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Ano da Fé

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segunda-feira, 27 de maio de 2013

ALMA PEREGRINA VAI PUBLICAR UM LIVRO!!!

ATENÇÃO!
A DATA DO LANÇAMENTO FOI ADIADA PARA DIA 29/6, MESMA HORA, MESMO LOCAL.

 Numa noite de tempestade, um recém-nascido é abandonado às portas de um mosteiro de uma ordem contemplativa. No momento em que a encontra, a Madre Superiora vaticina à criança um destino tremendo: o rapaz far-se-ia homem e tornar-se-ia um grande profeta, que impediria a vinda iminente do Anticristo… e o Apocalipse que se seguiria.

Mas, à medida que o rapaz se fazia homem, foi-se confrontando com as verdadeiras implicações desse destino. Pois que, com esse dom, vinha também uma terrível maldição…

Até que, um dia, uma personagem desconhecida chega à vida do rapaz feito homem…

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

JESUS DE NAZARÉ - A INFÂNCIA DE JESUS

Já havia recomendado o magnífico livro Jesus de Nazaré, pelo então Cardeal Ratzinger... tal como recomendo a 2ª parte: Jesus de Nazaré - da entrada em Jerusalém até à Ressurreição.

Logo, não poderia deixar de recomendar o 3º volume "Jesus de Nazaré - A Infância de Jesus", com o qual o Papa Bento XVI completa a sua Cristologia, tão academicamente brilhante, quanto clara para o cristão comum.

Já muito foi dito nos media acerca deste livro. Como de costume, tudo o que dito pelos media foi desinformação (para não lhe chamar coisa pior).


Mas penso que, desta vez, os meus comentários são inúteis. O que é preciso é deixar as palavras do Papa falarem por si.

Portanto, os jornais dizem que o Papa proibiu as representações da vaquinha e do burrinho no Presépio?

O que diz o livro?

"Nenhuma representação do presépio prescindirá do boi e do jumento."

Está lá!
Textualmente!
Pág. 61 da editora Principia, tradução portuguesa!

Então, de onde vem a polémica?

Daqui: "Aqui, no Evangelho, não se fala de animais, mas a meditação guiada pela fé, lendo o Antigo e o Novo Testamento correlacionados, não tardou a preencher esta lacuna, reportando-se a Isaías 1,3: «o boi conhece o seu dono, e o jumento o estábulo do seu senhor; mas Israel, meu povo, nada entende!» (...) Portanto, na singular conexão entre Isaías 1,3; Habacuc 3,2; Êxodo 25,18-20 e a manjedoura aparecem os animais como representação da Humanidade, por si mesma desprovida de compreensão que, diante do Menino, diante da aparição humilde de Deus no estábulo, chega ao conhecimento e, na pobreza de tal nascimento, recebe a epifania que agora a todos ensina a ver. Bem depressa a iconografia cristã individuou este motivo. Nenhuma representação do presépio prescindirá do boi e do jumento"

Sim.
O Papa diz que, nos evangelhos, não se fala de animais.
E (caramba!) está a dizer a verdade!
Quem não se acreditar, que leia os evangelhos! Fala-se lá de animais? Não!
O Papa limitou-se a constatar um facto.

Mas depois de constatar esse facto, o Papa explica por que motivo o boi e o jumento se tornaram ícones cristãos do presépio.
E, por isso, defende a relevância dessas figuras.
Mais do que isso, enriquece-nos com o significado mais profundamente teológico do boi e do jumento.

O Papa fez o oposto do que foi noticiado!

***

Outra polémica: Noticiaram que o Papa dissera que um dos reis magos era espanhol.

Vamos lá ler o que o Papa escreveu:

"Assim como a tradição da Igreja leu, com toda a naturalidade, a narrativa de Natal tendo por horizonte de fundo Isaías 1,3 e deste modo chegaram ao presépio o boi e o jumento, também leu a narrativa dos magos à luz do Salmo 72,10 e de Isaías 60. (...) Se a promessa contida nestes textos estende a proveniência destes homens até ao Extremo Ocidente (Társis = Tartessos, na Espanha), a tradição encarregou-se de desenvolver ainda mais a universalidade destes soberanos, interpretando-os como reis dos três continentes então conhecidos: África, Ásia e Europa".

Portanto, a tradição da Igreja leu, na vinda dos reis magos, uma prefiguração da universalidade da mensagem de Cristo.
Jesus não vinha só para os judeus, mas para o Mundo inteiro.
Tal como estava prometido na profecia de Isaías e no Salmo 72.
Essa promessa estende a proveniência dos adoradores gentios até Espanha, no Extremo Ocidente.

Certo?

A promessa fala de Espanha.
Os verdadeiros reis magos podem não ter vindo de Espanha, mas a promessa da universalidade de Cristo, que eles simbolizavam, mencionava Espanha.
A promessa.
Não os reis magos.

Como tal, as representações tradicionais dos reis magos começaram a incorporar estes elementos teológicos. Pese embora, na Bíblia, não saibamos a real proveniência desses sábios.

***

Última polémica: A ideia de que Jesus não nasceu no ano 1 d.C., mas 4 anos antes.
 
