer com sida é melhor do que usar preservativo. Como tem você coragem de dizer que eu pratico um acto imoral só porque eu não sou casado e faço Amor com a minha mulher com contraceptivos. Digo-lhe: eu amo a minha mulher, acima de qualquer amor por qualquer divindade que alguém possa ter, acima de qualquer amor doentio por uma entidade invisível, homicida, vingativa, violenta, caprichosa que mata crianças em Sodoma, no Haiti, no tsunami e em África com a malária e que nos cria doentes e nos ordena que nos tornemos saudáveis.
Respeito a Vida, acho-a maravilhosa, as crianças são extraordinárias, mas também sei que sexo é apenas sexo. E não influencia em nada a minha capacidade de Amar a minha mulher e os meus filhos. Não ponha num pedestal o que é simples.
Repare que eu não lhe peço para não ser celibatário ou casto, nem o critico por não usar preservativo ou por não ter sexo antes do casamento, e acima de tudo, não lhe digo que isso é imoral. Mas você diz que eu pratico um acto imoral e quer que a sociedade mude em concordância com esta sua perspectiva. Aqui se percebe a necessidade dos Ateus se imporem e fazerem valer os seus direitos.
Eu não o conheço, mas aconselho-o a apaixonar-se por uma mulher e a fazer amor com ela todos os dias. Verá que o mundo não vai acabar e sentir-se-á muito mais livre desses preconceitos religiosos que tanto mal fazem no mundo.
Cumprimentos
Caro O Império:
Em relação aos animais, não tenho mais nada a acrescentar. Há animais que comem as suas crias e eu não considero que esse facto torne um tal comportamento moral ou benéfico. Acho natural que os animais o façam, porque são seres irracionais e amorais. Não acho natural que um humano o faça, nem acho que esse comportamento se torna moral por causa disso.
Agora, noto que você se pôs muito na defensiva. Você tem o mau hábito de se escandalizar frequentemente, o que muitas vezes inibe uma discussão racional dos temas em questão. Você começou a despejar a velha cassete que todos os ateus repetem (o deus assassino, a SIDA na África, etc… só lhe faltou as Cruzadas e a Inquisição para completar o quadro lol).
O que não muda o facto de que tudo o que você apresentou foram argumentos ad hominem. Por isso, não me vou debruçar a refutar essas acusações uma por uma, embora pudesse fazê-lo.
Não as vou refutar, porque o seu verdadeiro problema é de outra ordem…
Compreendo que você se tenha colocado nesta posição, porque se sentiu afectado por aquilo que eu lhe disse, porque sente que aquilo que eu lhe disse põe em perigo, de alguma forma o seu relacionamento amoroso. O que é, digo-lhe já, ridículo. O seu relacionamento amoroso não seria inibido pelo seguimento da doutrina católica, muito pelo contrário. Mas isso não importa. Porque eu não lhe apontei o dedo, nem o obriguei a seguir-me. Limitei-me a dizer que, enquanto não reencontrarmos o verdadeiro sentido da sexualidade, não será possível pôr um travão à crescente imoralidade que se tem vindo a impor na nossa sociedade. Isto é uma constatação, não uma acusação.
Agora, repare… você aconselha-me a apaixonar-me por uma mulher e a fazer amor com ela todos os dias. Eu agradeço-lhe o conselho. Mas o que você está a fazer? Está a dar-me testemunho. Um testemunho da sua vida.
Ora, eu também estou a fazer isso. E noto que você não compreende algo tão simples. Eu estou a dar um testemunho. O testemunho da castidade. Estou aqui a dizer-lhe pura e simplesmente isto: tal como você acha que eu seria feliz ao fazer amor todos os dias com uma mulher, também eu acho que você (e a sua companheira) seria(m) feliz(es) se seguisse(m) uma vida casta.
Quanto ao seu testemunho, terei muito prazer em pô-lo em prática, se se vier a proporcionar.
Mas antes de fazer amor todos os dias com a minha mulher, há algo que eu sinto que devo fazer.
