O Governo celebra o regresso aos mercados como um triunfo das políticas de austeridade.
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Agora, não quero entrar na pueril discussão de saber se tal regresso se deveu aos méritos do Governo ou à intervenção do Banco Central Europeu. Partamos do princípio que se deveu tudo aos méritos do Governo.
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Agora, não quero entrar na pueril discussão de saber se tal regresso se deveu aos méritos do Governo ou à intervenção do Banco Central Europeu. Partamos do princípio que se deveu tudo aos méritos do Governo.
O que dizer disso?
Em primeiro lugar, os fins não justificam os meios. O Governo pode ter conseguido regressar aos mercados. Mas a custo de ter privado irmãos nossos, pessoas humanas dotadas de infinita dignidade, do direito ao emprego (direito assim definido na Doutrina Social da Igreja), do direito a não-emigrar (como dito recentemente pelo nosso Papa) e pelos direitos a uma boa Educação e Saúde (que foram deterioradas severamente pelas políticas economicistas).
Mas, sobretudo, deve-se dizer que isto não é triunfo nenhum.
Significa, unicamente, que os mercados estão dispostos a emprestar-nos novamente dinheiro.
Significa, por isso, simplesmente que vamos continuar a endividar-nos. Que vamos continuar a pagar dívidas contraindo mais dívidas, acumulando os juros numa espiral infinita.
O que significa que vamos continuar a depender de um sistema económico baseado na usura, que vira as costas ao Ser Humano nos maus momentos, não tendo pejo em escravizá-lo para se perpetuar.
Ou seja, assim que o ciclo económico voltar a contrair-se (isto, partindo do pressuposto que vai melhorar), a austeridade regressará e mais direitos sociais serão irreversivelmente sacrificados.
Um verdadeiro triunfo será quando aderirmos a um sistema económico que tenha por base a Solidariedade... e, como objectivo último, a auto-realização e bem-estar do Homem e de cada um.
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