Diz o Papa: "Um primeiro problema ainda é bastante fácil de esclarecer: o recenseamento teve lugar no tempo do Rei Herodes, o Grande, que, porém, morreu já no ano 4 a.C.. O início da nossa contagem do tempo - a determinação do nascimento de Jesus - remonta ao monge Dionysius Exiguus que claramente errou alguns anos nos seus cálculos. Portanto, temos de fixar a data histórica do nascimento de Jesus alguns anos antes."

Mas isto é alguma novidade para algum católico bem informado?

Já se sabia isto há muito!!!

Que é que isso interessa?

Os cálculos de um monge, o estabelecimento da nossa actual maneira de contar o tempo, nada disso faz parte da doutrina da Igreja. Nunca foi formulado dogmaticamente. E é completamente irrelevante para a nossa fé. O que é importante é que Deus se fez História no meio de nós! Se foi no ano 1 d.C. ou no 4 a.C. é completamente irrelevante. O que importa é que aconteceu! Isso é que é depósito de Fé!

***

Portanto, caro leitor, leia o livro. Não se fique apenas pelo que os jornalistas noticiam... porque, como já provei sobejamente, eles só noticiam falsidades sensacionalistas, preconceituosas e ignorantes.

Leia antes o livro. Como pôde ver, pode aprender muitas coisas interessantes com ele. E nada como ir à fonte para conhecer a Verdade.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A IDOLATRIA A QUE UM CATÓLICO MONÁRQUICO PODE ESTAR SUJEITO...

É tradição minha, a cada 5 de Outubro, escrever umas linhas explicando o porquê de eu ser Monárquico Constitucionalista. Mantenho, hoje como ontem, essa minha opção, a qual já expliquei aqui.

Todavia, quem ler o meu post, lerá também que eu explico que uma Monarquia Constitucional não é, obrigatoriamente, benigna. E, embora creia que uma Monarquia Constitucional seja, à partida, o regime que melhor se adaptaria ao nosso país... também é verdade que uma monarquia constitucional corrupta não é melhor do que uma república virtuosa (coisa que esta IIIª República está longe de ser).

Enquanto católico, sei que o Bem está acima das estruturas e das instituições sociais. Estas não produzem o Bem. Não são a fonte do Bem. O Bem vem apenas do Homem, quando se encontra na graça de Deus.

Digo isto, porque vejo muitos católicos a apoiarem certos regimes, simplesmente porque foram menos anticatólicos e anticlericais que o actual. Vejo-os monárquicos, por vivermos numa república maçónica e pagã. Vejo-os salazaristas, por vivermos numa república corrupta e herética. Mas estes regimes também cometeram erros. E erros contra os católicos. Contra a Igreja. Contra a Doutrina. E contra os nossos irmãos e irmãs mais pobres, imagem e figura de Cristo.

Não pretendo retractar-me. Sou Monárquico Constitucionalista e continuarei a sê-lo com orgulho! Todavia, convém repetir amiúde que esta solução política não é uma panaceia para todos os males da Pátria. Convém repetir que um rei pode também pactuar com leis abomináveis (veja-se o Rei Juan Carlos de Espanha ou a Rainha Isabel II de Inglaterra em relação às leis anti-vida e anti-família que nos afectam também). Convém confessar frequentemente os pecados das nossas ideologias, não vão elas levar-nos à idolatria, não vão elas suplantar o lugar de Deus, não vá entrarmos naquele coro intemporal que proclama: "Não temos Rei senão César". O zelo de um católico pode fazê-lo, também a ele, cair na idolatria...

Portanto, hoje proponho este livro, escrito por um bispo português de alta craveira intelectual. Conta a história dos católicos durante a Monarquia Constitucional Portuguesa... e o terrível cesaropapismo a que a Igreja esteve sujeita. Os católicos actuais poderão também encontrar algum conforto, pois que os conflitos que enfrentamos actualmente são, na verdade, já antigos.

(E, claro que o livro não deixa também imunes os católicos monárquicos da vertente absolutista, pois que o cesaropapismo da Monarquia Constitucional derivou bastante de uma espécie de galicanismo português que se originou, precisamente, na Monarquia Absolutista... não esquecer as perseguições pombalinas aos jesuítas)

segunda-feira, 9 de julho de 2012

FOI FEITA JUSTIÇA HISTÓRICA!


Durante anos, o Venerável Papa Pio XII foi acusado injustamente de ter estado silencioso (ou até de ter sido cúmplice activo) durante as crueldades do Holocausto nazi.

E também durante anos, vários estudiosos de renome tentaram (em vão) acabar com esse horrendo preconceito, tão disseminado.

Finalmente, os seus esforços começaram a dar fruto.


Para quem quiser saber mais, recomendo este livro, escrito por um Rabbi judeu (e, portanto, acima de suspeita), que relata os esforços heróicos do Venerável Pio XII no sentido de salvar o maior número possível de judeus, numa altura em que o Vaticano estava rodeado pelas Forças do Eixo.

"The Myth of Hitler's Pope"
by Rabbi David G. Dallin

No Amazon

Para saber ainda mais:

a) Pave the Way Foundation

b) Encíclica Mit Brennender Sorge (escrita pelo Papa Pio XI, mas com o auxílio activo do Cardeal Eugenio Pacelli, futuro Pio XII)

c) Encíclica Summi Pontificatus (primeira encíclica do Papa Pio XII)

d) Radiomensagem de Natal de 1943 do Papa Pio XII

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

SOMOS 7 MIL MILHÕES!!!