Se eu simplesmente me unir a ela, recusando-lhe um compromisso, estarei a colocá-la numa situação de fragilidade. Vai ser ela a engravidar, não eu. Vai ser ela que vai ter de passar pelos problemas de um parto ou de um abortamento, conforme a sua decisão. Pergunto-me, se vou ter coragem para estar junto dela, aconteça o que acontecer…
Ao casar-me com ela, assumo um compromisso. Para o bem e para o mal, para a saúde e para a doença, para toda a vida. Estou a dizer que pretendo ter essa coragem, de a amar não importam as circunstâncias. Posso fracassar… mas pelo menos estou disposto a tentar.
De igual modo, ao manter a minha sexualidade aberta à vida, estou a fazer algo de semelhante. Estou a assumir um compromisso diante dos filhos que possam resultar dessa união. Estou a dizer que vou acolhê-los, independentemente de serem convenientes ou não.
Se me recusar a assumir esse compromisso, estarei a colocar a minha mulher e os meus possíveis filhos numa situação em que eu digo: “OK… eu amo-vos, mas quero ter uma válvula de escape disponível!” Mesmo que essa válvula jamais seja usada, o facto de ela existir está a proclamar que eu não estou disposto a uma entrega total e incondicional. Tenho reservas e pruridos que me impedem essa total entrega… e eu realço que “entrega” e “amor” são sinónimos.
Por outro lado, se eu acho que tenho a coragem de assumir esse compromisso, por que não casar? Por que não manter uma sexualidade aberta à vida? O que me impede?
É isto que eu quero fazer! Quero que a minha sexualidade seja mais! Mais do que aquilo que a sociedade de hoje acha que é!
Não quero que a minha esposa e os meus filhos fiquem vulneráveis! Se o fizesse, estaria, aos meus olhos, a cometer uma imoralidade!
Isto é o que eu acho! E é o que a Igreja ensina! Mas você não é obrigado a seguir-nos… em boa verdade, nem sequer é obrigado a ler-me ou a interpelar-me! Deixe de pensar, a cada post que eu escrevo, que eu o estou a condenar ao Inferno, ou que a Igreja o está a condenar ao Inferno, ou que Deus o está a condenar ao Inferno. Ouça o que eu lhe estou a dizer: eu não o condeno, eu não o forço, eu apenas convido-o a alargar os seus horizontes.
De que é que você tem medo? Tem medo de um mero convite? Porque é que, em vez de atentar ao conteúdo do convite e de ver pausadamente se esse convite se enquadra na sua vida ou não, se lhe agrada ou não… você procura diminuir os mensageiros ou Aquele que o convida?
Pois bem, você é livre. Escolha o que bem entender. Mas tenha em atenção que as suas escolhas têm consequências. Sobretudo no âmbito da sexualidade, as suas escolhas têm consequências para as pessoas que você mais ama.
E repare que, nesta minha resposta, eu nunca usei a autoridade de Deus para basear os meus argumentos. Portanto, a sua ideia de que eu preciso de provar a existência de Deus para ter razão, também não se adequa.
Na expectativa de que esta minha resposta seja lida pelo que realmente é e não como uma espécie de auto-de-fé virtual, subscrevo-me com estima.
Cumprimentos
Caro Alma Peregrina.
O meu ponto em relação aos animais não é se eles se comportam moralmente ou não. O facto dos animais, que regem a sua vida principalmente por instinto, terem comportamentos homossexuais acaba com o vosso argumento que o sexo serve apenas para procriação. Não o afirmo, mas este facto pode indicar que, em termos sociais o sexo pode ter funções, por exemplo, de coesão entre indivíduos. E segundo alguns estudos a grande maioria das espécies animais apresenta comportamentos homossexuais, podendo este facto indicar que a homossexualidade não é um comportamento regido pela nossa imoralidade. Isto é, se os animais (que segundo o que você diz) não têm moralidade, implica que o seu comportamento seja definido apenas pelos seus instintos, pela biologia. Podendo-se inferir que a homossexualidade é resultado da biologia dos animais. Resumindo: a homossexualidade não é consequência da imoralidade dos seres humanos e o sexo não serve apenas para procriar.
