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Ano da Fé

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sábado, 6 de abril de 2013

O MISTERIOSO CASO DO SEPULCRO VAZIO

Hércule Poirot alisou o bigode e fez cara de caso e, valha a redundância, o caso não era para menos. Sentados à sua volta estavam, entre outros, os melhores detectives de todos os tempos: Sherlock Holmes, na companhia do indefectível Dr. Watson, Miss Marple, Arsène Lupin e ainda – pasme-se! – o Padre Brown. Poirot levantou-se, pigarreou e disse:



- Madame, messieurs. Estamos aqui para resolver o maior enigma da história da humanidade. O único caso que nenhum detective, até hoje, conseguiu resolver pela razão e que só as célulazinhas cinzentas de todos nós poderão solucionar: o misterioso caso do sepulcro vazio!



Feita esta introdução, naquele tom cerimonioso e um pouco pedante que era próprio do detective belga, o inspector Japp deu a conhecer o caso: um homem, de pouco mais de trinta anos, fora morto e sepultado, tendo sido depois colocados guardas à entrada do sepulcro. Ao terceiro dia, sem que ninguém tivesse violado a sepultura, o corpo desaparecera misteriosamente.



Sherlock Holmes, que não se separava nunca da sua lupa, garantiu aos presentes que ninguém tinha entrado no sepulcro, durante o tempo decorrido entre a morte e o desaparecimento do cadáver, porque não havia quaisquer pegadas. O Dr. Watson, por sua vez, asseverou que a certidão de óbito era clara e conclusiva quanto à morte, provocada por colapso cardíaco fulminante, depois de longa agonia.



Teria o corpo sido roubado pelos familiares ou amigos do defunto? – alvitrou Arsène Lupin. Mas a hipótese não tinha cabimento, uma vez que foram eles próprios que descobriram a sua ausência. Outros seus amigos estavam tão confiantes de que lá estava o cadáver, que tinham regressado à sua terra de origem, supondo tudo definitivamente acabado. Mesmo que alguns quisessem roubar o corpo, não teriam podido faze-lo, dada a existência de guardas armados, impedindo o acesso.



E se tivessem sido os próprios soldados a retirar o corpo? Arriscavam a própria vida e não ganhavam nada com isso – acrescentou o Capitão Hastings, o fiel colaborador de Poirot. Aliás, foram os próprios guardas que, para não serem responsabilizados pelo desaparecimento, puseram a correr o rumor de que, enquanto dormiam, tinham sido os amigos do morto que tinham roubado o cadáver. O que, como é óbvio, não podiam saber se, efectivamente, estavam a dormir!



- Elementar, meu caro Hastings! – disse Sherlock Holmes.



- E a senhora, Miss Marple, que tem a dizer? – perguntou Hércule Poirot.



- Bem, há um aspecto que ainda não foi referido mas que não escapou à minha intuição feminina. No sepulcro, depois de desaparecido o cadáver, encontrou-se no chão a mortalha, que estava vazia, por assim dizer. Parecia como se o corpo dela se tivesse libertado, sem que ninguém o tivesse tirado de lá! Estranho, não é?!



- Sem dúvida! A propósito do sudário – acrescentou Poirot – é curioso que nele tenha ficado gravada uma imagem, apenas esboçada, da vítima.



- Não foi pintada – acrescentou Japp – mas impressa, como se um objecto incandescente tivesse atravessado o pano. Dir-se-ia uma explosão de luz e de energia extraordinária …



No canto da sala, o Padre Brown parecia alheado da discussão. Desgranara já as contas do rosário, que levava sempre no bolso da sotaina puída. A bem dizer, não sabia porque estava ali, entre os maiores detectives mundiais, ele que era apenas um pobre pároco de aldeia. Passara nesse dia várias horas a confessar e, por isso, estava cansado. Distraidamente abriu o velho breviário, recheado de pagelas, e leu, como que num murmúrio: «Porque procurais entre os mortos Aquele que está vivo?» (Lc 24, 5). E um raio de alegria e de esperança iluminou o mundo. Santa Páscoa!
 
De Padre Gonçalo Portocarrero Almeida
in jornal i

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A NOVA PAIXÃO DE CRISTO

Nosso Senhor! Aqui estais Vós! Passaram-se 2010 anos! A Terra girou 2010 vezes em torno do Sol! E o Universo seguiu o seu curso interminável durante esse exacto período de tempo! Vós, Senhor! Vós é que continuais no mesmo sítio! Volvidos 2010 anos, aí estais Vós outra vez, lançado no mesmo lugar! Porque o Universo todo muda em 2010 anos... só o Coração Humano é que nunca muda...

Ali estais Vós, meu Senhor e meu Deus! Uma vez mais... Nu, desprezado, insignificante! Querem a Tua morte, não porque tenhais cometido algum mal, mas porque incomodais, não nos deixais viver como queremos, não deixais nossas consciências imperturbadas.

