sexta-feira, 30 de novembro de 2012
CITAÇÃO DO MÊS (e do Fim do Mundo)
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Citação do Mês
MAIS INFORMAÇÃO SOBRE O ALEGADO "FIM DO MUNDO" EM 2012
terça-feira, 27 de novembro de 2012
FIM DO MUNDO EM 2012 - MAIS UMA PETA SENSACIONALISTA
PS1: O vídeo tem uma incorrecção. De facto, os maias previram a chegada (e a vitória) dos espanhóis com uma certa exactidão. Todavia, resta saber se a derrota maia não terá sido uma espécie de "profecia auto-cumprida", uma vez que eles já se julgavam derrotados assim que os espanhóis desembarcaram nas suas costas.
PS2: Por outro lado, é preciso notar que os maias (tal como a maioria das tribos ameríndias da altura) não possuíam uma concepção linear do Tempo, mas uma concepção cíclica. Assim, trata-se do fim de uma Era, não do Fim do Mundo. O Fim do Mundo é uma noção cristã, não meso-americana. Afirmar que os maias previram o Fim do Mundo é imputar-lhes uma ideia que eles não possuíam.
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
A INQUISIÇÃO MEDIATICO-PROFANA É UM DEUS CIUMENTO
Um dos barões dos media, de seu nome Francisco Pinto Balsemão, resolveu vir a público dizer que é preciso limitar a "desinformação" na Internet. Como? Não disse, mas subentende-se no resto do artigo algum tipo de censura, com o recurso à lei.
Ora, sem dúvida que, na Internet há muita gente que não sabe do que fala, há muita opinião não-fundamentada, há muito "achismo"... enfim, muita "desinformação".
Isso é verdade.
Agora, por que motivo está Pinto Balsemão tão preocupado com esse fenómeno... quando nos media acontece exactamente a mesma coisa?
Não há nos media gente que não sabe do que fala?
Não há nos media muita opinião não-fundamentada?
Não há nos media muito "achismo"?
NÃO SÃO OS MEDIA ACTUAIS A PRINCIPAL FONTE DE "DESINFORMAÇÃO" QUE EXISTE?!?!
É que é preciso ter lata!
Quando este meu humilde blog não tem feito outra coisa nos seus 4 anos de existência que não fosse corrigir constantemente a desinformação dos media!!! Desinformação grosseira, facilmente refutável com factos, que não incentiva a conhecer melhor as realidades, mas que apenas espalha ignorância e preconceito.
Não se acreditam? Vejam só estes links, cheios de deturpações, enviesamentos e invenções várias:
Começa com este... e depois este... e este que está fresquinho... e ainda este... ou o claro enviesamento deste... e a caixa de comentários deste post... e ainda este para terminar.
E é só uma amostra. Muito mais havia para mostrar...
Como este artigo recente. Reparem como o jornalista ignora completamente o que significa o dogma da infalibilidade papal. Reparem como o jornalista ignora que a data do Natal nunca foi dogmaticamente proclamada. Reparem como o jornalista ignora que os cálculos de Dionísio, o Pequeno, foram surpreendemente precisos para as referências históricas que ele tinha na época (só falhou por 4-6 anos!). Reparem como o jornalista ignora que os católicos já sabiam há muito desde pequeno erro no cálculo do ano do Natal... e que isso não abala a nossa fé. Reparem como o jornalista ignora que a data do Natal foi calculada com base na "idade integral" de Jesus, preferindo continuar a espalhar o preconceito sem fundamento histórico, segundo o qual o 25/12 tem como base festividades pagãs. Reparem que o jornalista ignora o conteúdo do livro do Papa Bento XVI, um livro profundo e cheio de conteúdo, escrito por um dos teólogos mais respeitados da actualidade... preferindo uma caricatura reles e rasteira dos escritos do papa.
REPAREM COMO ELE IGNORA ISTO TUDO, É UM POÇO DE IGNORÂNCIA... E AINDA SE ATREVE A CHAFURDAR EM ARROGÂNCIA E CINISMO, COMO SE FOSSE SUPERIOR ÀS COISAS QUE ELE CLARAMENTE DESCONHECE.
Diz Pinto Balsemão que, nessas ditas fontes de desinformação da Net, "há rumores que nunca são confirmados".
É? A sério?
E os rumores nunca confirmados da ligação da pessoa do Papa Bento XVI aos casos de pedofilia, numa clara campanha difamatória de assassínio de carácter?
Foi a Net?
Não! Foram os media!
Quem se esforçou para repôr a verdade?
Quem se esforçou para corrigir a injustiça?
Quem dissipou a desinformação?