Você confunde escândalo com vigor na discussão ou, se quiser, emotividade na discussão. Não é mau hábito alguém defender os seus pontos de vista com emotividade. E repare que apenas o fiz em duas ocasiões: quando você disse que deus matou as crianças de Sodoma e não achou errado (apesar dos eufemismos que você utilizou na altura, deus matou mesmo essas crianças) e agora quando você diz que as pessoas que usam contraceptivos e sexo pré-marital (isso inclui-me a mim) o fazem imoralmente. E ainda, repare que apesar da minha emotividade, nunca disse que “a alma do papa cospe veneno”…
Repare que o meu “argumentos ad hominem” foi para lhe mostrar que os católicos (você em particular) afirmam que é imoral usar preservativo, que é imoral ter sexo antes do casamento, que é imoral uma criança de 12 anos (depois de engravidar de uma violação) recorrer ao aborto e pouco dizem/fazem sobre os bispos católicos que negam o holocausto, que praticaram crimes de pedofilia, etc, etc e acham bem esta passividade de deus perante tanto sofrimento no mundo. Pode ser uma falácia eu estar a falar sobre os defeitos de deus e do cristianismo, sei que não contribui para refutar o seu argumento em termos de lógica. Mas diz muito sobre as vossas preocupações, diz muito sobre as bases morais em que assenta o cristianismo.
O que você me disse não põe em perigo o meu relacionamento amoroso… ainda bem que vivemos numa sociedade que não é controlada pela igreja. Aí realmente estaríamos todos em perigo…
Você engana-se, você realmente apontou-me o dedo. Se me diz que eu pratico um acto imoral, acha que eu não me ia defender dessa acusação? E acha que se disser a alguém que está a praticar um acto imoral essa pessoa não se defende com emotividade?
Eu sei que você falou em termos genéricos, mas indirectamente dirigiu-se a mim. E também lhe digo que este tipo de discussões funcionam melhor pessoalmente porque se percebe melhor a intenção da pessoa com quem conversamos. Sei que a sua intenção não foi má, mas não espere que por causa disso eu não tente mostrar-lhe que está errado (emotivamente ou não).
A grande diferença do meu “testemunho” é que eu não lhe estou a dizer que você pratica um acto imoral, é apenas um conselho (bom ou mau não interessa). E não lhe dou este conselho com base no que diz um livro (não é redutor dizê-lo dado que você cita a bíblia constantemente para apoiar os seus argumentos). Um livro muito mau diga-se de passagem.
Está a perceber a questão? O seu testemunho tem no final: “Quem não tiver este comportamento é ou está a praticar um acto imoral”. Eu nunca lhe disse isso. Portanto, o meu “testemunho” é muito diferente do seu.
Você diz: “Ao casar-me com ela, assumo um compromisso.” Ora, o casamento é um compromisso muito fraco. Não é por ter um “contrato” que esse compromisso será cumprido, como bem sabe. Para honrar esse compromisso é suficiente que haja amor entre os dois. O casamento é desnecessário.
Tudo que você diz: acolher os filhos, independentemente de serem convenientes, valorizar a vida, assumir um compromisso com a companheira, etc. é possível mesmo sem o casamento. Eu sou prova disso. O casamento é irrelevante.
Você diz: “(…) eu não o condeno, eu não o forço, eu apenas convido-o a alargar os seus horizontes.” Claro que condena, se você segue o que a bíblia diz, condena. Condenou-me no momento em que falou sobre a imoralidade do sexo pré-marital ou dos contraceptivos. Condenou-me quando disse que devemos todos obediência cega a deus e a Jesus Cristo.
“Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; quem não crê no Filho não verá a vida, mas sobre ele pesa a ira de Deus.” - São João
“Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus.” - São João
Você acredita nisto? Se é um bom católico tem que acreditar. Ora, como eu não acredito em Jesus ou em deus e não fui baptizado, está ou não está a condenar-me?
Claro que a igreja católica condena. Não se trata apenas da sua opinião ou de um convite. O convite católico é muito simples: “São livres de seguir os nossos conselhos, mas se não seguirem estarão a praticar actos imorais e irão para o inferno”. Você pode dar-lhe a interpretação que quiser, mas o que está lá escrito é mesmo isso e foi ensinado assim durante muito tempo.