E isso é motivo de grande alegria e festa!

"Cristo alimentando a multidão"
Ícone Copta
É claro que muitos dos "sábios" deste tempo andam a invocar o mito da sobrepopulação para transformar esta ocasião feliz num apocalipse, tentando incutir o pânico nas pessoas menos esclarecidas. É incrível (ou talvez não) como os "sábios" conseguem ser sempre tão misantropos, quando não misturam a sua "sabedoria" como uma boa dose de caridade cristã. Ora permitam-me que eu esclareça: 


Meus amigos... o mito da sobrepopulação tem como fonte única e primordial uma certa corrente científica denominada malthusianismo, a qual tem vindo a ser provada constantemente como errada pela evidência da própria realidade.




Só que o malthusianismo não é a única corrente científica acerca deste assunto. Existe uma outra, denominada cornucopianismo. Uma explicação muito sucinta pode ser encontrada no vídeo abaixo.

.
Bem, acabou a festa! Temos 7 mil milhões de pessoas para alimentar! E, para nos ajudar nessa tarefa hercúlea temos... 7 mil milhões de pessoas para nos ajudar! Então, que tal usar esse enorme potencial para resolver o verdadeiro problema da fome mundial?




Para quem quiser saber mais, recomendo este livro (tem de ser encomendado no Amazon)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

DOGMAS SECULARES...

Uma das críticas mais comuns que se fazem à Igreja hoje em dia prende-se com o seu suposto dogmatismo. Os detractores do dogmatismo da Igreja esquecem (ou simplesmente ignoram) que a Dogmática é uma ciência teológica meticulosa e, em vez disso, definem dogma como uma "tese irracional que não se encontra aberta a discussão lógica por parte dos crentes da supracitada tese".

Como tal, decidi hoje iniciar uma rubrica no meu blog intitulada de "Dogmas Seculares". Com isto, demonstrarei que a mentalidade moderna, nas suas diversas vertentes, é mais irracional e fechada do que a mentalidade cristã em geral e católica em particular.

Começo por um artigo de opinião publicado ontem pelo jornal Expresso da autoria de Martim Avillez Figueiredo. Informa-nos ele de que 95% (e eu sublinho e ele sublinha também: 95%!!!) do tecido empresarial português corresponde a pequenas empresas que empregam menos de 10 pessoas. Dessas pequenas empresas, aproximadamente metade dão prejuízo.

Conclusão do emérito opinion-maker: as medidas de austeridade são necessárias para que se desencadeie um processo quase darwiniano de eliminação destas pequenas empresas (as quais, por darem prejuízo, deveriam ter sido eliminadas há muito tempo). Só então poderemos começar a ter uma economia "igual às outras" (palavras dele!), retirando-nos assim da crise financeira.

Portanto, meu amigo, se você está a pensar em usar as suas finanças para criar um pequena empresa que empregue pessoas (por muito poucas que sejam), que crie riqueza para Portugal e torne a sua comunidade mais auto-suficiente, pense duas vezes! Você contribuiria mais para a solução da crise financeira ao trabalhar como criado de mesa num McDonald's ou coisa que o valha!

 A austeridade não é necessária para eliminar as pequenas empresas que dêem prejuízo! As pequenas empresas dão prejuízo por causa da austeridade! Qualquer pessoa sóbria, vendo um modelo económico (a austeridade) que destrói 95% do tecido empresarial do país, tentaria mudar de modelo e não intensificá-lo!!!

Para um rebate mais detalhado e elegante do Dogma da Economia Megalomaníaca, recomendo o livro do economista distributista católico E.F. Schumacher: "Small is beautifull - a study of Economics as if people mattered"



PS: Com que então, 95% das empresas portuguesas são pequenas... pelos vistos Portugal tem mais potencial do que eu pensava! É pena que os políticos estejam sempre a estragar tudo...

domingo, 12 de dezembro de 2010

AS CRÓNICAS DE NÁRNIA



Era uma vez, na Inglaterra dos princípios do século XX, um ateu muito letrado e inteligente da Universidade de Oxford. Um dia esse ateu encontrou um católico devoto, igualmente letrado e inteligente, o que o intrigou muito. Tornaram-se grandes amigos. Eventualmente, graças a Deus, à amizade do católico e à literatura que este lhe recomendou, o ateu converteu-se ao Cristianismo (embora, para desgosto do católico não se tenha convertido ao Catolicismo, mas ao Anglicanismo). Em breve, este novo cristão tornar-se um dos maiores escritores do século XX.

O nome do ateu convertido era C.S. Lewis e foi o autor de "As Crónicas de Nárnia". O católico era J.R.R. Tolkien, o autor de "O Senhor dos Anéis".

C.S. Lewis escreveu as Crónicas de Nárnia como uma forma de catequizar as crianças. Nárnia é um mundo paralelo ao nosso, onde existem muitas criaturas míticas e fantásticas. As Crónicas contam as estórias de crianças do nosso mundo que encontram o caminho para Nárnia e lá vivem muitas aventuras.