Mas hoje, Senhor, hoje não sois um carpinteiro adulto! Hoje sois um embriãozinho! Uma criançazinha indefesa no ventre de sua mãe! Nu! Desprezado! Insignificante! Sim, nesta nova Paixão, nem precisastes de falar, nem abristes a boca, nem pregastes o Evangelho! Só a Vossa presença incomoda! Só a vossa presença é um sinal às nossas consciências de que não podemos viver como bem queremos!

Por isso, eles não Te suportam! Por isso eles vociferam contra Ti! Por isso eles se inflamam, rasgam as vestes, espumam, mentem, blasfemam, odeiam! Alimentados pelo seu fanatismo, que não pode conhecer oposição... eles, os araútos da moral pública, os defensores dos bons costumes... Não os bons costumes da virtude, mas do politicamente correcto!

Eles vêm contra ti! À cabeça dos acusadores, o Sumo-sacerdote: José Caifás Sócrates! Infelizmente, não vem só... todo um Sinédrio de Nobres, Lopes, Mouras e Coelhos vem com o mesmo fito! Na sombra do Sumo-sacerdote rasteja outro sacerdote respeitável desta religião fanática: Manuel Anás Alegre!

Sim! Vede como estão unidos todos eles! Vede como colaboram José Caifás e Manuel Anás! Eles, que no passado se odiavam entre si, se difamavam e caluniavam, se prejudicavam mutuamente, porque cada um queria o lugar mais elevado no Sinédrio, eles que nem se podiam ver... Estão unidos com o único propósito de Te matar, meu Senhor! Como é possível que tantos ódios se possam anular em nome de um Ódio maior... e logo a Ti, que nada fizestes, que apenas Vos limitastes a existir, que nunca maculastes Vossas mãozinhas com mal a ninguém, que nunca manastes nada mais do que inocência e quietude...

Vem o Sinédrio em força, vem todo ele unido! Amanhã, eles todos continuarão a desentender-se e a semear a discórdia por entre as suas facções! Só se unem, em fazer o Mal ao mais pequenino de entre nós... Hoje, eles são um coro, que berra: "Abortai-O! Abortai-O! Abortai-O!"

Atrás deles veio o Povo todo. Ai, pobre Povo, pobre Jerusalém! Em tempos fostes um Povo Escolhido, terra fértil da Cristandade, honrada e fiel ao teu Senhor! Nem Maria resistiu a visitar-te! Mas já não! Esquecestes as palavras de Teu Pai e, em consequência, vindes contra um Filho...

E porquê, Jerusalém? Porquê, Povo? Por que juntas a tua voz à dos carrascos? Por que dás força aos algozes? Por que te moves contra uma pobre Criança, com uma superioridade numérica que abafa todos aqueles que rogam clemência, que imploram perdão, que clamam por decência na Lei e na Nação? Compraram-te, ó Povo, por um par de sandálias? Com que promessas vãs e demagógicas, ó Povo, te seduziu o Sinédrio para assim renunciares à alma, o orgulho dos teus antepassados? De que te serve ganhares o Mundo todo, se perderes a alma... mas pelo défice...

Sobre tudo isto, preside Aníbal Pilatos Silva, homem de Estado, recto, vertical, incorruptível, providencial, divino e esfíngico como um César... Ele tenta conciliar, tentou consensos, tenta arranjar compromissos, tenta ser tolerante... em vão!

Solta Barrabás, na esperança de que isso aplaque a fúria do Sinédrio. Barrabás, um pobre gay, preso por roubar o Casamento... Sim, Barrabás roubou. Era bom aquilo que ele roubou! Quem pode censurá-lo por cobiça-lo? Quem pode repreendê-lo por pensar que jamais seria feliz sem isso? Todavia, não era dele...Não era a ele que pertencia... Barrabás, não era a sociedade que te prendia, era o teu coração enganado...

Aníbal Pilatos Silva solta Barrabás, esperando que o Sinédrio o deixe em paz! Pobre ingénuo! O Sinédrio quer lá saber de Barrabás! Está-se borrifando para ele! Barrabás é um pobre instrumento no meio das manigâncias políticas deles! Barrabás é um pretexto para abortar Jesus! Em que é que soltar Barrabás pacificou o Povo, em que é que o tornou mais governável, em que é que silenciou o Sinédrio? Vê, Pilatos! Vê como eles se encarniçam ainda mais contra ti, farejando a tua tibieza!

"Abortai-O! Abortai-O!" - gritam eles com cada vez mais força - "Abortai-O!"

E há quem olhe para Aníbal Pilatos Silva na esperança de um raio de luz! Na espectativa de que um tal homem de Estado, recto, vertical, incorruptível, providencial, vá tomar as decisões mais correctas, vá tomar o partido dos indefesos, vá agir com Ética, vá repelir os demagogos e restaurar a Justiça e a Verdade!