Acha que eu tenho medo do que disse ou do seu convite? Sinceramente? O seu convite não tem valor, pura e simplesmente. É desnecessária essa visão da vida, do casamento e do sexo. Basta existir amor.
Por fim, você usa constantemente a autoridade de deus nos seus posts para justificar a imoralidade disto ou daquilo (em particular, a homossexualidade, a contracepção e o sexo pré-marital). Começou este post precisamente com uma passagem bíblica completamente intolerante e a partir daí continuou condenando todos os homossexuais como pecadores e imorais e todos os casais não casados à imoralidade.
Tenho muito gosto em conversar consigo, e se me permitir continuarei a fazê-lo no futuro. Mas não espere que eu seja brando a defender o meu ponto de vista porque as suas afirmações são muito sérias e reflectem a intromissão inadmissível que a igreja tem tido na vida das pessoas e na nossa sociedade.
Um abraço sincero e graças a deus que deus não existe.
Caro O Império:
Não sei por que você continua a recorrer aos animais para justificar um comportamento em particular. Sinceramente, eu nunca pensaria em praticar algo só porque um animal o faz.
Em segundo lugar, eu não confundo escândalo com emotividade. Eu próprio sou muito emotivo na minha argumentação... e, sempre que o faço, você escandaliza-se de alguma forma. Dá a sensação que, sempre que sou emotivo, estou a transformar as pessoas em demónios ou a invocar as chamas do Inferno ou sei lá o quê… No entanto, quando eu sou emotivo, não bloqueio a argumentação do meu detractor ao dizer “Como se atreve?” ou “Que horror!” ou “Como pode acreditar nisso?”
Concordo consigo que a Igreja deveria ser mais vigorosa em relação a certos escândalos no seu seio. Mas ela tem feito os possíveis para melhorar nesse aspecto. Não vejo a Igreja a defender que a pedofilia é moralmente correcta, só porque alguns dos seus membros praticaram a pedofilia. Que é o que todo o resto da sociedade tem feito em relação aos seus próprios comportamentos imorais.
Mas o que interessa realmente neste debate (e acho que deveria ser aqui que nos deveríamos concentrar) encontra-se nestas suas frases:
«Está a perceber a questão? O seu testemunho tem no final: “Quem não tiver este comportamento é ou está a praticar um acto imoral”.»
O seu grande problema está em juntar aqui duas coisas completamente distintas.
Uma pessoa não "é" imoral. As pessoas não são "boas", nem "más". Uma pessoa não tem um valor moral inerente.
As pessoas têm, outrossim, comportamentos. E todas as pessoas têm comportamentos morais e imorais.
Todas.
Eu tenho comportamentos imorais.
Acha que eu me condeno por isso?
Acha que eu estou a lançar-me voluntariamente nas chamas do Inferno?
Não.
Eu sou um Ser Humano, falível, imperfeito, pecador.
E você também é... Ou você acha que é perfeito? Se assumir que erra, está a condenar-se?
Eu sinceramente, acho que quando uma pessoa assume os seus erros, não se está a condenar… mas a salvar-se.
Agora, a diferença entre nós os dois está em que você parece identificar-se de tal forma com o comportamento que adoptou, que não parece aceitar que alguém lhe diga que tal comportamento é errado. Parece que lhe estou a fazer um ataque pessoal, como se você "fosse" mesmo o sexo pré-marital e os contraceptivos, como se não tivesse escolha ou livre arbítrio.
Eu, por meu lado (tal como a Igreja), procuro fazer os possíveis para melhorar. Nem sempre o consigo, é claro. Talvez nunca o consiga. Mas tenho de tentar. Tenho de me comprometer em ser uma pessoa melhor.
Isto que eu disse aplica-se ao casamento também. Não. Não é um compromisso fraco. É um compromisso de humildade, de honra, de sacrifício pessoal em nome de um amor, do verdadeiro Amor, do Amor que não tem medo de se assumir até às últimas consequências e que procura ancorar-se em coisas sólidas e não em emoções passageiras e inconstantes.
