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Ano da Fé

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sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

O PAPA E A INTOLERÂNCIA

É uma verdade incontestável nos dias de hoje que a Igreja é uma instituição assente em dogmas incontestáveis, os quais, blindando a doutrina católica à evolução das mentalidades, são geradores de intolerância. A intolerância é o único pecado mortal do séc. XXI e é fruto, como se sabe, da ignorância e do preconceito. E o Papa Bento XVI é um dos expoentes máximos dessa mesma intolerância.

Ao que parece, o Papa terá aproveitado a época natalícia (em que deveria prevalecer a Paz e o Amor), para manifestar o seu ódio visceral às pessoas com orientação homossexual. A Imprensa é unânime e tem havido um grande rebuliço em torno deste escândalo.
O Público
O DN
O Jornal Digital
O Globo

Estas foram as agências noticiosas que eu consegui encontrar na Internet, que, penso, são bastante representativas da forma como a notícia foi tratada na imprensa escrita e nos canais de televisão.



Mas o que aconteceu realmente?

Os factos são estes: aconteceu que o Papa Bento XVI fez um discurso dirigido à Cúria Romana que tratava de uma variedade de assuntos. Esse discurso pode ser lido na íntegra aqui, embora em italiano.

Desse discurso de 15 parágrafos, os media salientaram apenas um, que eu tomei a liberdade de traduzir:

"Uma vez que a fé no Criador é uma parte essencial do Credo cristão, a Igreja não pode e não deve limitar-se a transmitir aos seus fiéis unicamente a mensagem da Salvação. Ela tem uma responsabilidade diante da Criação e deve fazer render essa responsabilidade em público. E fazendo-o, deve defender não só a terra, a água e o ar como dons da Criação que a todos pertencem. Também deve proteger o Homem da autodestruição. É necessária qualquer coisa como uma ecologia do Homem, compreendida no seu verdadeiro sentido. Não se trata de uma metafísica obsoleta se a Igreja fala da natureza do Ser Humano como homem e mulher e pede que essa ordem da Criação seja respeitada. Isto tem a ver com a fé no Criador e com o escutar da linguagem da Criação, cujo desprezo conduzirá a uma autodestruição do Homem e, logo, a uma destruição da própria obra de Deus. Aquilo que é expresso com o termo “género” resulta numa auto-emancipação do Homem em relação à Criação e ao Criador. O Homem quer fazer tudo sozinho e decidir sempre e exclusivamente sobre aquilo que lhe concerne. Mas, deste modo, vive contra a Verdade, vive contra o Espírito Criador. As florestas tropicais merecem, sim, a nossa protecção, mas não é menos merecedor de tal protecção o Homem como criatura, na qual está inscrita uma mensagem que não significa uma contradição da nossa liberdade, mas é condição de tal liberdade. Os grandes teólogos da Escolástica classificaram o matrimónio, que é o laço vitalício entre homem e mulher, como sacramento da Criação, que o próprio Criador instituiu e que Cristo – sem modificar o significado da Criação – incluiu na história da Sua aliança com os homens. Faz parte do anúncio da Igreja dar testemunho em favor do Espírito Criador presente na natureza, mas especialmente na natureza do Homem criado à imagem de Deus. Partindo desta perspectiva, é aconselhável reler a encíclica Humanae Vitae: a intenção do Papa Paulo VI era defender o amor contra a sensualidade enquanto consumo, o futuro contra a satisfação exclusiva do presente, e a natureza do Homem contra a sua manipulação."



Para alguém ignorante em teologia católica (como, infelizmente, são os nossos media e o lobby LGBT), poderá parecer que o Papa está a condenar expressamente a homossexualidade. Mas convém salientar que este era um discurso dirigido à Cúria e, portanto, dirigido a um público que não é ignorante da teologia católica.

Ora eu, nos meus rudimentares conhecimentos, posso dizer que o parágrafo em questão não diz nada de novo, focando-se em três pontos:
1) Necessidade da construção de uma Ecologia Humana, que é um conceito do Papa João Paulo II (cfr. encíclica Centesimus Annus, sobretudo a secção 39).
2) Referência à doutrina católica da sexualidade, nomeadamente expressa na encíclica Humanae Vitae do Papa Paulo VI e nas catequeses da Teologia do Corpo do Papa João Paulo II (das quais nenhuma, realço, faz menção directa às prácticas homossexuais).
3) Crítica às ideologias de género (i.e. a noção de que o género não tem uma base biológica mas é meramente uma construção social) como o feminismo, as quais vão contra o Magistério da Igreja de todas as épocas mas, nomeadamente, contra o Papa João Paulo II (cfr. encíclica Mullieris Dignitatem, sobretudo a secção 10).



Ora, em nada disto eu vejo uma crítica directa, unívoca, inequívoca, explícita, premeditada e especialmente dirigida às práticas homossexuais. Sem dúvida, tais práticas são criticadas como actos sexuais fora do matrimónio, o qual é definido como "laço vitalício entre homem e mulher"... mas tal frase condena com igual vigor a fornicação, o divórcio, a poligamia/poliandria, o adultério, etc...
Por que razão os media apenas se focaram nas práticas homossexuais?


Deste modo, e dadas as reacções a este discurso, devo dizer que, realmente, neste Natal, fomos brindados com uma demonstração de intolerância. Intolerância que, como eu referi no primeiro parágrafo deste post, é fruto da ignorância e do preconceito. O problema é que, ao contrário do que as notícias afirmam, o Papa não foi fonte dessa intolerância, mas vítima dela.

9 comentários:

Alma peregrina disse...