Oh, golpe rude no coração, tão profundo quão inesperado, quando se vê Aníbal Pilatos Silva lavando daí as suas mãos! Julgas que lavando as tuas mãos te escapas do crime? Julgas que as gerações futuras não recitarão, com a maior das naturalidades, "...sob Pôncio Pilatos..."? Tu, que eras o único que podias ter evitado tudo isto! Mas não era importante! Não era importante que um inocente morresse! O que era importante, era que o Povo continuasse unido, pagando impostos a César, contribuindo para a estabilidade sócio-económica do Império! Aníbal Pilatos Silva é muito responsável! É o Governador de toda a Jerusalém, mesmo que para isso tenha que perecer uma parte dessa mesma Jerusalém...

E depois de toda esta trágica peça, lá és Tu, meu Senhor, encaminhado para o matadouro! Uma vez mais, serás esquartejado, sangrado, trespassado por intrumentos afiados como lanças... ou envenenado por fel no topo de um hissopo metálico.

Ó, Povo de coração empedernido, que a tudo isto assistes com agrado ou indiferença! Não vês que O estás a crucificar? Não vês que "aquilo que fizestes ao menor de entre vós, foi a Mim que o fizestes"? Ó Povo, julgas que Deus não vê? Julgas que Deus não chora? Como se Ele não sentisse na pele quando O crucificaram 50.000 vezes?

Onde está a tua Fé, ó Povo, que te conduziu por entre os mares desconhecidos para descobrires metade do Mundo? Onde está a tua Esperança, ó Povo, que pariu profetas de D. Sebastião e do Quinto Império? Onde está a tua Caridade, ó Povo, que encheu cestos de alimentos de inúmeras iniciativas de Solidariedade Social? Esqueceste-te? Esqueceste-te das tuas armas? Esqueceste-te do teu valor? Esqueceste-te do teu coração?

Não...

Não esqueceste, porque eu faço parte de ti. E eu não me esqueci! E eu estou ali, naquela multidão. Desesperado, desorientado, incapaz de compreender como foi possível que tudo tivesse chegado a este ponto de loucura! E quero gritar, mas os meus gritos são abafados por aquela maioria, por aquele Sinédrio num lugar tão elevado, os meus gritos não chegam aos ouvidos de ninguém...

Chegam aos Teus...

Sim, porque eu, que não tenho voz, diante de tanta injustiça e tanta corrupção, tanta promiscuidade e tanta loucura, eu a quem ninguém ouve, a quem ninguém compreende, a quem todos apontam o dedo porque me recuso a compactuar com tudo isto... em mim... em mim Tu fixaste os Teus olhos...

Senhor, diante disto, que queres que eu faça? Sou totalmente impotente! Que posso eu fazer? Nada, a não ser não juntar as minhas vozes às daqueles que te condenam ou que permitem que sejas condenado? Nada, a não ser não trair-te como um Judas, por trinta dinheiros? Nada, a não ser perder-me de pena e de amor por ti, a Quem mais ninguém ama e de Quem mais ninguém tem pena? Parece-me tão pouco, Senhor! E, no entanto, é tudo o que posso fazer... e é tudo aquilo que pedes de mim.

Ai, Senhor, sinto uma tão grande ira dentro de mim, fervendo, destruindo-me, corroendo-me, ulcerando o meu coração! Ó Senhor, Tu podias acabar com isto! Com um sopro, todos os malfeitores desapareceriam! Com um gesto, toda a injustiça cessaria! Com uma palavra, esta geração seria poupada da sua própria iniquidade! Porquê? Por que não o fazes? Por que te deixas ir matar pela 50.001 vez?

Mistérios que um mero mortal não compreende...

E, no entanto, a resposta está nesse olhar, nesse olhar sereno que Tu em mim fixaste!

Tu recusas-te a fazer o que eles a Ti te fazem!

Tu não abandonas os teus filhos à mercê da Morte!

Tu amas, sem limites!

A resposta está neste meu coração, que mesmo com toda aquela ira, é incapaz de libertar um pingo que seja de ódio. E, assim, a ira se dissolve e me encho de compaixão! Perdoo-lhes, porque não sabem o que fazem! E, ao ver-te expirar o choro silencioso, sem nada poder fazer, triunfo vitoriosamente e gloriosamente sobre aquele que era o meu maior Inimigo, maior que Pilatos ou Caifás...

Eu Amo-te Portugal!!!


quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

UM CONTO DE NATAL (2)

UM CONTO DE NATAL

Curvado, mais pelo frio do que pelo peso da idade, caminhava apressado, arrastando os pés pela rua molhada, nem sequer sentindo que a água entrava pelos buracos dos sapatos já velhos e rotos.

