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Ano da Fé

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segunda-feira, 20 de julho de 2009

CARITAS IN VERITATE

Foi publicada no dia 7 de Julho a terceira encíclica do nosso Papa Bento XVI, a qual recebeu o nome de Caritas in Veritate ("Caridade na Verdade"). Esta foi também a primeira encíclica social do Papa, ou seja, a sua primeira encíclica a versar sobre a Doutrina Social da Igreja (i.e. a parte da doutrina da Igreja que trata sobre a realidade social e colectiva da Humanidade).



A data da publicação desta encíclica tem muito significado. Em primeiro lugar, o documento foi assinado pelo Papa no dia 29 de Junho, ou seja, na Solenidade de S. Pedro e de S. Paulo (um dia santo). Deste modo, esta encíclica invoca a proteção de S. Pedro (reforçando a sua autoridade papal) e de S. Paulo (para que as suas palavras possam disseminar-se por todos os povos com ardor missionário - uma magnífica forma de terminar o Ano Paulino).


Além disso, esta encíclica foi publicada aproximadamente quarenta anos após a encíclica Populorum Progressio do Papa Paulo VI (à qual, aliás, Bento XVI faz constantes referências no seu texto).
Isto é bastante significativo.
A primeira encíclica social da Igreja foi escrita pelo Papa Leão XIII (denominando-se Rerum Novarum)... e a segunda foi publicada exactamente quarenta anos depois (sob o sugestivo nome de Quadragesima Anno). Desta forma, o Papa Bento XVI parece estar a sugerir uma importância da Populorum Progressio semelhante à da Rerum Novarum.



Finalmente, a publicação da Caritas in Veritate deu-se na véspera de mais uma reunião dos G8 (que compreende os líderes dos 7 países mais industrializados e da Rússia) que se deu em Itália, a poucos quilómetros do Vaticano. Muito apropriado, uma vez que as palavras de Bento XVI se dirigem sobretudo a essas potências mundiais.






Claro que (como tudo o que diz respeito ao Papa Bento XVI) já houve opinion-makers que se apressaram a comentar sobre aquilo que não sabem, deturpando a mensagem do pontífice. Afirmam que, finalmente, a Igreja se modernizou (que é sinónimo de dizer que "virou à Esquerda"... que finalmente está alerta para os problemas sociais). Isto é, claro, uma grande injustiça e uma grande falsidade.



É uma injustiça porque a Igreja sempre teve (desde os seus primórdios) uma grande preocupação social. Mesmo nos tempos em que era apontada como o "ópio do povo" por um certo filósofo alemão, a Igreja já intercedia junto dos patrões pelos direitos dos trabalhadores.



É uma falsidade porque a Igreja não "virou à Esquerda". Nem a Doutrina Social da Igreja é de "direita". A Doutrina Social da Igreja sempre tentou (desde Leão XIII) ser uma "terceira via", uma alternativa quer ao capitalismo, quer ao comunismo/socialismo. Portanto, a Doutrina Social da Igreja não é de Esquerda nem de Direita, pois transcende essas noções.



A Doutrina Social da Igreja assenta no princípio de que as estruturas político-económicas devem agir de acordo com um equilíbrio entre a Solidariedade e a Subsidiariedade (Liberdade). Um equilíbrio que tem como principal finalidade a defesa absoluta da Dignidade Humana de cada um (ou seja, o Bem Comum).



A Esquerda sacrifica a Liberdade no altar de uma Solidariedade enlouquecida. A Esquerda deseja a liberdade absoluta do Estado, à custa da liberdade dos indivíduos.



A Direita sacrifica a Solidariedade no altar de uma Liberdade enlouquecida. A Direita deseja a liberdade absoluta do Mercado, à custa do bem-estar de todos.



A Igreja dá equivalência à Solidariedade e à Liberdade. Nem o Estado nem o Mercado devem ter liberdade absoluta, porque quem exige liberdade absoluta só pode ter um objectivo... a liberdade para praticar o Mal. E o Mal é sempre antítese do Bem Comum (que é o único absoluto da Doutrina Social da Igreja).



Isto é clarificado no parágrafo 39, no qual é dito que o binómio Mercado-Estado corrói a sociedade. Aqui, o Papa está claramente a demarcar-se tanto da posição da Direita como da Esquerda.






Outro dos equívocos que se tem vindo a gerar em torno da encíclica é a de que o Papa Bento XVI terá dado o seu aval à ONU. Peço a atenção dos leitores que, quando o Papa invoca uma Autoridade Mundial, não se está a referir particularmente à ONU. Ou, pelo menos, não à ONU que temos actualmente (que necessita de uma urgente reforma).



O Papa refere a necessidade de uma Autoridade Mundial reconhecida por todos, mas esta tem uma área de actuação restrita a certos campos: a distribuição da riqueza, a regulação dos mercados internacionais, a proteção do meio ambiente, a intendência das migrações... (parágrafo 67)
Por outro lado, esta Autoridade Mundial deve respeitar a Subsidiariedade (parágrafo 57), ou seja, deve resistir à tentação de impôr às culturas locais as ideias de uma certa burocracia elitista e iluminada (coisa que a ONU não faz).
Além disso, o Papa condena explicitamente certas acções da ONU, nomeadamente no âmbito do controlo populacional (parágrafo 28) e da promoção da Cultura da Morte e da Cultura da Trangressão.