Nárnia tem também os seus vilões, nomeadamente a Bruxa Jadis, que não é mais do que o Diabo daquele mundo. Felizmente, também mora lá Aslan, um leão gentil e forte. Aslan é a encarnação de Jesus em Nárnia. Embora isso nunca fique totalmente explícito, C.S. Lewis deixa esses factos muitas vezes implícitos nos livros (às vezes quase descaradamente).



Existem 7 livros da série "As Crónicas de Nárnia". Esses livros não seguem a ordem cronológica do mundo de Nárnia, mas uma ordem lógica que vai revelando mais e mais detalhes apaixonantes à medida que a história se desenrola. Segundo a ordem que C.S. Lewis atribiuiu temos:

1 - O Leão, a Bruxa e o Guarda-Roupa (retrata a vida e morte de Jesus)
2 - O Príncipe Caspian (retrata o mundo moderno)
3 - A Viagem do Caminheiro da Alvorada (retrata a peregrinação interior de cada alma)
4 - O Cavalo e o seu Rapaz (retrata a vida dos cristão na época do expansionismo islâmico)
5 - O Trono de Prata (um pouco como o #3)
6 - O Sobrinho do Mago (retrata o Génesis)
7 - A Última Batalha (retrata o Apocalipse)

Há ainda a ordem cronológica segundo o Mundo de Nárnia (que pode ser um pouco mais compreensível para as crianças):

1 - O Sobrinho do Mago
2 - O Leão, a Bruxa e o Guarda-Roupa
3 - O Cavalo e o seu Rapaz
4 - O Príncipe Caspian
5 - A Viagem do Caminheiro da Alvorada
6 - O Trono de Prata
7 - A Última Batalha

Os livros são muitos bons, mas as adaptações que têm vindo a ser feitas para o grande ecrã são, na minha opinião, ainda melhores! Mais maduros e mais profundos, permitindo que pessoas mais velhas gostem e aprendam com os filmes.

Já foram realizados "O Leão, a Bruxa e o Guarda-Roupa" (2005) e "O Princípe Caspian" (2008). Neste Natal, estreou "A Viagem do Caminheiro da Alvorada". Já o vi e recomendo! Sobretudo porque este terceiro filme esteve quase para não ver a luz do dia, porque a Disney deixou de o patrocinar... O financiamente passou para a 20th Century Fox, mas é preciso que o filme seja um êxito de bilheteiras se queremos que todos os 7 livros cheguem a filmes!





Portanto, melhor do que Harry Potter ou Crepúsculo, que tal ler e visionar "As Crónicas de Nárnia" neste Natal? Afinal, não há nada melhor para aguçar as nossas imaginações que esta época do ano tão alegre e colorida!

sábado, 7 de agosto de 2010

ADMIRÁVEL MUNDO NOVO


Aldous Huxley era um escritor agnóstico, sem particular simpatia pela Religião. Ainda assim, escreveu um livro na década de 1930 que é, para mim, um dos expoentes máximos do romance-ensaio.


"Admirável Mundo Novo" é um livro de ficção científica que retrata um mundo futurista, onde toda a população vive feliz. Feliz, que é como quem diz... alienada por um furor consumista e hedonista, que permite aos grandes senhores do Mundo governar sobre tudo e todos. Como Mustafá Mond (um dos dez administradores mundiais) declara: "O segredo do controlo mundial é fazer as pessoas pensar que estão a escolher o caminho que queremos para elas".


Os administradores mundiais conseguem isto, alimentando as pessoas com muitas recreações, divertimentos e orgias. A sexualidade, a pornografia e a toma de drogas ("soma") são as formas preferidas de alienação... sendo que as crianças são condicionadas de tenra idade a aceitar o status quo, através de uma educação sexual de elevado teor prático e de sofisticadas tecnologias praticamente hipnóticas.


Não só as crianças são pré-condicionadas mentalmente, como são fabricadas. Sim, todos os seres humanos são concebidos in vitro, sendo seleccionados de forma eugénica e predestinados a uma dada casta social. Isto serve para libertar as pessoas, uma vez adultas, de qualquer responsabilidade familiar para que todos se possam concentrar nas suas felicidades individuais. O conceito de "Família" está tão destruído, que chamar alguém de "mãe" ou "pai" é mais insultuoso que chamá-lo de "prostituta" ou "chulo".


Para as crianças que possam ser acidentalmente concebidas fora do ambiente asséptico dos laboratórios, por causa de algum erro nas normas de higiene malthusianas, existem torres de abortuários. E, como a Cultura da Morte tem sempre os dois extremos da Vida em consideração, todos aqueles que atingem uma dada idade são submetidos a eutanásia por uma overdose de soma.


Será inevitável dizer que isto torna a população numa massa de pessoas adolescentes e superficiais, incapazes de compreender conceitos tão simples como o de "Amor". Apenas uma elite restrita consegue aceder a conhecimentos tão profundos, isolando-se em ilhas privadas que não permitem à restante Humanidade escapar das malhas do condicionamento mental e compreender a sua alienação.


Existe apenas um pequeno resquício dos antigos valores morais, tradicionais e religiosos... Encontram-se em algumas reservas indígenas, que os brancos desistiram de converter. É numa dessas bolsas culturais que vive o "Selvagem", o filho de uma branca que se perdeu numa viagem de turismo. Quando o Selvagem é reencontrado, é trazido de volta à civilização... uma civilização que não consegue responder aos seus anseios afectivos e metafísicos. Conseguirá ele evitar perder a sanidade neste Admirável Mundo Novo?