Fosse esse o seu pior mal!

Tinha perdido a noção das horas e dos dias já há muito tempo, mas esta noite ele sabia qual era, e uma profunda tristeza juntava-se ao desespero da sua vida.

Era noite Natal, não tinha dúvidas, pois bastava olhar para as pessoas que por ele passavam, para perceber isso mesmo. Enquanto caminhava naquela noite fria e chuvosa, a memória transportou-o para uma sala, onde uma lareira grande aquecia a casa e os corações à sua volta.
Mesmo ao lado da lareira o presépio, feito com todo o esmero, com musgo como deve ser, e com as figuras tradicionais que representavam aquilo que deviam representar.
No canto esquerdo da sala, a árvore de Natal, simples e discreta, porque devia ser o presépio a ocupar o lugar de destaque. Por baixo da árvore, embrulhos de todas as cores e feitios, os presentes de Natal.Não tinha a certeza, mas pareceu-lhe que, por debaixo da barba por fazer há tanto tempo, um sorriso se tinha aproximado dos seus lábios.

Pieguices, pensou ele, coisas do passado que já não voltam!

Mas isso obrigou-o a recordar a sua infância no Natal em casa dos seus pais, à volta do presépio, e a voz profunda do seu pai repetindo todos os anos:Se deixarmos Jesus nascer nos nossos corações e se com Ele vivermos, nada nem ninguém nos pode tirar a paz e a alegria, e Ele nunca nos deixará sozinhos.

Tretas, disse ele entre dentes, tretas, basta bem olhar para mim!

Lembrou-se então que tinha seguido o conselho do seu pai durante uns anos.
O curso acabado, o primeiro trabalho, a primeira empresa, o seu casamento, a filha e o filho, a casa boa e a boa vida, uma aparente felicidade e a certeza de que nada lhe faltaria.
Algures durante esses anos afastou-se do conselho do pai e Jesus deixou de fazer parte da sua vida, embora, claro, comemorasse o Natal, tentando dar sempre os melhores presentes, até para mostrar como estava bem na vida.

E depois veio aquele ano terrível!
As finanças entraram em colapso, as encomendas deixaram de existir, deixou de haver dinheiro para os ordenados e finalmente os bancos exigiram o pagamento dos valores que tinha pedido para investir na empresa.Num instante viu-se na rua, sem empresa, sem casa, sem nada e com uma vergonha impossível de suportar.
O mundo tinha-se abatido sobre ele e nada nem ninguém o podia ajudar!Achava-se um nada, um ninguém, uma vida sem sentido e só a falta de “coragem” é que o impedia de pôr fim à vida.

Um dia não podendo suportar mais a vergonha, afastou-se definitivamente da família, dos filhos, e embrenhou-se na rua, onde passou a viver da esmola, da caridade, dos expedientes de momento, sem qualquer rumo, sem qualquer sentido, esperando apenas que a morte o levasse.

Tinha desistido de si próprio!

Tinha reparado como esta vida de rua, onde andrajoso e sujo agora vivia, podia transformar um homem em coisa nenhuma.Havia pessoas que ele conhecia e passavam por ele na rua e, se ao princípio lhe parecia que o evitavam, rapidamente começou a perceber que agora nem o reconheciam, aliás, era um sentimento como se não existisse, ou seja, viam-no, mas era como se ele fosse transparente.

Já não havia nada a fazer, já não era ninguém, já não tinha sequer existência!

Lembrou-se então, nem percebia porquê, do conselho do seu pai, e pensou na sua miséria:Será que se eu tivesse continuado a deixar nascer Jesus no meu coração, e a viver com Ele todos os dias, agora estaria melhor? Seria verdade que Ele estaria sempre comigo, até aqui na rua onde estou?

Voltou-lhe ao pensamento a frase que há um pouco tinha sussurrado entre dentes:
Tretas, basta bem olhar para mim!

Mas levado não sabia bem porquê, num murmúrio para si, quase desafiou Jesus dizendo:
Olha Jesus, hoje é noite de Natal. Por aqueles tempos em que Te segui arranja lá qualquer coisa que me faça sentir melhor!
Riu-se de si próprio, pensando que agora já não estava apenas só e sem nada, agora também estava louco!
.
Continuou a caminhar apressado, pois sabia bem que a carrinha daqueles jovens que lhes levavam à noite, comida e bebida quentes, devia estar a chegar ao sítio do costume, e ele queria ser dos primeiros, para ainda ter de beber e de comer.