Foram os media?
Não! Foi a Net!
Sim! É verdade que, na Net, há muita desinformação! Mas também é verdade que é na Net que se encontram muitos comentadores informados, que sabem do que falam, mas a quem os media jamais pensariam em dar a voz, por não pertencerem à ortodoxia heterodoxa dominante!
***
Isto é tanto mais grave quando se vê que Pinto Balsemão não está preocupado com a desinformação em si. Se assim fosse, estaria também preocupado com a desinformação nos próprios media, dos quais ele é um dos líderes. O que incomoda realmente Pinto Balsemão (e os opinion-makers que se refugiam à sombra dos media tradicionais) é o facto de a Internet, ao que parece, estar a retirar aos media o monopólio... (ahem, quero dizer) o papel fundamental na lavagem de cérebros... (ahem, quero dizer) na formação de opinião pública.
Vejam só estas pérolas do artigo:
“não é possível haver sociedade democrática sem haver mediações”
“a comunicação social ajuda a definir uma agenda pública para a esfera pública”
"os meios ditos tradicionais mantenham as suas funções de mensageiro de filtrador, de veiculador de opiniões e de ‘aguilhão’ da opinião pública"
Com que direito vêm estas criaturas, depois, criticar a Igreja por causa da Inquisição e do Index? Cá estão eles a afirmar categoricamente que há uma instituição que está mandatada a interpretar a realidade e a manter o "bom pensamento" dos cidadãos livre de "heresias"!
O que eles querem é continuar a ser os donos das mentes da população. Continuar a mentir e deturpar, sem qualquer contraditório, moldando as ideias das pessoas à imagem e semelhança destes barões. E, ainda por cima, terem as pessoas a pagarem-lhes muitos €€€€€ por esse "serviço". Por isso incomoda-os, incomoda-os tudo o que escape ao seu poder!
***
“Até que ponto devemos ser tolerantes com a intolerância?” - disse Pinto Balsemão.
Esta frase é absolutamente deliciosa!
Pelo paradoxo!
Será que Pinto Balsemão é intolerante com a sua própria intolerância à intolerância?
Triste.
Ainda por cima, porque esta frase é das mais utilizadas pelos inimigos do Cristianismo!
Significa mais ou menos isto: "Eu sou tolerante. Porque sim. Vocês discordam de mim. São intolerantes. Não vos posso tolerar, vós que discordais de mim".
Claro está que qualquer um consegue ser tolerante desta maneira.
É uma reviravolta orwelliana do significado de "tolerância".
Tal como é uma reviravolta orwelliana este outro excerto do artigo: «Os cidadãos “que defendem a liberdade de expressão” poderão ser levados a exigir que “sejam colocados limites a essa desinformação”, acrescentou.»
***
O que é ainda mais triste, é ver como as pessoas foram completamente (anti)evangelizadas por esta Inquisição profana!
Hoje em dia, todos consideram o dogma da infalibilidade papal algo ridículo, irracional, opressor! Como se não fosse uma dádiva de Deus, Ele ter criado uma bússola para nos guiar num mundo confuso e complexo!
Mas, se é verdade que ninguém acredita no dogma da infalibilidade papal... por outro lado, toda a gente acredita, implicitamente, no dogma da infalibilidade mediática. Mesmo quando este dogma está, constantemente, a ser desmentido. Ainda assim, as pessoas continuam a citar acriticamente os media quando estes atacam a Igreja. Acreditam em tudo o que eles afirmam, sem questionar, sem investigar, sem pensar. Foram habituados pelos media a raciocinarem através de sound-bytes, a não se informarem com coisas mais pesadas do que uns tweets. E depois de engolirem os preconceitos e a desinformação, vêm ainda acusar os cristãos de não saberem "pensar pelas próprias cabecinhas"... Se eles conhecessem toda a herança cultura e intelectual que desprezam! Poor Jerusalem, pobre Portugal! Rejeitas os profetas de Deus para acreditares nestes patéticos e aburguesados propagandistas em causa própria...
Como já disse uma vez numa das minhas Citações do Mês, da autoria de Sto. António Maria Claret:
"O direito de educar as nações, que a Igreja recebeu do próprio Deus na pessoa dos Apóstolos, foi usurpada por uma turba de jornalistas obscuros e charlatães ignorantes"
***
PS: Claro que também pode suceder eu estar a ler uma notícia que descontextualizou as palavras de Pinto Balsemão, para satisfazer o mais rasteiro sensacionalismo mediático. Todavia, se assim fôr, não seria uma ironia deliciosa? É que, se fôr esse o caso, Pinto Balsemão não foi vítima de desinformação de um obscuro blogueiro, mas da desinformação de um site pertencente aos chamados media tradicionais. LOL!
