terça-feira, 28 de abril de 2009
CITAÇÃO DO MÊS
domingo, 26 de abril de 2009
ORTODOXIA
Antes da leitura deste livro, eu apenas conhecia Chesterton de ouvido. Agora percebo que todos os elogios feitos a este homem não eram exagerados. Ler “Ortodoxia” é desafiarmos os nossos próprios pré-conceitos, uma vez que Chesterton consegue provar (de uma forma intelectualmente elegante) teses que nos pareceriam completamente disparatadas (como por exemplo, que acreditar em contos de fadas é mais racional do que acreditar num mundo sem Deus).
Mas, como tudo o que eu possa dizer, nunca fará justiça a este livro ou a este escritor, passo a citar alguns excertos do livro (para vos deixar com água na boca):
“Se damos grande importância à opinião de homens comuns quando estamos a tratar de assuntos correntes, não há razão nenhuma para a ignorarmos quando estamos a tratar de questões de histórias ou de fábulas.”
“O estranho método utilizado pelo céptico reverente, consiste ele em desacreditar histórias sobrenaturais com algum fundamento, contando histórias naturais sem fundamento nenhum.”
“A imaginação não produz insanidade. O que produz insanidade é precisamente a razão (…) A poesia é uma actividade sã, porque voga com facilidade num mar infinito; a razão procura atravessar este mar infinito, tornando-o finito. Daqui resulta um esgotamento mental (…) O poeta apenas deseja exaltação e expansão, um mundo onde possa expandir-se. O poeta pretende apenas meter a cabeça nos céus. É o lógico que quer meter os céus na cabeça. E é a cabeça do lógico que rebenta.”
“Na Europa moderna, um livre-pensador não é um homem que pensa pela sua própria cabeça; é um homem que, tendo pensado pela sua própria cabeça, chegou a uma série de conclusões específicas acerca da origem material dos fenómenos, da impossibilidade dos milagres, da improbabilidade da imortalidade pessoal, e por aí fora…”
“Surgiu nas modernas controvérsias o hábito imbecil de afirmar que determinado ponto de vista é defensável em determinado período, mas não é defensável noutros períodos. Assim, um dogma qualquer podia ser credível no século XII, mas deixou de ser credível hoje em dia. Que é o mesmo que dizer que se pode defender determinada filosofia à segunda-feira mas não à quinta-feira, ou que determinada visão do cosmos é adequada às três e meia, mas será inadequada às quatro e meia. Aquilo que um homem pode acreditar depende da filosofia que perfilha, não dependendo do relógio nem do calendário (…) Portanto, quando se discute uma solução histórica, a questão a ter em conta não é saber se ela foi apresentada na nossa época, mas saber se se trata de uma solução para o problema que nos ocupa”
“O coração tem de estar fixado naquilo em que deve estar fixado; a partir do momento em que o nosso coração está fixado, podemos agir como quisermos.”
Além disso, é de salientar que (como alerta este irmão blogger) é fundamental que este livro esgote para que possamos ter acesso a todos os escritos e pensamentos deste fantástico homem e intelectual. Um must.
domingo, 19 de abril de 2009
O PAPA E A DOENÇA DO MUNDO (parte 2/2)
Será então que a polémica frase do Papa foi errada? Vamos relê-la:
“Eu diria que o problema da SIDA não pode ser resolvido com slogans publicitários. Se faltar a alma, se os africanos não se ajudarem uns aos outros, o flagelo não se poderá resolver com a distribuição dos preservativos: pelo contrário, nós agravamos o problema.”
Ao contrário da desinformação que nos vendem por aí, esta frase é factualmente correcta e está de acordo com as evidências científicas sobre o assunto neste momento.
Vou pôr de lado o debate sobre a eficácia intrínseca do preservativo. Está provado que, quando usado consistentemente e de forma correcta, o preservativo é bastante eficaz na prevenção da transmissão do VIH. Não é isso que está em causa. O que está em causa é a veracidade da frase do Papa.
A frase do Papa não é “ao distribuir preservativos nós agravamos o problema” … é, pelo contrário, “Se faltar a alma, a distribuição de preservativos agrava o problema”. Penso que “a alma” aqui se refere à moralidade católica, ou seja, à abstinência sexual pré-marital e à fidelidade conjugal.
É um double-standard gritante quando os opinion-makers gabam a alta eficácia do preservativo (quando usado consistentemente e correctamente), mas estão sempre a criticar a baixa eficácia da moralidade católica (quando não usada consistentemente e correctamente).
Isto porque, quando usado de forma consistente e correcta, a moralidade católica tem uma eficácia (100%) absoluta e superior à do preservativo usado nas mesmas condições (90-95%).