Chegou enfim ao local quase ao mesmo tempo em que a carrinha aparecia, e reparou que felizmente ainda estavam poucos colegas de infortúnio à espera da distribuição da comida e da bebida.
Olhou para a carrinha e reparou que eram dois rapazes e duas raparigas que faziam a distribuição, mas logo desviou o olhar, porque se tinha vergonha de tudo, dos jovens ainda pior, talvez porque apesar de tudo, sentisse que lhes estava a dar um mau testemunho de vida, a eles que afinal ainda tinham a vida toda pela frente.
Aproximou-se de cabeça baixa e recebeu das mãos de uma das jovens uma caneca fumegante e um pedaço de pão com carne.

A jovem disse-lhe então com uma voz suave:
Ao menos olhe para mim!
Num momento fugaz levantou a cabeça de olhos fechados, com vergonha, e baixou-a imediatamente, afastando-se rapidamente do local.

Não tinha dado três passos sentiu uma mão no ombro e ouviu uma voz que lhe dizia agora mais insistentemente, quase numa súplica:
Olhe para mim!

Havia naquela voz algo familiar que o levou a levantar a cabeça e olhar nos olhos da jovem que lhe tocava. Nesse momento ouviu outra vez aquela voz que lhe atingiu o coração, e dizia agora repassada de tristeza e alegria ao mesmo tempo:
Pai, ó pai, és tu?!

Deixou cair tudo no chão, pois aqueles braços apertavam-no de tal maneira que ele não podia quase respirar.Abraçou-se a ela também, tremendo, a garganta seca, não o deixava proferir palavra.Ouviu então novamente a voz da sua filha que lhe dizia:
Anda pai, vamos para casa. Temos estado todos os dias à tua espera!

Aquelas e aqueles que ali estavam à volta daquela cena, podiam jurar que naquele momento tinham ouvido um coro celestial que cantava: Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados!

Autor: Joaquim Mexia Alves
Tirado do blog Que é a Verdade?

quinta-feira, 18 de junho de 2009

A DÁDIVA

Era uma vez certo homem (um daqueles autoproclamados "católicos não praticantes") que vivia consumido pelas dúvidas e pelos erros. Não conseguia ultrapassar os obstáculos que se erguiam diante de si. Não conseguia libertar-se das vicissitudes da sua existência. A cada golpe do destino, ele respondia com mais angústia, que, por sua vez, gerava mais pecados. Ele não gostava dessa situação, mas já estava tão preso naquele ciclo vicioso, que já não conhecia outra vida. A dada altura, entrou "em piloto automático" e o mesmo sucedeu com a sua relação com Deus.





Um dia o homem passou por uma igreja e viu, à porta, uma criança. Ela estava muito magra, as suas roupas esfarrapadas, os seus olhos lacrimejavam tristeza. A criança estendia a mão ao homem. Este, pela primeira vez em muito tempo, sentiu um calor no seu peito. Naquele momento, o seu coração e o da criança bateram como se fossem um só. Parecia que todo o sentido da existência daquele homem se resumia aquele tão efémero e ténue momento. O homem sacou da carteira e tirou uma nota, a maior que tinha.





Colocou a sua mão sobre a mão aberta e estendida da criança...


... depois, abriu também a mão.


A nota caiu na palma da criança e esta abriu um grande sorriso.





Pois bem, o homem ia retirar-se, quando foi atingido por um anseio. Tinha deixado o trabalho a meio. Já que perdera aquele tempo, bem poderia perder mais algum... Afinal, não adianta oferecer um peixe sem ensinar a pescar. Impunha-se uma lição de vida e a educação faz-se de pequeno.
O homem disse à criança para comprar alimento com aquele dinheiro, mas para guardar o que restasse para dias vindouros. Que procurasse ganhar sempre o seu sustento com suor honrado. Que nunca se metesse em vícios, que apenas consumiriam em vão tudo o que ele ganhasse. Que deixasse a riqueza render, a fim de se livrar da sua pobreza.

No dia seguinte, o homem voltou a passar pela igreja. A criança não estava lá. Mas, por algum motivo, aquela sensação, aquele calor no coração, regressara. Sentiu-se impelido a subir as escadas e a entrar.



Deparou-se imediatamente com o Santíssimo Sacramento. Ele não sabia bem se acreditava ou não na Divina Presença, mas lá se ajoelhou e rezou."Meu Deus, por que não me ajudas? Por que não me livras de todo o Mal que me aflige?"


Então, o homem escutou uma voz, forte como uma trombeta, mas doce como uma brisa. Essa voz irradiava do Sacrário e proclamava:

- Já te ajudei. Que mais queres?

- Quando me ajudaste?

- Ontem, tomei a forma de uma criança e estendi-te a mão. Tu, por tua vez, estendeste a tua para receber a Minha dádiva

- Que dádiva foi essa? Não senti nada a cair na minha mão!

- Dei-te o Meu Reino. Não o sentiste, porque ele é mais pequeno que um grão de mostarda.

- Que faço com essa dádiva, que nem sequer vejo, sinto ou compreendo?