Tudo o mais, eu considero errado.
Você perguntou-me o que eu achava. Eu respondi-lhe.
Lembro-me que, quando o conheci no blog do Confessionário... você lamentava-se. Dizia que os teístas acavam certos temas intocáveis, tabus que não podiam ser discutidos ou contraditos por razões de "respeito".
Eu propus-me a modificar essa sua ideia e não houve nada que eu não debatesse consigo, nada que eu não discutisse, nunca disse que você vinha do Demónio, nunca disse que você vai para o Inferno, nunca me recusei a falar consigo fosse sobre o que fosse.
Você acha que eu estou errado e, sinceramente, eu não considero que você me condene por isso. Você acha que eu sigo uma igreja imoral, um deus imoral e eu poderia inferir daí que você acha que eu sou imoral. Porém, nunca fiz essa inferência.
E, no entanto, cá está você... praticando aquilo que o entristecia nos teístas. O tabu já não é a "religião"... mas a "sexualidade". A sexualidade parece ser um tema intocável, tabu, que não pode ser discutido ou contradito por razões de “respeito”.
Pois bem, eu repito-lhe: o sexo pré-marital e a contracepção são imorais. Enumerei as minhas razões. Não acusei ninguém. Se você pensa que, por causa disto, eu o vou arrastar para uma igreja ou conservatória pelos cabelos para o forçar a casar... se você acha que eu vou queimá-lo na praça pública... se você acha que eu vou estabelecer uma teocracia com o intuito de o perseguir...
... então, lamento, estas conversas que temos tido não tiveram sequer o propósito de nos ficarmos a conhecer como humanos.
Agora, se me permite, eu vou parafrasear algo que você disse no seu comentário de 27/1/2010 11:13. Pode ser que assim você compreenda:
“Eu não o conheço, mas aconselho-o a apaixonar-se por Deus e a amorosamente segui-Lo todos os dias. Verá que o mundo não vai acabar e sentir-se-á muito mais livre desses preconceitos sexuais que tanto mal fazem no mundo.”
… e mais! Você vai continuar a ter a sua maravilhosa e feliz sexualidade com a sua parceira. Isso é que é um bónus!
Faça disto o que bem entender.
Cumprimentos
Peço desculpa por me intrometer.
Eu compreendo que um crente fique incomodado quando alguém diz que ele tem um comportamente imoral. Já num ateu acho estranho. A moral que aqui se está a falar é a moral critã. Pressupõe a existência de Deus. Para um ateu dizer que ele tem um comportamento imoral, deveria querer dizer o mesmo que ele tinha um comportamento azul. Nada.
Isto pode levantar o argumento de que então a Igreja devia calar-se ou falar só para dentro de portas, mas isso teria que acontecer também para o ateísmo.
Pelo debate que em cima, vejo duas concepções filosóficas diferentes. Quem acredita em Deus tem pressupostos distintos de quem não acredita. O Império está a apontar contradições internas na mensagem da Bíblia, partindo de pressupostos ateus. Parece-me incorrecto em termos de argumentação. É como fazer cálculos usando metros e quilómentros sem conversões.
Cumprimentos aos dois
j
Caro J:
Muito obrigado pela sua intervenção.
Concordo com os seus dois últimos parágrafos, mas discordo do primeiro.
Em primeiro lugar, acho que um crente não deve ficar incomodado quando lhe dizem que tem um comportamento imoral. Deve, outrossim, acolher essa crítica e aproveita-la para se auto-avaliar.
Em segundo lugar, não acredito que os ateus sejam incapazes de raciocinar com moralidade.
Abstive-me, neste debate, de introduzir um termo criado pelos escolásticos medievais e que foi de importância primordial na evolução do Direito Ocidental: a Lei Natural.
Não quis introduzir esse termo, porque temia que o Império, desconhecendo a definição desse termo, aproveitasse o argumento da "moralidade e dos animais" para deturpar o significado de Lei Natural.
Ora, Lei Natural, no contexto em que os cristãos o compreendem, significa que todos os seres humanos (sejam cristãos ou não) possuem uma concepção de Certo e Errado, de Bem e de Mal. E que essa concepção é compreensível para todos.