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segunda-feira, 19 de novembro de 2012
NÃO ASFIXIEM PORTUGAL!
Diz um sucessor dos Apóstolos.
NEM TUDO É PARA PRIVATIZAR!
Embora seja verdade que a Doutrina Social da Igreja promove o Mercado Livre, também é igualmente verdade que o Liberalismo económico não é porta-voz da Igreja, ao contrário do que muitos "direitistas" gostariam de fazer crer.
É que nem tudo é objecto de mercantilização. Não é lícito o lucro que retira ao Homem (imagem e semelhança de Deus) a possibilidade de aceder a bens que são intrínsecos à sua dignidade. Tais bens devem ser acessíveis a todos, mesmo os mais pobres... e se o Mercado Livre não for capaz de suprir essa função, então tais bens devem ser públicos.
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quinta-feira, 15 de novembro de 2012
A AUSTERIDADE E A SIMPLICIDADE
Pouco depois deste meu post sobre a usura, estalou uma polémica envolvendo Isabel Jonet, a presidente do Banco Alimentar Contra a Fome.
Aqui estão as palavras da polémica:
Imediatamente a Esquerda se insurgiu contra estas palavras, até ao ponto de exigirem a sua demissão. Porquê? Em primeiro lugar, porque não eram os pobres, mas sim a juventude burgueso-marxista consumista de iPods que era o verdadeiro alvo das críticas de Isabel Jonet... e eles perceberam-no bem. Em segundo lugar, porque a Esquerda tem aversão à caridade (já Marx afirmava que "uma esmola era um dia adiado para a Revolução"), essa virtude do Cristianismo, que é religião que eles abominam. E em terceiro, porque a Esquerda tem que estar sempre a insurgir-se contra alguma coisa, está-lhes no ADN.
Claro que a Direita não ficou atrás na irracionalidade da Esquerda, como lhe é próprio. Defenderam Isabel Jonet (e bem!), mas aproveitaram para canonizar de arrasto o banqueiro Fernando Ulrich. Ou seja, comparam uma senhora que dedicou a sua vida ao combate à pobreza com um dos agentes económicos que fomenta o sistema económico usurário que está na base dessa pobreza. Um homem que, não tendo provado qualquer austeridade, se acha no direito de dizer aos portugueses que "ai aguentam, aguentam" mais austeridade.
Agora, é preciso separar o trigo do joio.
Não é preciso defender a austeridade para concordar com Isabel Jonet.
E não é preciso defender Ulrich para defender Jonet.
Na verdade, se virmos bem, as palavras de Isabel Jonet são uma das críticas mais mordazes a Ulrich et al.
Antes de mais, devo dizer que as palavras de Isabel Jonet não foram as melhores. Os pensamentos dela eram muito profundos e acertados, mas não os expressou da melhor forma. Além disso, não concordo com tudo o que a senhora diz, nem com todas as ideias que ela defende. O meu post será pura e simplesmente sobre as "palavras da polémica".
Posto isto, devo justificar-me. Por que motivo ataco a austeridade, mas defendo as palavras de Isabel Jonet? Por que ataco o sistema económico usurário, mas defendo quem parece que está a defender as medidas desse sistema?
Para responder a essa pergunta, devo fazer uma distinção importante.
A distinção entre austeridade (que eu ataco)...
... e simplicidade (que eu defendo e que Isabel Jonet defendeu).
Se Jonet tivesse feito esta distinção tinha, à partida, evitado muitos dissabores.
1) "Gastamos mais do que as nossas possibilidades"
Quem leu o meu post, vê que eu ataquei o "mitogma" segundo o qual nós, enquanto Estado, gastamos mais do que as nossas possibilidades.
Mas lerá também que eu desmantelo a analogia grosseira que compara a economia do Estado à economia de uma família.
A diferença: a economia do Estado foi desenhada especificamente para perpetuar a dívida. Se o Estado não contrair dívida aos bancos (com juros), então a economia nacional pára. Pura e simplesmente, pára. A economia do Estado está numa dependência doentia à dívida aos bancos.
Mas a economia familiar não é assim. A economia familiar é baseada no princípio são segundo o qual se deve gastar menos do que aquilo que se ganha. Aliás, eu critico a economia do Estado precisamente por não ser uma economia de tipo familiar, em que as dívidas são pagáveis.
É verdade que as famílias também foram sujeitas a empréstimos usurários. Nesses casos, a moratória da dívida também se deve aplicar a elas. Sem dúvida.