- Tu o disseste ontem, quando Me confundiste com uma criança. Que fazes com a Minha dádiva? Alimenta a tua alma com ela. Mas deixa-a crescer também no teu coração, para poderes alimentar-te dela em tempos vindouros. Tenta ganhá-la todos os dias com suor honrado. Não te metas em vícios que consumam esse Reino em vão e te privem dele. Agora vai em Paz, e faz render o meu Reino entre os teus irmãos.



Autor: Alma Peregrina

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

JESUS ESTÁ ESCONDIDO EM SUA CASA!

A Mar com Canela teve a amabilidade de me enviar estes links, com uma palestra muito engraçada e elucidativa do falecido Padre Léo:

Parte 1

Parte 2

Para quem quiser rir... e pensar!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

OS 2 CANÁRIOS

Era uma vez, numa terra muito semelhante à nossa, dois canários. Eram aves de penugem muito bela. As suas cores exibiam a perfeição da Criação em toda a sua glória. Todo o seu corpo estava perfeitamente desenhado para uma das suas verdadeiras vocações: voar. E as suas gargantas, por sua vez, produziam aquela melodiosa harmonia, que constituía outra das suas grandes vocações: cantar... encerrar num breve trinar todo o sentido do Universo.

Acontece que estes canários não viviam felizes.

Desde que eram uns pequenos ovos, lançados inclementemente na Existência, haviam sido encerrados numa apertada gaiola por um velho muito mau, que gostava de enfeitar a sua mansão com os pássaros que aprisionara. Tal destino fora partilhado pela sua mãe e, invariavelmente, por todos os antepassados de que se pudessem lembrar. Nessas gaiolas, os nossos pequenos heróis não podiam voar e o seu canto era cinzento e insípido.

Um dia, apareceu um menino. Chamava-se Emanuel e tinha muito bom coração. Muitas vezes, quando passava pela mansão do velho, este menino condoía-se dos pássaros que via encerrados nas gaiolas, cujas sombras se insinuavam por entre as janelas. Por isso, Emanuel invadia muitas vezes o território do velho para libertar alguns prisioneiros. Naquele dia foi a vez dos canários.

Emanuel entrou, muito de fininho, para que ninguém se apercebesse da sua entrada, excepto os próprios que se iriam beneficiar da liberdade. Abriu a porta da gaiola. Imediatamente os canários esvoaçaram para o cimo de um armário que havia ali ao pé. Emanuel apontou-lhes um objecto esquisito e disse:
- Usem aquilo! Usem aquilo se querem ser livres!
Entretanto, o velho apareceu e deu uma sova valente em Emanuel. Mas este não se importou. Suportou valentemente as dores porque sabia que o seu sacrifício não seria em vão se tivesse conseguido salvar os canários. Depois, ambos saíram do quarto onde se encontravam.

Ora os canários não percebiam muito das coisas humanas. Eram demasiado vastas e grandiosas para as suas cabeças pequeninas. Mas conseguiram perceber as intenções benévolas de Emanuel quando este apontou para o objecto. Ora este objecto assustava os canários porque era rectangular como a sua gaiola original e brilhava com uma intensidade tal que cegava.

- Vamos! - disse um canário.
- Vamos onde? - replicou o segundo.
- O menino disse que, se queríamos ser livres, deveríamos usar aquele objecto!
- O quê? Acabaste de sair de uma gaiola e já te queres meter noutra?
- Mas... mas se fosse uma gaiola o menino não teria dito que...
- Se calhar ele apenas nos quer engaiolar, na vez do velho!
- Não acredito que alguém que se sacrificou tanto para nos libertar quisesse apenas engaiolar-nos de novo!
- Pois, mas de qualquer forma, que importa? Já estamos livres, não é?
- Será?
- Então, não vês? Olha só este lugar! Está cheio de coisas bonitas!

De facto, a casa do velho, embora sombria, tinha muitos móveis e bugigangas cuja riqueza dourada e púrpura seduzia qualquer um que se perdesse a contemplá-las. Sobre uma mesa havia uns chocolates. Disse o segundo canário:
- Vês? Até tem comida! E é a mais deliciosa que eu já comi! Agora que fomos libertados, podemos viver como reis! Agora esta mansão é nossa! Por que nos haveremos de arriscar a seguir umas instruções cujo resultado é incerto quando tudo isto está à nossa imediata disposição?
- Não sei... mas vou arriscar!

Dito isto, o primeiro canário voou rumo ao objecto estranho, enquanto o segundo permaneceu no topo da mesa. O canário que permaneceu em casa em breve acabou os chocolates e ficou demasiado gordo para voar. As coisas brilhantes e preciosas não lhe valeram. Em boa verdade, ele estava ainda preso, porque a mansão nada mais era do que uma grande gaiola. O velho viu-o e encerrou-o novamente numa gaiola pequena até ao fim dos seus dias.

