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Ano da Fé

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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A INQUISIÇÃO MEDIATICO-PROFANA É UM DEUS CIUMENTO


Um dos barões dos media, de seu nome Francisco Pinto Balsemão, resolveu vir a público dizer que é preciso limitar a "desinformação" na Internet. Como? Não disse, mas subentende-se no resto do artigo algum tipo de censura, com o recurso à lei.

Ora, sem dúvida que, na Internet há muita gente que não sabe do que fala, há muita opinião não-fundamentada, há muito "achismo"... enfim, muita "desinformação".

Isso é verdade.

Agora, por que motivo está Pinto Balsemão tão preocupado com esse fenómeno... quando nos media acontece exactamente a mesma coisa?
Não há nos media gente que não sabe do que fala?
Não há nos media muita opinião não-fundamentada?
Não há nos media muito "achismo"?
NÃO SÃO OS MEDIA ACTUAIS A PRINCIPAL FONTE DE "DESINFORMAÇÃO" QUE EXISTE?!?!

É que é preciso ter lata!

Quando este meu humilde blog não tem feito outra coisa nos seus 4 anos de existência que não fosse corrigir constantemente a desinformação dos media!!! Desinformação grosseira, facilmente refutável com factos, que não incentiva a conhecer melhor as realidades, mas que apenas espalha ignorância e preconceito.

Não se acreditam? Vejam só estes links, cheios de deturpações, enviesamentos e invenções várias:

Começa com este... e depois este... e este que está fresquinho... e ainda este... ou o claro enviesamento deste... e a caixa de comentários deste post... e ainda este para terminar.

E é só uma amostra. Muito mais havia para mostrar...

Como este artigo recente. Reparem como o jornalista ignora completamente o que significa o dogma da infalibilidade papal. Reparem como o jornalista ignora que a data do Natal nunca foi dogmaticamente proclamada. Reparem como o jornalista ignora que os cálculos de Dionísio, o Pequeno, foram surpreendemente precisos para as referências históricas que ele tinha na época (só falhou por 4-6 anos!). Reparem como o jornalista ignora que os católicos já sabiam há muito desde pequeno erro no cálculo do ano do Natal... e que isso não abala a nossa fé. Reparem como o jornalista ignora que a data do Natal foi calculada com base na "idade integral" de Jesus, preferindo continuar a espalhar o preconceito sem fundamento histórico, segundo o qual o 25/12 tem como base festividades pagãs. Reparem que o jornalista ignora o conteúdo do livro do Papa Bento XVI, um livro profundo e cheio de conteúdo, escrito por um dos teólogos mais respeitados da actualidade... preferindo uma caricatura reles e rasteira dos escritos do papa.
REPAREM COMO ELE IGNORA ISTO TUDO, É UM POÇO DE IGNORÂNCIA... E AINDA SE ATREVE A CHAFURDAR EM ARROGÂNCIA E CINISMO, COMO SE FOSSE SUPERIOR ÀS COISAS QUE ELE CLARAMENTE DESCONHECE.

Diz Pinto Balsemão que, nessas ditas fontes de desinformação da Net, "há rumores que nunca são confirmados".

É? A sério?

E os rumores nunca confirmados da ligação da pessoa do Papa Bento XVI aos casos de pedofilia, numa clara campanha difamatória de assassínio de carácter?
Foi a Net?
Não! Foram os media!
Quem se esforçou para repôr a verdade?
Quem se esforçou para corrigir a injustiça?
Quem dissipou a desinformação?
Foram os media?
Não! Foi a Net!
Veja-se aqui, aqui e aqui.

Sim! É verdade que, na Net, há muita desinformação! Mas também é verdade que é na Net que se encontram muitos comentadores informados, que sabem do que falam, mas a quem os media jamais pensariam em dar a voz, por não pertencerem à ortodoxia heterodoxa dominante!

***

Isto é tanto mais grave quando se vê que Pinto Balsemão não está preocupado com a desinformação em si. Se assim fosse, estaria também preocupado com a desinformação nos próprios media, dos quais ele é um dos líderes. O que incomoda realmente Pinto Balsemão (e os opinion-makers que se refugiam à sombra dos media tradicionais) é o facto de a Internet, ao que parece, estar a retirar aos media o monopólio... (ahem, quero dizer) o papel fundamental na lavagem de cérebros... (ahem, quero dizer) na formação de opinião pública.