É certo que, quando não é usada de forma consistente e correcta, a moralidade católica deixa a pessoa bastante desprotegida contra o VIH, mas a verdade é que, quando não é usado de forma consistente e correcta, o preservativo também perde grande parte da sua eficácia, ficando-se pelos 69% [1]
Quando o preservativo falha, os seus apoiantes saltam imediatamente para o terreno, propondo mais e melhor educação. No entanto, quando a moralidade católica falha, os mesmos iluminados condenam esta abordagem, considerando-a aprioristicamente como ineficaz, não se preocupando em educar as pessoas ou em motiva-las. Isto é um double-standard, um preconceito, que não tem qualquer raiz científica (e que, na verdade, até é um atentado à Ciência propriamente construída).
Claro que os meus detractores imediatamente me vão dizer: “Pois… só que educar as pessoas para se absterem de relações sexuais é muito mais difícil que educa-las para usarem preservativos em relações sexuais que elas vão praticar de qualquer das formas. A abordagem do Papa é ineficaz porque é irrealista”.
Estas pessoas pensam que o Papa está a pensar numa torre de marfim, aprisionado em conceitos católicos abstractos, afastado das realidades. Mas é precisamente o inverso. São os detractores da Igreja que pensam a partir de uma torre de marfim, aprisionados em conceitos suixant-huitard abstractos, afastados das realidades.
É que África não é o nosso Ocidente super-“civilizado” e inundado por libertinagem sexual e hedonismo. Em África, a mentalidade é completamente diferente. Neste continente, por motivos culturais e económicos, o propósito da sexualidade é, de facto, a procriação. O efeito contraceptivo do preservativo tem sido, na realidade, um efeito dissuasor do seu uso entre as comunidades rurais em África.
Além disso, há estudos que demonstram que é muito difícil promover o uso de preservativos em relações com algum nível de compromisso (mesmo que sejam relações de namorados, que são suficientemente instáveis para poderem fomentar a disseminação da SIDA).
Por outro lado, a distribuição indiscriminada dos preservativos não leva em conta a heterogeneidade cultural da sexualidade. Por exemplo, vi certa vez um documentário na TV que afirmava que, em certas regiões do Congo, o acto sexual apenas era considerado bem-sucedido se o coito magoasse a mulher (são as próprias mulheres que assim o exigem). Não há preservativo que sobreviva a tal violência!
Finalmente, não nos podemos esquecer que, mesmo quando consistentemente e correctamente usados, os preservativos falham. Ou que, em África, os acessos muitas vezes não permitem uma distribuição atempada e eficaz dos preservativos.
Propor (como se vê muitas vezes nos nossos países ocidentais) slogans publicitários que afirmam “Tem os comportamentos sexuais de risco que quiseres! Basta usares o preservativo!” é que é irresponsável. Segundo este artigo aqui em Agosto de 2004, foram distribuídos 40 milhões de preservativos defeituosos. Eu tremo só de pensar nas pessoas que tiveram comportamentos sexuais de risco, com a falsa esperança de que estavam protegidas contra o VIH!!!
De facto, o Papa tem toda a razão. Se a alma faltar, a distribuição de preservativos apenas agrava o problema. Isto é constantemente apoiado pela evidência científica. Dados oficiais relatam que, entre 1994 e 1998, o número de preservativos distribuídos na África do Sul aumentou de 6 milhões para 198 milhões. No entanto, no mesmo país, entre 1997 e 2002, a taxa de mortalidade por VIH/SIDA aumentou 57%. Dados semelhantes (em que uma maior disponibilidade de preservativos acompanhou uma maior prevalência de VIH), foram encontrados nos Camarões, no Botswana e no Zimbabwe.
Em 2003, um artigo de revisão publicado pela UNAIDS (o ramo da ONU ligado à SIDA) relatou “Os preservativos produziram benefícios substanciais (…) onde tanto a transmissão [do vírus] como a promoção dos preservativos se concentraram em áreas de sexo comercial. O benefício para a saúde pública da promoção de preservativos em locais de transmissão heterossexual disseminada [entenda-se, na população geral e não em grupos de risco] permanece, contudo, por estabelecer. Em países como o Uganda que tiveram muito sucesso em controlar a epidemia, a redução do número de parceiros sexuais por indivíduo parece ter sido mais importante do que promover o uso de preservativos”.
O mesmo artigo da UNAIDS reza assim “A possibilidade da apresentação de sexo causal usando o preservativo como socialmente aceitável, prazenteiro e seguro poder aumentar o risco de comportamentos sexuais de risco no público em geral não pode ser desprezada. A promoção de preservativos não necessita de aumentar a actividade sexual para produzir um efeito negativo. Mesmo que atenue uma possível diminuição no número médio de parceiros sexuais que, de outro modo, teria tido lugar, [esta promoção do preservativo] pode ser prejudicial”.