Mas também é verdade que as famílias não têm o "cordão umbilical" que o Estado tem. A economia da família não está intrinsecamente ligado à dívida ao banco. Uma família não precisa de estar continuamente a contrair dívidas ao banco para que a economia familiar funcione.
E é verdade que as famílias portuguesas são das que mais se endividaram na Zona Euro. O que nos leva ao segundo ponto.
2) Consumismo e Austeridade: 2 faces da mesma moeda
As famílias portuguesas estão super-endividadas. Mas porquê? Simplesmente porque nos últimos 30 anos, os bancos impingiram-lhes a miragem do crédito fácil:
"Não pode pagar isto? Não há problema! Paga em prestações!"
Isto gerou um bem-estar material sem precedentes. Sem dúvida. Mas também gerou uma mentalidade materialista, hedonista e consumista. E foi essa mentalidade que "educou" os jovens de hoje, incapazes de diferenciar entre necessidades e luxos. Uma geração à sombra da gratificação imediata.
Foram esses jovens que Isabel Jonet criticou. Não os verdadeiros pobres.
São esses jovens que acreditam que comer bifes todos os dias é um direito humano. São esses os que querem ir a um concerto de rock, mesmo quando só têm dinheiro para pagar uma radiografia. Peço ao benévolo leitor que veja o vídeo e diga se não é isso que ela disse.
Quanto a Ulrich, ele encarna a instituição bancária. A instituição que fomentou o crédito. A instituição que gerou este consumismo materialista e hedonista. A instituição que, agora, é a causa da austeridade.
Jonet defendeu a simplicidade. Ulrich abomina a simplicidade, sem a qual não teria lucros.
Ulrich defende a austeridade. Mas a austeridade vem da simplicidade? Não, vem do consumismo! Que Ulrich defende!
Como posso defender Jonet e criticar Ulrich, perguntais vós?
Como posso proceder de outro modo? - digo eu.
3) Necessidades e Luxos
Isabel Jonet defendeu a simplicidade.
Ela disse: se só houver dinheiro para uma radiografia, não se deve gastar num concerto de rock.
O concerto de rock é um luxo. Ninguém morre por falhar um concerto de rock.
Uma radiografia é necessária para a saúde. É uma necessidade.
Ela disse: se não se tiver dinheiro para comer bifes todos os dias, não se deve comer bifes todos os dias.
Comer bifes não é uma necessidade. Existem outras comidas mais baratas (E não, não me refiro a papas Nestum!)
Mas a austeridade não tem nada a ver com luxos.
A austeridade gera desemprego. Um emprego não é um luxo (por muito que os capitalistas nos queiram fazer crer do contrário). Um emprego é uma necessidade, porque uma pessoa sem emprego não é auto-suficiente, não é capaz de prover o seu próprio sustento, não é capaz de constituir uma família, não é capaz de se auto-realizar, não é capaz de contribuir para o Bem Comum.
A austeridade gera pobreza para os mais vulneráveis. Os reformados, as crianças, os doentes... Estes é que causaram o aumento das papas Nestum de que a jornalista falou. Esses não têm luxos! Têm necessidades.
4) O exemplo
Finalmente, há a questão do exemplo. Que a mim, me parece de extrema importância.
Ulrich disse aos portugueses: "ai aguenta, aguenta".
Ulrich acha que os portugueses aguentam mais austeridade.
Mas, Ulrich já deu o exemplo?
Ulrich já cortou nos seus luxos?
Já provou, ele próprio a austeridade?
Já fez algum corte no seu modo de vida? E não, não me refiro a cortezinhos simbólicos! Refiro-me a cortes que o coloquem num patamar semelhante aos dos portugueses a quem ele diz para "aguentarem".
Isabel Jonet, por seu lado, fez uma confissão pessoal.
Falou nos seus próprios filhos, falou em como eles lavam a escova dos dentes com água corrente, em vez de no copo.
Assumiu-se, ela própria, como parte do problema.
Coisa que Ulrich jamais fez.
Isabel Jonet é dirigente de uma IPSS. Ou seja, coordena um movimento da própria sociedade para ajudar os mais desfavorecidos. Uma organização descentralizada, não governamental. Assim sendo, Jonet liberta recursos do Estado. Ela ajuda a resolver a actual crise económica.
Ulrich é dirigente de um banco. E os bancos, além de serem a causa da actual crise económica... ainda pedem bail-outs ao Estado quando estão prestes a entrar em falência por causa das suas especulações. Os bancos são subsidiodependentes do Estado, onerando-o ainda mais. Depois ainda têm a lata de defender o Mercado Livre.