Aldous Huxley acertou em todas (absolutamente todas!) as previsões que fez neste livro (talvez exceptuando-se a predestinação pré-natal a uma dada casta social). É interessante notar em como o Mundo futurista de Huxley é o nosso Mundo presente. Demonstra que não é necessário ser-se teísta para se ser profeta... e não é necessário ser-se cristão para se compreender a urgência dos apelos que a Igreja Católica dirige à modernidade! Deve fazer-nos reflectir... e ler.
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"Acredito que, na próxima geração, os líderes mundiais irão descobrir que o condicionamento infantil e a narco-hipnose são mais eficientes enquanto instrumentos de governo do que prisões... e que a luxúria de Poder pode ser completamente satisfeita ao seduzir as pessoas a um amor pela sua servidão, em vez de as flagelar ou bater até à obediência"
Aldoux Huxley
Carta a George Orwell
1969

sábado, 26 de junho de 2010

O QUE A CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL DEVE À IGREJA CATÓLICA


Nos últimos meses, a Igreja Católica foi alvo de graves críticas, umas justas e outras injustas, umas proporcionadas e outras desproporcionadas... O problema com muitas das críticas à Igreja Católica é que, na grande maioria dos casos, não visam ser construtivas ou objectivas, mas tão somente silenciar uma voz incómoda na sociedade através da sua descredibilização.



Já todos sabemos que a Igreja cometeu vários erros no Passado (e, enquanto instituição humana, continua a cometê-los no Presente e continuará a cometê-los no Futuro)... no entanto, também já todos sabemos que a Igreja já pediu desculpas por esses erros... e que muitos desses erros são inflacionados e deturpados para servir a supracitada agenda.



Mas a Igreja também fez muitas coisas boas no Passado (e, enquanto instituição humana com mandato divino, continua a fazê-las no Presente e continuará a fazê-las no Futuro). E é inadmissível que as nossas elites continuem a louvar a Civilização Ocidental como fruto exclusivo da Civilização Greco-Romana e do Iluminismo, esquecendo e negligenciando o rico contributo da Idade Média e da Civilização Judaico-Cristã.



Não, a Idade Média não foi uma Idade das Trevas... pelo menos, não o foi mais do que o "glorioso" século XX. E se houve Idade das Trevas, foi a Igreja Católica quem ajudou a Europa a sair dela. Não, a Igreja Católica não foi uma fonte de obscurantismo e de ignorância. É difícil acusar a instituição que criou a Universidade de ser fonte de obscurantismo e de ignorância.



Este é um dos equívocos que este livro tenta desfazer. "O que a Civilização Ocidental deve à Igreja Católica" é um livro que mostra, como o próprio nome indica... o que a Civilização Ocidental deve à Igreja Católica.



Poderá o leitor ficar a saber do pioneirismo da Igreja Católica em várias áreas...

... no Direito (pois o Direito Ocidental nasceu do revivalismo do Direito Romano que o Direito Canónico impeliu)...

... na Economia (pois a primeira teoria do Mercado surgiu nas universidades cristãs pela mão de clérigos católicos)...

... na Arte (inegável o contributo do Cristianismo para todas as artes, desde a literatura até à arquitectura, passando pela escultura e pela pintura)...

... no Humanismo (os Direitos Humanos tiveram o seu embrião nas reflexões dos teólogos católicos sobre a dignidade humana)...

... e, sim, até na Ciência (a Igreja Católica foi a maior mecenas e impulsionadora da Ciência da nossa civilização e a maior combatente da superstição). Na verdade, a Igreja foi a criadora da Universidade e, possivelmente, até do próprio método científico. E, tal como vem descrito no livro (embora eu pense que é um bocado despropositado dado o seu tema), o "caso Galileo" não foi a regra, mas a excepção... e mesmo esse "caso Galileo" tem muito que se lhe diga...



Para ficarem com o gostinho deste livro, deixo-vos os trailers de dois documentários que visam sensivelmente a mesma temática:



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A não perder...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O HOMEM ETERNO


Já tive a oportunidade de recomendar um livro de Chesterton neste blog. Faço-o novamente, com "O Homem Eterno"... porque o valor deste fantástico intelectual assim o exige. Na verdade, quem gostou de "Ortodoxia" certamente adorará "O Homem Eterno". Se "Ortodoxia" é o livro que impulsionou Chesterton a descobrir o catolicismo, "O Homem Eterno" é o livro que Chesterton escreveu depois de o ter descoberto e amadurecido na sua conversão. "O Homem Eterno" é o "Ortodoxia" da maturidade intelectual de Chesterton. Por isso, os argumentos estão melhor ordenados, sem jamais perderem a qualidade sui generis deste autor.

Já o disse e volto a repetir: Chesterton é um must para todo e qualquer católico... e uma mais-valia para todo e qualquer não-católico. Chesterton tem uma forma muito própria de expôr os seus argumentos. Se é verdade que ele parece tão lógico e irrefutável como um Sherlock Holmes, também é verdade que ele jamais descura a imaginação ou o humor para afirmar os seus pontos de vista.