Finalmente, os detractores do Papa invocam a separação da Igreja e Estado, em nome de uma laicidade que seria indispensável ao bom funcionamento das estruturas políticas. No entanto, o que estes detractores da Igreja invocam não é laicidade... é laicismo. Ou seja, trata-se de uma tentativa de condicionar o discurso e a doutrina da Igreja no que diz respeito aos temas políticos. Isto é claramente injusto, porque tornaria a Igreja a única instituição social sem qualquer voz nestes domínios da sociedade. Geralmente, esta acusação visa apenas calar uma voz incómoda para a ideologia do acusador. A Igreja tem o imperativo ético de guiar os seus fiéis para uma vivência cristã... e essa vivência inclui, também, a acção dos fiéis a nível social e colectivo. Tais intervenções em nada põem em risco a laicidade. A separação da Igreja e do Estado não significa a separação entre Fé e Política.
Mas o Papa explica muito melhor do que eu a pertinência da Doutrina Social da Igreja num mundo laico e secularizado. Basta ler os parágrafos 9, 11 e 29.





Deste modo, sugiro encarecidamente a todos os católicos (e aos não-católicos de boa vontade) a leitura desta encíclica. Podem consulta-la aqui. Como se trata de um texto muito denso e extenso, tomei a liberdade e resumir a encíclica nos posts abaixo. Tentei não me afastar do significado pretendido pelo Papa e, se o fiz, peço que me corrijam. Além disso, faço notar que o meu resumo não substitui a leitura do original, uma vez que o resumo não contem o encadeamento das ideias ou a riqueza literária da encíclica. Pretendi, isso sim, facilitar a leitura da encíclica por aqueles que estejam menos familiarizados com a Doutrina Social da Igreja, para que estes possam aceder aos maravilhosos conteúdos e verdades que este magnífico texto encerra.



Boa leitura!

4 comentários:

*Andreia de Jesus* disse...

Caro "Alma Peregrina":

Não me conhece, nem eu o conheço.

Quanto a mim:
Chamo-me Andreia de Jesus, tenho 28 anos, sou Assistente Social, e faço parte dos primeiros Órgãos Sociais do PPV recém-eleitos (3º membro efectivo da Mesa da Convenção Nacional). Chego até si porque estou bastante atenta ao que se vai passando no Blogue do PPV, onde tenho deixado alguns comentários, como se calhar até já deve ter lido, e li o seu... sobre várias sugestões ao desenvolvimento partidário, felicitação e apreço. Palavras inteligentes e encorajadoras! É desta forma que chego ao seu Blogue e a si.

Quanto a si:
Apesar de não o conhecer, estou surpreendidíssima!!! Seria impossível para mim resistir ao grande impulso de o contactar, pois fiquei quase INCRÉDULA quando li os seus posts recentes no Blogue do PPV! E pelos melhores motivos! Sinceramente... já não achava possível que me deparasse com alguém, que com apenas 24 anos (temos quase a mesma idade, por isso desculpe-me por não o tratar de uma forma mais informal... mas como não o conheço... é uma questão de prudência, poderia não gostar) tivesse a inteligência, profundidade humana e postura que revela. Digo-lhe: os meus sinceros parabéns!!! Acredito que tal como eu, não se sentirá melhor do que ninguém, mas de facto, a avaliar pelos comentários no PPV e por este seu Blogue... é um ser humano com uma intensidade humana e cristã como eu nunca vi em 28 anos de vida! Seria impossível ficar indiferente ou em silêncio. Até porque acredito que na nossa sociedade actual critica-se demais e valoriza-se de menos. Por isso, atrevo-me a valorizá-lo.

Não se identificou, e compreendo os motivos, mas gostava muito de saber quem é, e quem sabe trocar consigo algumas ideias e até colaborações, estabelencendo uma comunicação mais continuada. E isto, porque partilho muiiiiiiiiiiiito sobre a postura que revela. Quando o li, foi como se me estivesse a ler a mim mesma.

(continua)

*Andreia de Jesus* disse...