Caramba!!! Exactamente o que o Papa disse!!! Quem diria?!
Portanto, chegamos à conclusão de que a mera distribuição de preservativos não é benéfica no controlo do VIH/SIDA (podendo até agravá-la). Será, então, que a proposta do Papa (a chamada “alma”) tem algum efeito benéfico? A resposta é SIM! Aliás, a própria citação do relatório da UNAIDS faz referência a um caso de sucesso: o Uganda.
Na verdade, este país foi pioneiro numa estratégia denominada ABC.
A – Abstinence (abstinência)
B – Be faithfull (fidelidade conjugal)
C – Condom, if neccessary (preservativos, quando necessários).
Esta estratégia teve o apoio de todos, desde o governo até aos meios de comunicação social ugandeses. Na TV, vários programas televisivos dirigidos aos adolescentes, promoveram o A como sendo um comportamento fixe (ao contrário dos nossos países ditos civilizados, em que ser-se fixe é ser-se sexualmente incontinente). E os preservativos deixaram de ser distribuídos à população em geral, para serem apenas disseminados entre os grupos de risco (como bordéis, por exemplo).
Ora, esta estratégia revolucionária teve um sucesso equivalente a uma vacina de 80% de eficácia. A prevalência do VIH diminuiu em 70%, conforme este artigo publicado na revista Science.
O sucesso desta estratégia está devidamente estudado e foi publicado em várias revistas científicas de renome. Proponho estes três simples artigos que nos dão uma boa ideia do estado actual do conhecimento.
http://www.pubmedcentral.nih.gov/picrender.fcgi?artid=1743366&blobtype=pdf
http://www.pubmedcentral.nih.gov/picrender.fcgi?artid=1743277&blobtype=pdf
http://www.pubmedcentral.nih.gov/picrender.fcgi?artid=1743270&blobtype=pdf
Três artigos publicados num jornal científico de referência, com extensa bibliografia e que não excluem a distribuição de preservativos como um dos ramos da estratégia ABC. Portanto, estão acima de qualquer suspeita de enviesamento em favor dos propósitos que eu pretendo demonstrar.
E não, não pretendo aqui imiscuir-me em miudezas do género: “Ah, mas o Papa opõe-se totalmente ao uso do preservativo e esta estratégia ABC inclui a promoção do preservativo”. A promoção dos preservativos deve fazer-se apenas em grupos de risco. Esses grupos de risco já estão a ter um comportamento anticatólico e imoral. As palavras do Papa não interferem em nada no uso de preservativos nestes grupos, porque se interferissem, esses grupos não teriam comportamentos sexuais de risco. Ponto final.
Portanto, o mito da Igreja Católica como culpada por milhões de mortes por SIDA em África é isso mesmo: um mito! Na verdade, e como já disse, os principais causadores dessas mortes são aqueles que apontam o dedo. Num dos artigos mencionados (“As easy as ABC?”), o autor acusa os governos ocidentais, afirmando: “Os educadores em saúde, em vez de se focarem nas formas de sexo que são «seguras», deveriam concentrar-se nas relações que são «seguras». A maioria dos governos ocidentais consideram esta abordagem como politicamente inaceitável, e continuam a promover a ideia de que «todos possuem um risco equivalente». Na verdade, sexo seguro tem mais a ver com a escolha do parceiro sexual do que com o uso de preservativo.” Que os governos tenham reagido tão rápida e negativamente às palavras do Papa (incluindo a resposta infantil do socialista Zapatero em enviar para África 1 milhão de preservativos) é profundamente paradigmático e fala por si.
Mais uma vez, e como sempre:
“Sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”
Mt 16:18
“A Igreja do Deus vivo (…) é o pilar e o alicerce da Verdade”
1Tm 3:15
[1] Foss AM, Watts CH, Vickerman P, et al. Condoms and prevention of HIV. BMJ 2004;329:185–6.
terça-feira, 14 de abril de 2009
ESPAÇO DO LEITOR
VIA CRUCIS NA BLOGOSFERA
Estação I
Ecce homo ("Eis o Homem!")
Blogger: MJG
Blog: Vidas Vividas
Link: http://vidasvividas-mjg.blogspot.com/2009/04/via-crucis.html
Estação II
Pater, dimitte illis, quia nesciunt, quid faciunt ("Pai, perdoa-lhes, que eles não sabem o que fazem!")
