"O obreiro da paz deve ter presente também que as ideologias do liberalismo
radical e da tecnocracia insinuam, numa percentagem cada vez maior da opinião
pública, a convicção de que o crescimento económico se deve conseguir mesmo à
custa da erosão da função social do Estado e das redes de solidariedade da
sociedade civil, bem como dos direitos e deveres sociais. Ora, há que considerar
que estes direitos e deveres são fundamentais para a plena realização de outros,
a começar pelos direitos civis e políticos.
E, entre os direitos e deveres sociais actualmente mais ameaçados, conta-se o
direito ao trabalho. Isto é devido ao facto, que se verifica cada vez mais, de o
trabalho e o justo reconhecimento do estatuto jurídico dos trabalhadores não
serem adequadamente valorizados, porque o crescimento económico dependeria
sobretudo da liberdade total dos mercados. Assim o trabalho é considerado uma
variável dependente dos mecanismos económicos e financeiros. A propósito disto,
volto a afirmar que não só a dignidade do homem mas também razões económicas,
sociais e políticas exigem que se continue «a perseguir como prioritário o
objectivo do acesso ao trabalho para todos, ou da sua manutenção». Para se realizar este ambicioso objectivo, é
condição preliminar uma renovada apreciação do trabalho, fundada em princípios
éticos e valores espirituais, que revigore a sua concepção como bem fundamental
para a pessoa, a família, a sociedade. A um tal bem corresponde um dever e um
direito, que exigem novas e ousadas políticas de trabalho para todos."
Papa Bento XV
in Mensagem para o Dia Mundial da Paz 2013
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