É precisamente isso que está na citação do Apóstolo S. Paulo que faz a introdução deste post. Mesmo sendo descrentes, os pagãos "não se podem escusar" dos seus comportamentos imorais neste domínio. Porque são imorais, independentemente da religião professada.
Não é o mesmo defender a imoralidade da homossexualidade e defender o dogma da Santíssima Trindade. Não é o mesmo defender a imoralidade do furto ou do homicídio e defender a Transubstanciação do Corpo e Sangue de Cristo. Não é o mesmo defender a inviolabilidade do casamento civil e defender a sacralidade do matrimónio.
Os primeiros são ensinamentos morais acessíveis a todos e houve (e ainda há) muitos ateus que defenderam esses ideias, baseando-se apenas na sua moralidade "natural". Os últimos exigem, obrigatoriamente, a crença em Deus e, portanto, não podem ser extensíveis aos ateus.
Agora, o facto de esta moralidade ser acessível a todos, não significa que seja praticada ou concordada por todos.
Em suma, é precisamente porque eu acredito que os ateus são capazes de ter comportamentos morais e raciocínios morais, que eu me dirijo a todos neste post e no post abaixo.
Pax Christi
Caro Alma Peregrina.
Vou lhe fazer duas perguntas directas e simples:
1 - Tudo que você disse e todas as opiniões que você expressou até ao momento no seu blog estão baseadas na bíblia e na sua fé em deus?
2 - Se, hipoteticamente, eu lhe disser que você pratica um acto imoral ao praticar a castidade? E justifico-lhe a afirmação dizendo que a árvore sagrada, criadora do universo, que vive no meu jardim gravou na pedra que o Homem deve procriar sempre que puder para assim respeitar a vida que ela criou e para respeitar as crianças que ainda não nasceram.
Cumprimentos.
Caro Jota.
Obrigado pela sua intervenção.
O meu problema com todos os debates que tive com o nosso amigo comum Alma Peregrina é o seguinte: por muito elaboradas que sejam as justificações de um crente, por muito justificados que sejam os raciocínios de um crente, há sempre um momento em que surge a ideia: “isto aconteceu porque deus é omnipotente, omnisciente e omnipresente. É o nosso criador e criador de tudo que existe, por isso ele pode e tem o direito a fazer o que bem entender com a sua criação. E eu confio nele cegamente.”
E neste ponto a discussão acaba abruptamente porque me dizem que: “acredita se quiseres, a fé é assim mesmo. Sente-se.” Isto faz com que os crentes sejam capazes de justificar episódios como o de Sodoma, o de Abraão, de Jó, dos genocídios… enfim de tudo que lemos na bíblia.
Por exemplo em S. Mateus, Jesus diz: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho mais que a mim, não é digno de mim.” Ora, um amigo católico meu disse-me que esta passagem interpreta-se da seguinte forma: amando a nossa mãe, pai e filho estamos a amar jesus e deus acima de tudo. É este tipo de reviravolta que se usa constantemente para justificar as passagens da bíblia. E é isto que eu me oponho. O que está lá escrito está lá escrito, e não se trata de ler a bíblia de forma literal, trata-se de não inventar interpretações para adocicar a intolerância deste livro.
A minha resposta ao Alma Peregrina surgiu não por ele ter falado em imoralidade (pratico actos imorais, não tenho problemas em admitir). Mas sim, porque ele justificou a sua opinião sobre a imoralidade com base na bíblia, em deus e no tipo de interpretações que escrevi anteriormente. Em suma, com base na sua fé.
Não tenho problema nenhum com a crítica desde que fundamentada. E dizer-me que eu pratico um acto imoral porque é o que resulta da interpretação da bíblia e da fé, não é fundamentar uma crítica.
Cumprimentos
Caro O Império:
"1 - Tudo que você disse e todas as opiniões que você expressou até ao momento no seu blog estão baseadas na bíblia e na sua fé em deus?"
Não.
Mas nenhuma das minhas opiniões contradiz a Bíblia ou a fé em Deus.