Supostamente, "O Homem Eterno" foi escrito como uma resposta a um tratado de Antropologia do ateu H.G. Wells. Devo sublinhar que nunca foi intenção de Chesterton desprezar saberes sérios como a Antropologia ou a Arqueologia (o próprio escritor refere isso num dos anexos do livro). Aquilo que faz Chesterton insurgir-se são certas inferências abusivas que os antropólogos fazem para a vida quotidiana do homem comum, tendo como base essa Antropologia. Ou seja, Chesterton aponta-nos que algumas elites intelectuais estão a usar as ciências de uma forma anticientífica (o que também é muito comum nos dias de hoje, infelizmente). Ora, Chesterton faz-nos esta chamada de atenção precisamente com recurso a argumentos tão simples, tão elementares... que apenas um cientista se esqueceria de os considerar. Não admira, portanto, que muitos católicos chamem Chesterton de "o Apóstolo do Bom-Senso".

Por minha parte, penso que o livro é mais um tratado de Teologia do que de Antropologia. O livro consiste na leitura da História do Homem à luz da fé de um cristão. Desde o Homem Pré-Histórico até ao Homem Eterno (simbolizado por Cristo).


Este livro foi também determinante para a conversão do ateu C.S. Lewis, o qual se tornou um cristão devoto e o escritor da célebre saga "As Crónicas de Nárnia".



Apreciem! Não se arrependerão de pensar um pouco em coisas que jamais pensaram!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

CARITAS IN VERITATE

Foi publicada no dia 7 de Julho a terceira encíclica do nosso Papa Bento XVI, a qual recebeu o nome de Caritas in Veritate ("Caridade na Verdade"). Esta foi também a primeira encíclica social do Papa, ou seja, a sua primeira encíclica a versar sobre a Doutrina Social da Igreja (i.e. a parte da doutrina da Igreja que trata sobre a realidade social e colectiva da Humanidade).



A data da publicação desta encíclica tem muito significado. Em primeiro lugar, o documento foi assinado pelo Papa no dia 29 de Junho, ou seja, na Solenidade de S. Pedro e de S. Paulo (um dia santo). Deste modo, esta encíclica invoca a proteção de S. Pedro (reforçando a sua autoridade papal) e de S. Paulo (para que as suas palavras possam disseminar-se por todos os povos com ardor missionário - uma magnífica forma de terminar o Ano Paulino).


Além disso, esta encíclica foi publicada aproximadamente quarenta anos após a encíclica Populorum Progressio do Papa Paulo VI (à qual, aliás, Bento XVI faz constantes referências no seu texto).
Isto é bastante significativo.
A primeira encíclica social da Igreja foi escrita pelo Papa Leão XIII (denominando-se Rerum Novarum)... e a segunda foi publicada exactamente quarenta anos depois (sob o sugestivo nome de Quadragesima Anno). Desta forma, o Papa Bento XVI parece estar a sugerir uma importância da Populorum Progressio semelhante à da Rerum Novarum.



Finalmente, a publicação da Caritas in Veritate deu-se na véspera de mais uma reunião dos G8 (que compreende os líderes dos 7 países mais industrializados e da Rússia) que se deu em Itália, a poucos quilómetros do Vaticano. Muito apropriado, uma vez que as palavras de Bento XVI se dirigem sobretudo a essas potências mundiais.






Claro que (como tudo o que diz respeito ao Papa Bento XVI) já houve opinion-makers que se apressaram a comentar sobre aquilo que não sabem, deturpando a mensagem do pontífice. Afirmam que, finalmente, a Igreja se modernizou (que é sinónimo de dizer que "virou à Esquerda"... que finalmente está alerta para os problemas sociais). Isto é, claro, uma grande injustiça e uma grande falsidade.



É uma injustiça porque a Igreja sempre teve (desde os seus primórdios) uma grande preocupação social. Mesmo nos tempos em que era apontada como o "ópio do povo" por um certo filósofo alemão, a Igreja já intercedia junto dos patrões pelos direitos dos trabalhadores.



É uma falsidade porque a Igreja não "virou à Esquerda". Nem a Doutrina Social da Igreja é de "direita". A Doutrina Social da Igreja sempre tentou (desde Leão XIII) ser uma "terceira via", uma alternativa quer ao capitalismo, quer ao comunismo/socialismo. Portanto, a Doutrina Social da Igreja não é de Esquerda nem de Direita, pois transcende essas noções.



A Doutrina Social da Igreja assenta no princípio de que as estruturas político-económicas devem agir de acordo com um equilíbrio entre a Solidariedade e a Subsidiariedade (Liberdade). Um equilíbrio que tem como principal finalidade a defesa absoluta da Dignidade Humana de cada um (ou seja, o Bem Comum).



A Esquerda sacrifica a Liberdade no altar de uma Solidariedade enlouquecida. A Esquerda deseja a liberdade absoluta do Estado, à custa da liberdade dos indivíduos.



A Direita sacrifica a Solidariedade no altar de uma Liberdade enlouquecida. A Direita deseja a liberdade absoluta do Mercado, à custa do bem-estar de todos.



A Igreja dá equivalência à Solidariedade e à Liberdade. Nem o Estado nem o Mercado devem ter liberdade absoluta, porque quem exige liberdade absoluta só pode ter um objectivo... a liberdade para praticar o Mal. E o Mal é sempre antítese do Bem Comum (que é o único absoluto da Doutrina Social da Igreja).