Isabel Jonet fala com conhecimento de causa. Fala de realidades que ela conhece.
Ulrich fala do alto do seu trono de marfim, intocável e implacável, manipulando pessoas como se fossem números.
***
Vamos ter de empobrecer? Sim, vamos! Mas não à custa de austeridades injustas, cruéis e usurárias! A essas, opôr-me-ei sempre, enquanto me restar um fôlego de consciência cristã!
Talvez a palavra certa não seja "empobrecer". Vamos ter, isso sim, de nos tornar mais simples.
Quando o fizermos, reconheceremos os verdadeiros valores da vida. Aqueles que trazem a verdadeira felicidade. Aqueles que deitámos fora outrora, porque eram "antiquados" e "retrógrados".
Nesses dias deixaremos, talvez, de ter de labutar tanto para "ter" e, assim, teremos mais tempo para "ser". Nesses dias deixaremos de ser escravos de bancos, troikas, burocratas e outros senhores engravatados. Nesses dias, haverá poucos luxos... mas as necessidades estarão asseguradas.
Nesses dias, este "jardim à beira-mar plantado" deixará de ser um deserto espiritual, mas estará repleto daqueles "lírios do campo" de que o Mestre nos falou. Venha a nós o Seu Reino, o d'Ele que foi o mais humilde de todos os homens.
Entretanto, peço aos meus leitores que continuem a contribuir para o Banco Alimentar Contra a Fome. Mesmo que discordem das palavras de Isabel Jonet, não devem impedir que as ideias pessoais de um dirigente obscureça todo o trabalho meritório que esta IPSS tem vindo a desenvolver. Nem seria justo que os pobres fossem penalizados pelas palavras de Jonet...
Porque um boicote ao Banco Alimentar só penalizaria os pobres.
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
PEQUENOS
A propósito deste meu post...
Depois de passada esta crise, com os efeitos devastadores que ela está a produzir, vai ser necessário reconstruir as economias dos países afectados, como Portugal. Seria bom que fosse então escutada a mensagem da doutrina católica de que as instituições e os processos sociais devem ser mantidos pequenos para serem controláveis, porque só mantendo-os sob controlo é possível limitar-lhes os riscos e os danos."
... vem este magnífico post do Pedro Arroja, que citarei na íntegra, pois que complementa perfeitamente bem o que eu quis dizer previamente.
"Pequenos
Por: Pedro Arroja
Uma das principais conclusões que resultam da doutrina
católica é a de que todos as instituições e processos económicos e sociais devem
ser mantidos pequenos, e que não devem crescer para além daquele tamanho em que
não existe homem que os consiga controlar.
Para a doutrina católica, a comunidade económica e social de
base é tipicamente pequena - a família. A empresa típica do catolicismo é também
pequena -a empresa familiar. O mercado privilegiado da doutrina católica é ainda
pequeno - o mercado local. E o Estado próprio do catolicismo, sendo um Estado
subsidiário, é ainda tipicamente pequeno.
A crise económica e financeira actual, em Portugal e no mundo
ocidental, foi desencadeada em 2008 pela falência de um banco - Lehman Brothers
- que tinha atingido uma dimensão que ninguém controlava. A tal ponto que a
falência foi uma surpresa. E uma supresa que, com a globalização dos mercados,
produziu efeitos, nalguns casos catastróficos (v.g., na Islândia) em todo o
mundo.
Mesmo em Portugal, um país pequeno, houve instituições que
nas últimas décadas cresceram desmesuradamente e que hoje não são controláveis.
O Estado é a primeira dentre elas. A dificuldade em conter o défice orçamental é
que não existe ninguém que tenha capacidade para controlar o Estado. Mas não é
apenas o Estado. Existem outras instituições que estão em decomposição porque
cresceram para além de qualquer controlo. Aquele que foi o maior banco privado
português, e o segundo maior do país, está também agora a desfazer-se numa
agonia lenta.
Instituições grandes e processos globalizados - como grandes
empresas, grandes bancos, grandes Estados e mercados globais - são a receita
certa, quando as coisas correm mal, para que o mundo nos caia sobre a cabeça, e
sem que ninguém se possa opôr. É isso largamente o que está a acontecer em
Portugal e em outros países do ocidente.
Depois de passada esta crise, com os efeitos devastadores que ela está a produzir, vai ser necessário reconstruir as economias dos países afectados, como Portugal. Seria bom que fosse então escutada a mensagem da doutrina católica de que as instituições e os processos sociais devem ser mantidos pequenos para serem controláveis, porque só mantendo-os sob controlo é possível limitar-lhes os riscos e os danos."
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