Quanto ao primeiro canário, safou-se. O objecto rectangular e brilhante não era uma gaiola, era uma janela. Deste modo, ele ganhou o Céu infinito, onde pôde voar e cantar para sempre!
Autor: Alma Peregrina.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

AS ASAS DO ANJO

Era uma vez um anjo, que se orgulhava muito das suas asas.

Estas asas eram de uma envergadura majestosa e inigualável entre todas as criaturas de Deus. As suas penas pareciam um arco-íris que refulgia como se fosse cravejado de pedras preciosas. Este anjo tinha uma beleza tão gloriosa que fazia qualquer ave do céu aterrar imediatamente de vergonha à sua passagem.As suas asas eram, de facto, extremamente formosas. E o anjo sabia-o. Por isso, a cada dia que passava, o orgulho do anjo ia aumentando.

Deste modo, quando Deus o queria incumbir de alguma missão, nunca encontrava o anjo no seu lugar respectivo do Coro Celeste. O anjo, em vez de estar preparado para atender ao chamamento do Senhor, preferia voar de um lado para o outro, testando os limites de velocidade das suas asas, vendo até que ponto lhe ia a habilidade para as acrobacias e piruetas. E se porventura Deus o encontrava e lhe interrompia os voos com algum encargo à terra dos mortais, o anjo demorava-se a cumprir o mandatado, porque parava em cada charco a fim de admirar o seu reflexo.

Deste modo, um dia, depois de passar horas ao espelho num regato, o anjo decidiu regressar ao Paraíso. Só que, tendo voado mais alto do que as mais elevadas camadas da atmosfera, tendo voado para além de planetas e galáxias, tendo voado até às fronteiras da própria Existência, o anjo não encontrou os portões para o Paraíso. Clamou:

- Pai! Pai! Ajuda-me!

Respondeu Deus:

- Que queres, Meu filho?

- Pai! Quero regressar a casa! Mas não encontro os portões do Céu! Onde estão?

- Estão exactamente no mesmo local.

- Como é isso possível, se já vasculhei os confins do universo e não os encontrei?

- Os portões estão no exacto local em que os deixaste e estão abertos como sempre estiveram.

- Então, que se passa? Porque não os acho?

- Porque usaste mal as tuas asas. Eu ofereci-te essas asas para que tu pudesses entrar no Céu. Mas tu enebriaste-te tanto com as tuas asas, que elas se tornaram o teu próprio Céu. Assim sendo, se as tuas asas são o teu Céu, como podem elas fazer-te voar até ao Céu?

-Quer dizer que Tu me expulsaste do Céu? É isso?!
- Não. Os portões estão lá e estão abertos. As tuas asas é que já não te podem levar até lá.

O anjo retirou-se de volta para a Terra. Sentia um misto de ofensa e de confusão: “As minhas asas não me podem levar ao Céu? ESTAS asas?! Ah! Deus deve estar louco! Olhem-me só para estas asas! Haverá alguma coisa que estas asas não possam?! Se calhar o próprio Deus teve inveja das minhas asas! É isso!!! Deus teve inveja e, se calhar, até medo que eu voasse mais alto do que Ele! Pois que Ele fique com o Céu d’Ele que as minhas asas nunca mais terá!”

Pensava assim o anjo e amaldiçoava o Senhor. Como tal, para Lhe mostrar a sua superioridade, o anjo começou a fazer as mais complicadas e espectaculares acrobacias, a subir às montanhas mais elevadas, a atingir velocidades que ultrapassavam a própria luz.

- Estás a ver, Deus? Quem precisa de Ti, quando se tem estas asas? Quem precisa do Teu Céu? Há coisas mais grandiosas! Coisas que posso ser EU a fazer! Quem precisa de Ti e do Teu Céu?!

Mas iam passando os dias, os anos, os séculos… e o anjo notou que estava preso… preso neste Universo tão pequeno (porque o Universo é minúsculo quando comparado com o Céu)… quase incapaz de respirar…Já tinha voado por toda a parte… Já tinha visto tudo pelo menos mil vezes…Já tinha realizado todas as piruetas possíveis e imagináveis… Já tinha enchido a barriga com a brisa da emoção, ao ponto de não conseguir engolir mais…Já tinha passado tanto tempo mirando o seu reflexo, que agora até as suas próprias asas pareciam ter perdido a beleza…Que futuro restava a este anjo?

Uma eternidade!

Uma eternidade de aborrecimento! Uma eternidade de tédio! Uma eternidade de actos repetidos, meros cata-ventos dos seus caprichos! Uma eternidade de solidão! Em suma, o Inferno!Como estaria o Céu? Provavelmente na mesma! E era tão belo o Céu! E como era? Já não se lembrava! O anjo não se lembrava de como era o Céu! Agora arrependia-se de ter passado tão pouco tempo no Céu! Ao menos no Céu, a presença de Deus estava em todo o lado, aspergindo felicidade sobre todos! Como era o Céu? Já não se lembrava!