Isto é clarificado no parágrafo 39, no qual é dito que o binómio Mercado-Estado corrói a sociedade. Aqui, o Papa está claramente a demarcar-se tanto da posição da Direita como da Esquerda.






Outro dos equívocos que se tem vindo a gerar em torno da encíclica é a de que o Papa Bento XVI terá dado o seu aval à ONU. Peço a atenção dos leitores que, quando o Papa invoca uma Autoridade Mundial, não se está a referir particularmente à ONU. Ou, pelo menos, não à ONU que temos actualmente (que necessita de uma urgente reforma).



O Papa refere a necessidade de uma Autoridade Mundial reconhecida por todos, mas esta tem uma área de actuação restrita a certos campos: a distribuição da riqueza, a regulação dos mercados internacionais, a proteção do meio ambiente, a intendência das migrações... (parágrafo 67)
Por outro lado, esta Autoridade Mundial deve respeitar a Subsidiariedade (parágrafo 57), ou seja, deve resistir à tentação de impôr às culturas locais as ideias de uma certa burocracia elitista e iluminada (coisa que a ONU não faz).
Além disso, o Papa condena explicitamente certas acções da ONU, nomeadamente no âmbito do controlo populacional (parágrafo 28) e da promoção da Cultura da Morte e da Cultura da Trangressão.






Finalmente, os detractores do Papa invocam a separação da Igreja e Estado, em nome de uma laicidade que seria indispensável ao bom funcionamento das estruturas políticas. No entanto, o que estes detractores da Igreja invocam não é laicidade... é laicismo. Ou seja, trata-se de uma tentativa de condicionar o discurso e a doutrina da Igreja no que diz respeito aos temas políticos. Isto é claramente injusto, porque tornaria a Igreja a única instituição social sem qualquer voz nestes domínios da sociedade. Geralmente, esta acusação visa apenas calar uma voz incómoda para a ideologia do acusador. A Igreja tem o imperativo ético de guiar os seus fiéis para uma vivência cristã... e essa vivência inclui, também, a acção dos fiéis a nível social e colectivo. Tais intervenções em nada põem em risco a laicidade. A separação da Igreja e do Estado não significa a separação entre Fé e Política.
Mas o Papa explica muito melhor do que eu a pertinência da Doutrina Social da Igreja num mundo laico e secularizado. Basta ler os parágrafos 9, 11 e 29.





Deste modo, sugiro encarecidamente a todos os católicos (e aos não-católicos de boa vontade) a leitura desta encíclica. Podem consulta-la aqui. Como se trata de um texto muito denso e extenso, tomei a liberdade e resumir a encíclica nos posts abaixo. Tentei não me afastar do significado pretendido pelo Papa e, se o fiz, peço que me corrijam. Além disso, faço notar que o meu resumo não substitui a leitura do original, uma vez que o resumo não contem o encadeamento das ideias ou a riqueza literária da encíclica. Pretendi, isso sim, facilitar a leitura da encíclica por aqueles que estejam menos familiarizados com a Doutrina Social da Igreja, para que estes possam aceder aos maravilhosos conteúdos e verdades que este magnífico texto encerra.



Boa leitura!

domingo, 26 de abril de 2009

ORTODOXIA


No passado dia 13 de Outubro foi retraduzido e reeditado, pela Aletheia Editora, este magnífico livro de G.K. Chesterton (que, para quem não saiba, foi o maior pensador leigo católico do séc. XX). Este é um livro que deveria ser lido por todos os católicos (especialmente os auto-intitulados “não-praticantes”), bem como por todos aqueles que estejam dispostos a viver a maior experiência pessoal e intelectual de todos os tempos. Pois, como o próprio Chesterton diz na capa deste livro “As pessoas adquiriram o tonto costume de se referir à ortodoxia como se fosse uma coisa pesada, enfadonha e segura; a verdade é que nunca houve coisa mais perigosa, nem mais animada”.

Antes da leitura deste livro, eu apenas conhecia Chesterton de ouvido. Agora percebo que todos os elogios feitos a este homem não eram exagerados. Ler “Ortodoxia” é desafiarmos os nossos próprios pré-conceitos, uma vez que Chesterton consegue provar (de uma forma intelectualmente elegante) teses que nos pareceriam completamente disparatadas (como por exemplo, que acreditar em contos de fadas é mais racional do que acreditar num mundo sem Deus).

Mas, como tudo o que eu possa dizer, nunca fará justiça a este livro ou a este escritor, passo a citar alguns excertos do livro (para vos deixar com água na boca):

Se damos grande importância à opinião de homens comuns quando estamos a tratar de assuntos correntes, não há razão nenhuma para a ignorarmos quando estamos a tratar de questões de histórias ou de fábulas.”

O estranho método utilizado pelo céptico reverente, consiste ele em desacreditar histórias sobrenaturais com algum fundamento, contando histórias naturais sem fundamento nenhum.”

A imaginação não produz insanidade. O que produz insanidade é precisamente a razão (…) A poesia é uma actividade sã, porque voga com facilidade num mar infinito; a razão procura atravessar este mar infinito, tornando-o finito. Daqui resulta um esgotamento mental (…) O poeta apenas deseja exaltação e expansão, um mundo onde possa expandir-se. O poeta pretende apenas meter a cabeça nos céus. É o lógico que quer meter os céus na cabeça. E é a cabeça do lógico que rebenta.”