Vejam só estas pérolas do artigo:

não é possível haver sociedade democrática sem haver mediações

a comunicação social ajuda a definir uma agenda pública para a esfera pública

"os meios ditos tradicionais mantenham as suas funções de mensageiro de filtrador, de veiculador de opiniões e de ‘aguilhão’ da opinião pública"

Com que direito vêm estas criaturas, depois, criticar a Igreja por causa da Inquisição e do Index? Cá estão eles a afirmar categoricamente que há uma instituição que está mandatada a interpretar a realidade e a manter o "bom pensamento" dos cidadãos livre de "heresias"!

O que eles querem é continuar a ser os donos das mentes da população. Continuar a mentir e deturpar, sem qualquer contraditório, moldando as ideias das pessoas à imagem e semelhança destes barões. E, ainda por cima, terem as pessoas a pagarem-lhes muitos €€€€€ por esse "serviço". Por isso incomoda-os, incomoda-os tudo o que escape ao seu poder!

***

Até que ponto devemos ser tolerantes com a intolerância?” - disse Pinto Balsemão.

Esta frase é absolutamente deliciosa!
Pelo paradoxo!
Será que Pinto Balsemão é intolerante com a sua própria intolerância à intolerância?

Triste.

Ainda por cima, porque esta frase é das mais utilizadas pelos inimigos do Cristianismo!

Significa mais ou menos isto: "Eu sou tolerante. Porque sim. Vocês discordam de mim. São intolerantes. Não vos posso tolerar, vós que discordais de mim".

Claro está que qualquer um consegue ser tolerante desta maneira.

É uma reviravolta orwelliana do significado de "tolerância".

Tal como é uma reviravolta orwelliana este outro excerto do artigo: «Os cidadãos “que defendem a liberdade de expressão” poderão ser levados a exigir que “sejam colocados limites a essa desinformação”, acrescentou.»

***

O que é ainda mais triste, é ver como as pessoas foram completamente (anti)evangelizadas por esta Inquisição profana!

Hoje em dia, todos consideram o dogma da infalibilidade papal algo ridículo, irracional, opressor! Como se não fosse uma dádiva de Deus, Ele ter criado uma bússola para nos guiar num mundo confuso e complexo!

Mas, se é verdade que ninguém acredita no dogma da infalibilidade papal... por outro lado, toda a gente acredita, implicitamente, no dogma da infalibilidade mediática. Mesmo quando este dogma está, constantemente, a ser desmentido. Ainda assim, as pessoas continuam a citar acriticamente os media quando estes atacam a Igreja. Acreditam em tudo o que eles afirmam, sem questionar, sem investigar, sem pensar. Foram habituados pelos media a raciocinarem através de sound-bytes, a não se informarem com coisas mais pesadas do que uns tweets. E depois de engolirem os preconceitos e a desinformação, vêm ainda acusar os cristãos de não saberem "pensar pelas próprias cabecinhas"... Se eles conhecessem toda a herança cultura e intelectual que desprezam! Poor Jerusalem, pobre Portugal! Rejeitas os profetas de Deus para acreditares nestes patéticos e aburguesados propagandistas em causa própria...

Como já disse uma vez numa das minhas Citações do Mês, da autoria de Sto. António Maria Claret:

"O direito de educar as nações, que a Igreja recebeu do próprio Deus na pessoa dos Apóstolos, foi usurpada por uma turba de jornalistas obscuros e charlatães ignorantes"
 
 
***
 
PS: Claro que também pode suceder eu estar a ler uma notícia que descontextualizou as palavras de Pinto Balsemão, para satisfazer o mais rasteiro sensacionalismo mediático. Todavia, se assim fôr, não seria uma ironia deliciosa? É que, se fôr esse o caso, Pinto Balsemão não foi vítima de desinformação de um obscuro blogueiro, mas da desinformação de um site pertencente aos chamados media tradicionais. LOL!

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