E posso dar-lhe um exemplo: se calhar não terá lido, mas o que disse sobre o facto dos bebés RC serem muito mais fácil e rapidamente adoptáveis do que as outras crianças (algo que muita gente não sabe) foi exactamente o que escrevi algures nos meus comentários. E não pense que poderá ser visto como "presunção" os contributos que tentou dar. Quanto a mim pessoalmente, como membro do partido (antes tb eu nunca tinha estado integrada em nenhum tipo de actividade política), fiquei com vontade de que fizesse parte! Penso mesmo que pessoas assim fazem muitíssima falta a desenvolver o partido connosco. Sempre de acordo com as suas possibilidades e tempo. E estamos a aceitar novas pessoas, como membros e/ou como colaboradores. Todos juntos, e com o tempo, poderemos fazer coisas realmente fantásticas! Sinto uma pena profunda por ainda não fazer parte, e deixo-lhe aqui o CONVITE nesse sentido (tal como fizeram comigo). No meu caso, inicialmente tive alguma relutância em entrar, por achar que disponho de pouco tempo e que o meu contributo poderia ser diminuto, mas rapidamente percebi o que me disseram: pouco ou muito, cada um dá apenas o contributo que puder. E posso dizer que neste momento, provavelmente até já contribuiu mais para o partido com as suas ideias, do que eu mesma que já estou nele integrada! Por isso, gostaria de lhe pedir não só uma forma de contactar consigo e manter uma comunicação (perdoe-me a liberdade de vir usar este seu Blogue, mas não tinha nenhuma forma mais directa), como também que pense seriamente sobre este convite que lhe faço e me dê uma resposta quando decidir. Nunca me envolvi na política, apesar de ser algo que muito me interessa, sou mais de me envolver na religião, mas pela primeira vez encontrei um partido onde me revejo quase na totalidade, que respeita e aprecia o meu tempo e contributo, e que ainda por cima não é incompatível com a postura religiosa que tenho. Assim sendo, deixo ambas as coisas à sua consideração. Se achar bem, deixe-me uma forma de contacto aqui (em resposta) como por exemplo um msn. Se não, compreendo que terá os seus motivos e desejo que continue o seu caminho dessa forma e que Deus o abençoe pela forma como está no mundo. Quanto ao convite, se declinar, tudo bem, a escolha é sua, poderá escrever-nos para o PPV e partilhar connosco o que quiser, quando quiser. Se quiser aceitar, eu posso colocá-lo em contacto com um dos membros da Direcção Política Nacional do PPV, o Luís Filipe Botelho Ribeiro, ou então poderá fazê-lo directamente escrevendo-lhe um email para: portugalprovida@gmail.com

Outras duas coisas que tb saliento, para terminar:

1. Percebi que gostaria muito de se sentir apto a seguir a vida religiosa de alguma forma. Se isto o confortar, digo-lhe que tb eu gostaria muito de o fazer e já pensei seriamente sobre isso. Mas confesso que também não sinto que seja esse o meu caminho ou o projecto de Deus para mim. O que lhe digo é que mesmo não seguindo por essa via, podemos fazer um caminho de fé na sociedade que poderá fazer a diferença. É que como sabe... Deus precisa muito de "trabalhadores para a sua Vinha", e precisa de nós como instrumentos para os seus projectos na Terra. Penso que com a postura que emana, está a fazer a sua parte! (Por falar em vinha... conheço bem o Projecto "Vinha de Raquel" que mencionou).

2. Penso que o que mais me surpreendeu, foi a forma (e consciência) como abordou a questão das instituições e projectos sociais de apoio a grávidas, bebés e famílias. É que... essa é a minha área profissional específica! Mas é mais do que isso... é a missão da minha vida! Deus concedeu-me a graça de descobri-la muito cedo, depois de alguns questionamentos sobre o caminho a seguir.

Força no caminho e até breve (talvez), tudo de bom para si.

Saudações cristãs,

Andreia de Jesus

Alma peregrina disse...

Cara Andreia de Jesus:

Em primeiro lugar, agradeço-lhe profundamente os elogios que me tece (embora tão despropositados que me senti tentado a não publicar estes comentários no meu blog).

Também li as suas refutações aos detractores do PPV, que me agradaram bastante. Portanto, de facto, posso dizer que essa sensação de sintonia é mútuo.




Em segundo lugar, se me quiser contactar, pode fazê-lo para este mail: pilgrimsoul1@gmail.com




Finalmente, quanto ao seu convite... eu já me inscrevi como membro fundador do PPV, e estive em contacto com o Dr. Luís Botelho. Este é um projecto que me diz muito e tentarei ajudar no que me fôr possível.

O meu problema é estar numa fase de transição da minha vida. Neste momento (pelo menos até ao final do ano) não me posso comprometer com projectos a longo prazo. Acabei o meu curso este ano e ainda não sei onde vou ficar destacado para o estágio.

Também é uma fase de transição espiritual para mim. Tem razão no que afirma: eu considerei a vida religiosa, mas cheguei à conclusão que o meu chamamento para o Matrimónio é demasiado forte para ser ignorado. Resta discernir a melhor forma de ser leigo nesta sociedade. Infelizmente, não me sinto chamado para a vida política (pelo menos para já) e sinto-me mais chamado para a apologética, para a escrita e para a nova evangelização.

Se quiser ter uma noção da minha pessoa, sugiro que pesquise a biografia de G.K. Chesterton e aí verá o meu "ídolo", a pessoa com quem eu mais identifico a minha vocação (e a minha pessoa).





Pax Christi

Alma peregrina disse...

Respondo aqui a um comentário de jammarques (que não publiquei, porque penso que não dignificaria o meu blog)

Só lhe digo isto (e não mais lhe responderei enquanto mantiver a sua atitude): se você tivesse uma mente mais aberta áqueles que discordam de si, poderia ver que há muitos mais "milagres" por aí.

Pax Christi