Na Europa moderna, um livre-pensador não é um homem que pensa pela sua própria cabeça; é um homem que, tendo pensado pela sua própria cabeça, chegou a uma série de conclusões específicas acerca da origem material dos fenómenos, da impossibilidade dos milagres, da improbabilidade da imortalidade pessoal, e por aí fora…

Surgiu nas modernas controvérsias o hábito imbecil de afirmar que determinado ponto de vista é defensável em determinado período, mas não é defensável noutros períodos. Assim, um dogma qualquer podia ser credível no século XII, mas deixou de ser credível hoje em dia. Que é o mesmo que dizer que se pode defender determinada filosofia à segunda-feira mas não à quinta-feira, ou que determinada visão do cosmos é adequada às três e meia, mas será inadequada às quatro e meia. Aquilo que um homem pode acreditar depende da filosofia que perfilha, não dependendo do relógio nem do calendário (…) Portanto, quando se discute uma solução histórica, a questão a ter em conta não é saber se ela foi apresentada na nossa época, mas saber se se trata de uma solução para o problema que nos ocupa

O coração tem de estar fixado naquilo em que deve estar fixado; a partir do momento em que o nosso coração está fixado, podemos agir como quisermos.”


Além disso, é de salientar que (como alerta este irmão blogger) é fundamental que este livro esgote para que possamos ter acesso a todos os escritos e pensamentos deste fantástico homem e intelectual. Um must.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

JESUS DE NAZARÉ


O primeiro livro que eu gostaria de sugerir aos leitores do meu blog é (como não poderia deixar de ser) "Jesus de Nazaré" pelo Cardeal Ratzinger (agora Papa Bento XVI), editado pela Esfera dos Livros.

Quem conhecer o nosso actual papa, saberá que ele é um teólogo de alta craveira que ajudou a moldar o rumo do Concílio Vaticano II e cujo intelecto é muito admirado na comunidade teológica.

O sonho dele sempre foi escrever uma obra de exposição e sistematização da Cristologia (a parte da Teologia que concerne ao estudo de Cristo).

Infelizmente (ou será felizmente?!?!) o Espírito Santo sempre afastou Sua Santidade do seu projecto, quer com cargos fundamentais na Cúria, quer com as próprias chaves de S. Pedro.

Todavia, ainda assim, o Cardeal Ratzinger teve a oportunidade de publicar esta mini-obra de Cristologia, bastante acessível e elucidativa ao público em geral.

Quem a ler poderá ficar a conhecer melhor o significado (quer teológico, quer bíblico, quer histórico) do Baptismo de Jesus, das Tentações no Deserto, das Bem-Aventuranças, do Pai Nosso e do Sermão no Monte. Também descobrirá o significado de alguns dos títulos de Jesus (como "Filho de Deus") e a relação entre os actos de Jesus e as festas judaicas. Finalmente, verá respostas às acusações infundadas que visam pôr em oposição o Jesus Histórico e o Cristo da Fé. Em resumo, uma ferramenta inestimável para quem queira instruir-se na sua fé.


OBRIGADO PAPA!!!
P.S.: Infelizmente, o livro é muito escasso no que diz respeito aos significados da Encarnação, da Paixão e da Ressurreição... no entanto, tenho a leve suspeita (e posso estar enganado) de que este livro é apenas o primeiro...


Eis a sinopse, escrita pelo próprio Ratzinger:

"Quis fazer a tentativa de apresentar o Jesus dos evangelhos como o Jesus real, como o «Jesus histórico» em sentido verdadeiro e próprio. Estou convencido – e espero que também o leitor possa dar-se conta do mesmo – que esta figura é muito mais lógica e, do ponto de vista histórico, até mais compreensível do que as reconstruções com que deparámos nas últimas décadas. Penso que precisamente este Jesus – o dos evangelhos – seja uma figura historicamente sensata e convincente. Somente se aconteceu algo de extraordinário, se a figura e as palavras de Jesus superaram radicalmente todas as esperanças e expectativas de então é que se explica a sua crucifixão e a sua eficácia. Cerca de vinte anos após a morte de Jesus, já encontramos, no grande hino a Cristo da carta aos Filipenses (2, 6-11), uma cristologia plenamente desenvolvida, na qual se proclama que Jesus era igual a Deus, mas despojou-Se a Si mesmo, fez-Se homem, humilhou-Se até à morte na cruz, e agora é-Lhe devida a homenagem da criação inteira, a adoração que, no profeta Isaías (45, 23), Deus proclamara como devida apenas a Si mesmo. Com razão a pesquisa crítica se põe a pergunta: O que é que aconteceu nestes vinte anos que se seguiram à crucifixão de Jesus? Como se chegou a esta cristologia? A acção de formações comunitárias anónimas, cujos mentores se procura descobrir, na realidade não explica nada. Como é possível que grupos desconhecidos pudessem ser tão criativos, convencer e deste modo impor-se? Não é mais lógico, mesmo do ponto de vista histórico, que a grandeza do fenómeno se encontre no princípio e que a figura de Jesus, na prática, tenha feito saltar todas as categorias disponíveis e deste modo tenha sido possível compreendê-la apenas a partir do mistério de Deus?"