"2 - Se, hipoteticamente, eu lhe disser que você pratica um acto imoral ao praticar a castidade? E justifico-lhe a afirmação dizendo que a árvore sagrada, criadora do universo, que vive no meu jardim gravou na pedra que o Homem deve procriar sempre que puder para assim respeitar a vida que ela criou e para respeitar as crianças que ainda não nasceram."
Agradecer-lhe-ia a sua critica, mas diria que não acredito em si.
O problema com o seu argumento é que eu nunca lhe disse isto. E você continua a ignorá-lo (não sei se voluntariamente ou não).
Eu fundamentei a minha opinião, quer você goste quer não, em argumentos que são apreensíveis e defensáveis por qualquer ateu.
Do meu post:
"Não é preciso ser-se cristão ou teísta para compreender que a sexualidade é algo de belo. E não é preciso ser-se cristão ou teísta para que se verifique que a sexualidade se encontra ligada a algo de igualmente belo como seja o "milagre da vida". A sexualidade é, por assim dizer, a embaixadora entre o Amor e a vida que é dada a cada um de nós (...)De igual modo, não é preciso ser-se cristão ou teísta para se perceber que a dissociação da sexualidade da procriação vai ter efeitos inevitáveis na nossa perspectiva diante da Vida humana. Porque a sexualidade é dos encontros mais íntimos que há, obriga a que os seus intervenientes se exponham a uma grande vulnerabilidade... vulnerabilidade essa que apenas pode ser colmatada diante de uma confiança mútua sólida. Além disso, como cada um de nós é fruto de uma relação sexual, as alterações nos conceitos sexuais vão modificar a nossa auto-imagem e a imagem que temos dos outros e da Humanidade..."
Do meu comentário de 27 de Janeiro:
"Mas antes de fazer amor todos os dias com a minha mulher, há algo que eu sinto que devo fazer.
Se eu simplesmente me unir a ela, recusando-lhe um compromisso, estarei a colocá-la numa situação de fragilidade. Vai ser ela a engravidar, não eu. Vai ser ela que vai ter de passar pelos problemas de um parto ou de um abortamento, conforme a sua decisão. Pergunto-me, se vou ter coragem para estar junto dela, aconteça o que acontecer…
Ao casar-me com ela, assumo um compromisso. Para o bem e para o mal, para a saúde e para a doença, para toda a vida. Estou a dizer que pretendo ter essa coragem, de a amar não importam as circunstâncias. Posso fracassar… mas pelo menos estou disposto a tentar.
De igual modo, ao manter a minha sexualidade aberta à vida, estou a fazer algo de semelhante. Estou a assumir um compromisso diante dos filhos que possam resultar dessa união. Estou a dizer que vou acolhê-los, independentemente de serem convenientes ou não.
Se me recusar a assumir esse compromisso, estarei a colocar a minha mulher e os meus possíveis filhos numa situação em que eu digo: “OK… eu amo-vos, mas quero ter uma válvula de escape disponível!” Mesmo que essa válvula jamais seja usada, o facto de ela existir está a proclamar que eu não estou disposto a uma entrega total e incondicional. Tenho reservas e pruridos que me impedem essa total entrega… e eu realço que “entrega” e “amor” são sinónimos.
Por outro lado, se eu acho que tenho a coragem de assumir esse compromisso, por que não casar? Por que não manter uma sexualidade aberta à vida? O que me impede?
É isto que eu quero fazer! Quero que a minha sexualidade seja mais! Mais do que aquilo que a sociedade de hoje acha que é!
Não quero que a minha esposa e os meus filhos fiquem vulneráveis! Se o fizesse, estaria, aos meus olhos, a cometer uma imoralidade!"
Não importa o que você diga. Se eu fosse ateu podia defender exactamente a mesma coisa!
Quanto ao facto de os cristãos estarem sempre a achar justificação para as passagens bíblicas mais difíceis... não sei o que lhe diga. A nossa fé deve ser discutida de acordo com aquilo que nós acreditamos e não de acordo com aquilo que os ateus desejam que nós acreditemos para ser mais fácil refutar-nos. De contrário, por que se preocupa em interrogar-nos sobre essas matérias?
Cumprimentos
Enviar um comentário