Todavia, o anjo ainda estava demasiado ferido no seu orgulho para se desculpar a Deus!

Nessa altura, o anjo ouviu um grito! Um grito desesperado! Era um verme! Um verme que estava num prado ali próximo! Um mísero e pequeno verme que, no seu rastejar insignificante, havia-se deparado com um lobo horrendo! O lobo farejava o verme, mirando-o fixamente com os seus olhos vermelhos e esfomeados! Não interessava se era um verme pequeno, o lobo queria devora-lo! E, enquanto procurava a melhor forma de o fazer, torturava a pequena criatura, dando-lhe patadas com as garras afiadas!

Esta cena revoltou a alma do anjo! Indo em socorro do verme, o anjo empurrou o lobo! Mas o lobo, enfurecido por tal afronta, lançou-se sobre o anjo! Houve uma luta feroz! Uma luta que durou uma noite inteira! Mas, finalmente, no meio da neblina matinal, encharcado por um orvalho torrencial, o anjo conseguiu expulsar o lobo!

Todavia, houve um preço a pagar… o anjo ficara com as asas totalmente esfarrapadas! Já não as conseguia agitar, já não podia voar! O anjo apercebeu-se e caiu num profundo pranto.

Entretanto aproximou-se o verme:

- Muito obrigada, meu senhor! Muito obrigada por me ter salvo!

O anjo ergueu-lhe os olhos lavados de lágrimas e berrou:

- Obrigado?! OBRIGADO?! Já viste o que me fizeste? Por tua culpa… por tua culpa… perdi as minhas asas! Perdi o Céu… já não tinha nada, a não ser as minhas asas…e agora, agora nem as minhas asas… não tenho nada…

Enraivecido, o anjo preparou-se para calcar o verme. Mas vendo como este tremia de puro pavor, apercebeu-se como estava a preparar-se para seguir as pisadas do lobo. De que tinha servido ao anjo, então, lutar contra o lobo, perder as asas, se iria sacrificar a causa desse sacrifício? O anjo deteve-se. Virou as costas e disse:

- Vai! Vai à tua vida! Vai-te! Nunca mais te quero ver!

O verme deu meia-volta e retirou-se, profundamente entristecido. O Inverno estava aí à porta. Como já não podia voar, o anjo não podia fugir para a atmosfera acima das nuvens, nem podia escapar para climas mais amenos… Deste modo, o anjo teve de aguentar as agruras tempestuosas do Inverno, o frio cortante, a solidão gélida, as chuvas, os trovões, o vento…

Nesse entretanto, o anjo apercebeu-se de como as suas asas afinal não eram nada. Mesmo antes de se terem danificado, as suas asas eram apenas um monte de ossos e penas… um agregado de moléculas com uma mera função biológica… e os voos mais não eram do que o culminar de uma série de leis físicas e matemáticas…Que valiam as suas asas? Valiam muito, porque tinham sido uma prenda do Pai! Mas o anjo, que fizera ele? Usara essa prenda para magoar o seu Pai! E agora, agora as suas asas nada valiam! Nem sequer tinha conseguido ser simpático para com o pobre verme! O anjo sentia-se profundamente miserável! Como se arrependia de tudo! De tudo o que fizera! De tudo o que era! Que vergonha tinha o anjo de si próprio! Quem lhe dera ser outra pessoa! Quem lhe dera nunca ter nascido! Arrependia-se de tudo!

De tudo? Não! Pelo menos, na sua vida, o anjo tinha salvo um pequeno verme de um lobo! Pelo menos… pelo menos tinha feito uma coisa de útil na vida… tinha valido a pena sacrificar as suas asas por isso… se não tivesse perdido as suas asas, fazendo-o, então não teria cumprido nada de válido na sua existência…

Como era o Céu? Já não se lembrava!

Enfim, a Primavera. O anjo saiu do seu abrigo. Espreguiçou-se ao Sol radiante da manhã. Então, apareceu-lhe uma borboleta. Era uma borboleta linda, e as suas asas estavam enfeitadas por um caleidoscópio de cores. Disse a borboleta:

- Se calhar o senhor não me reconhece… mas eu fui aquele verme que você salvou aqui há tempos! Graças a si pude chegar a borboleta! Eu sei que nada do que eu possa dizer será o suficiente para o compensar, mas quero agradecer-lhe! Muito obrigada!

O anjo estava pasmado. Ficou contemplado a borboleta durante longos momentos, profundamente boquiaberto. A borboleta perguntou:

- Passa-se alguma coisa?

O anjo respondeu:

- Tu… tu és… tu és igual ao Céu!



Autor: Alma Peregrina.