... vem este magnífico post do Pedro Arroja, que citarei na íntegra, pois que complementa perfeitamente bem o que eu quis dizer previamente.
"Pequenos
Por: Pedro Arroja
Uma das principais conclusões que resultam da doutrina
católica é a de que todos as instituições e processos económicos e sociais devem
ser mantidos pequenos, e que não devem crescer para além daquele tamanho em que
não existe homem que os consiga controlar.
Para a doutrina católica, a comunidade económica e social de
base é tipicamente pequena - a família. A empresa típica do catolicismo é também
pequena -a empresa familiar. O mercado privilegiado da doutrina católica é ainda
pequeno - o mercado local. E o Estado próprio do catolicismo, sendo um Estado
subsidiário, é ainda tipicamente pequeno.
A crise económica e financeira actual, em Portugal e no mundo
ocidental, foi desencadeada em 2008 pela falência de um banco - Lehman Brothers
- que tinha atingido uma dimensão que ninguém controlava. A tal ponto que a
falência foi uma surpresa. E uma supresa que, com a globalização dos mercados,
produziu efeitos, nalguns casos catastróficos (v.g., na Islândia) em todo o
mundo.
Mesmo em Portugal, um país pequeno, houve instituições que
nas últimas décadas cresceram desmesuradamente e que hoje não são controláveis.
O Estado é a primeira dentre elas. A dificuldade em conter o défice orçamental é
que não existe ninguém que tenha capacidade para controlar o Estado. Mas não é
apenas o Estado. Existem outras instituições que estão em decomposição porque
cresceram para além de qualquer controlo. Aquele que foi o maior banco privado
português, e o segundo maior do país, está também agora a desfazer-se numa
agonia lenta.
Instituições grandes e processos globalizados - como grandes
empresas, grandes bancos, grandes Estados e mercados globais - são a receita
certa, quando as coisas correm mal, para que o mundo nos caia sobre a cabeça, e
sem que ninguém se possa opôr. É isso largamente o que está a acontecer em
Portugal e em outros países do ocidente.
Depois de passada esta crise, com os efeitos devastadores que ela está a produzir, vai ser necessário reconstruir as economias dos países afectados, como Portugal. Seria bom que fosse então escutada a mensagem da doutrina católica de que as instituições e os processos sociais devem ser mantidos pequenos para serem controláveis, porque só mantendo-os sob controlo é possível limitar-lhes os riscos e os danos."
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