Blogger: Alma Peregrina
Blog: Crónicas de uma Peregrinação
Link: http://cronicasdeumaperegrinacao.blogspot.com/2009/04/via-crucis-na-blogosfera.html
Estação III
Hodie mecum eris in Paradio ("Hoje mesmo estarás coMigo no Paraíso")
Blogger: Maria João
Blog: Caminhar do Sul
Link: http://alcacerdosalfatimaape.blogspot.com/2009/04/via-crucis-na-blogosfera.html
Estação IV
Mulier, ecce filius tuus ("Mulher, eis aí o teu filho.")
Blogger: MRB
Blog: Quadradinhos que não vendem
Estação V
Eloi, eloi, lami sabactami ("Meu Deus, Meu Deus, porque Me abandonaste?")
Blogger: J
Blog: Reino Imperfeito
Link: http://reinoimperfeito.blogspot.com/2009/04/via-crucis-quinta-estacao.html
Estação VI
Sitio ("Tenho sede")
Blogger: Joaquim
Blog: Que é a Verdade?
Link: http://queeaverdade.blogspot.com/2009/04/via-crucis.html
Estação VII
Consummatum est ("Tudo está consumado")
Blogger: Mar com Canela
Blog: Mar com sabor a Canela
Link: http://marcomcanela.blogspot.com/2009/04/via-crucis.html
Estação VIII
In manus Tuas, Domine, commendo Spiritum Meum ("Nas Tuas mãos, Senhor, entrego o Meu Espírito").
Blogger: Sofia
Blog: Via Cristo
Link: http://viacristo.blogspot.com/2009/04/via-crucis.html
domingo, 12 de abril de 2009
quinta-feira, 9 de abril de 2009
VIA CRUCIS NA BLOGOSFERA
Estação anterior (Estação I)
"Ecce homo" ("Eis o homem!")
Blog: Vidas Vividas, da MJG
http://vidasvividas-mjg.blogspot.com/2009/04/via-crucis.html
Pater, dimitte illis, quia nesciunt, quid faciunt ("Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!”)
Pai, perdoa-lhes… Jesus está sofrendo dores físicas terríveis, encontra-se na mais profunda solidão humana, é escarnecido por todos, está a ser reduzido a pó (Ele, que tendo sido Deus desde o princípio, sempre foi infinito e grandioso). E, no entanto, perante isto, Ele não é capaz de sentir o mínimo de hostilidade para com os seus agressores, porque eles são Seus filhos.
Será que nós temos a capacidade de imitar este gesto de grandeza do nosso Pai? Como reagimos quando nos ferem? Como procedemos quando nos ofendem? Será que perdoamos? Será que recordamos que os nossos ofensores são nossos irmãos, ou seja, que também eles são filhos de Deus, amados por Ele até às últimas consequências?
Todavia, esta mensagem tem um duplo sentido. “Eles não sabem o que fazem”. Será que não sabiam mesmo? Será possível que aqueles soldados não soubessem que é errado pegar num seu irmão e infligir-lhe tamanho suplício na carne? Não será que eles o sabiam, bem lá no fundo? Não será daquelas leis que “estão escritas no coração de todos os homens”, como o disse S. Paulo?
Sim, esses soldados já foram crianças… crianças que, provavelmente, choravam quando viam uma pessoa bater na outra. Mas depois cresceram e ensinaram-lhes que matar tinha justificação. Que era para proteger o Estado. Que era necessário para salvaguardar a liberdade dos cidadãos. Que era imprescindível se eles quisessem o salário para sustentar as suas famílias. E os soldados, tão imbuídos nesses ensinamentos luciferinos, preferiram-nos aos ensinamentos claros, justos e misericordiosos do Seu Pai. O Pai que enviou o Seu Filho Unigénito para morrer por eles.
E nós? Quantas vezes nos revoltamos contra a mensagem que Deus continua a transmitir nos nossos tempos? Quantas vezes pegamos na Verdade e a crucificamos, simplesmente porque ela parece ir contra tudo aquilo que sempre aprendemos? Quantas vezes ofendemos a Deus, porque acreditamos mais no Mundo do que n’Ele? Quantas vezes preferimos as nossas opiniões às da Igreja? Quantas vezes não deixamos passar injustiças flagrantes, racionalizando as nossas escolhas e os nossos silêncios com as desculpas mais estapafúrdias?
Senhor, permite-nos que sejamos dignos desta Páscoa. Dai-nos a força de perdoar. E dai-nos a graça de saber o que fazemos, aceitando a Verdade e a Sabedoria, que são Cristo.
Pai Nosso
Que estais no Céu
Santificado seja o Vosso Nome
Venha a nós o Vosso Reino
Seja feita a Vossa Vontade
Assim na Terra como no Céu.
O Pão Nosso de cada dia nos dai hoje
Perdoai-nos as nossas ofensas
Assim como nós perdoamos
a quem nos tenha ofendido
E não nos deixeis cair em tentação
mas livrai-nos do Mal
Ámen.