Fotografia do Papa Bento XVI (cima, à direita)
Autoria: Fabio Pozzeborn
Agência Brasil
URL: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:BentoXVI-33-10052007.jpg



Imagem (baixo, centro): "Religião expulsando a Heresia e o Ódio"
De: Pierre Legros, o Jovem
Igreja Il Gesù, Roma

Anónimo disse...

Ainda conheço mal este blog...e confesso que ao começar a ler o post assustei-me. Mas depois li até ao fim, e só posso dizer que está muito bom! Parabéns!=)

Alma peregrina disse...

Caro(a) MRB:

Antes do mais, muito bem-vindo(a) ao meu humilde blog...

Em segundo lugar, peço desculpa se o(a) assustei!
:P
Não era minha intenção e, relendo o post, posso perceber porque lhe terei dado essa impressão. Repare que eu disse: "é um verdade incontestável nos dias de hoje..."
A minha intenção era comparar as críticas que se fazem à Igreja (a de ser construída em dogmas incontestáveis) com a postura de quem critica...

De futuro, não terá com que se preocupar: o dia em que eu abandone a ortodoxia da fé católica será o dia em que este blog já não servirá qualquer propósito e será abandonado...

Por último: UMA CONTINUAÇÃO DE UM SANTO E FELIZ NATAL!!!

E espero que continue a passar por cá e a contribuir... Muito obrigado!
:)

Canela disse...

Não nos assustemos com as criticas derrotistas dos midia.

É mais fácil e vende mais, se for criada polémica... e vale para tudo.

A Igreja é um alvo a abater. A Igreja é a unica que se atreve, a querer manter-se fiel aos Santos mandamentos.... veja-se a nossa sociedade, desprovida de qualquer valor, despem-se por qualquer coisa, manifestam-se por tudo e por nada... no entanto consentem numa cultura de morte e continuamente deitam valores morais pelo cano abaixo... e depois gritam, manifestam-se...etc

São manobras de diverssão do demónio.

convido-o a passar por este blog:

http://www.padreleo.org/

e a ler um pouco sobre o tema esoterismo, depois talvez até seguir algumas dicas que por lá estão.

joaquim disse...

Como já te vou conhecendo não me assustei!

Perfeito texto!

Infelizmente já vamos estando habituados ao tratamento que a comunicação social, ignorante nas coisas da Igreja, e manipulada pelos lobbys, vai fazendo de tudo quanto venha da Igreja, distorcendo e falseando,
a não ser as entrevistas dadas pelos "costumeiros oposiocionistas" que de dentro da Igreja, incapazes de se conterem perante um microfone, (temos cá um, pelo menos, em Portugal), vão debitando para seu própio "enaltecimento".

Abraço amigo em Cristo

Alma peregrina disse...

Cara Canela:

Obrigado pela sugestão... já tinha passado por esse blog e, por acaso, guardei o documento do "grande engano do fogo que não queima" para uma amiga minha que, infelizmente, se viu enredada nas malhas do esoterismo.

Caros amigos:

Concordo plenamente convosco, mas isto não é tão inócuo como parece. Tenho lido notícias que são um pouco sérias... em Janeiro escreverei um post a denuncia-las. A verdade é esta, temos que fazer o possível para desfazer os equívocos que os media transmitem, porque eles diminuem a credibilidade da Igreja e equiparam-na ao fanatismo de muitas religiões.

Hoje em dia, ninguém contesta a ideia de que a Igreja "odeia" o sexo: mas, se se tivessem dado ao trabalho de ler as catequeses da Teologia do Corpo do Papa João Paulo II teriam percebido que quem odeia o sexo, são, verdadeiramente, aqueles que acusam a Igreja disso.

Quando iniciei este blog, fi-lo porque as minhas moderações no Confessionário começavam a perder efeito. As pessoas estavam tão ligadas aos seus erros sobre a Igreja que se recusavam sequer a escutar os factos (nem me refiro à doutrina, refiro-me aos factos). Isto demonstra uma hostilidade cega que, se massificada, pode ter consequências desastrosas. É fundamental re-evangelizar a Europa!

Sem a Igreja, o Homem desaparece... porque sem a Igreja não há Espírito Santo no meio de nós, não há Corpo de Cristo no meio de nós... e, sem Corpo nem Espírito, não há Homem...

Perdoai-lhes, Pai... eles não sabiam o que faziam há 2.000 anos... e continuam ainda hoje sem saber...

Pax Christi

Canela disse...

Alma posso sugerir-te alguns titulos que já li, e, que se encontram á venda na Paulus e Paulinas.

Se a tua amiga estiver receptiva a lê-los, será benéfico. No entanto, necessita de alguém que a tranquilize e acalme (bem como que reze com ela e poe ela), poderá ficar assustada sem necessidade, cuidado!

Anónimo disse...

"É fundamental re-evangelizar a Europa!"
Não podia estar mais de acordo!
Ah! e o susto que referi, foi mesmo só nas primeiras linhas, depois desfez-se completamente. Agora, acho que vou passar a vir cá com muita frequencia!=)!
É bom quando descobrimos outros a lutar pelo mesmo que nós:)
Que o Espírito Santo abençoe este blog!
E já agora, bom ano novo;)

Alma peregrina disse...

Cara Canela:

Agradecia-lhe que me enviasse esses títulos para o mail, sobretudo os das edições Paulinas...



Cara MRB: Agradeço-lhe e retribuo-lhe os votos de umas boas entradas e que no próximo ano todo o brilho de Deus resplandeça na sua vida e no seu blog!
E, sem dúvida, subscrevo totalmente "É bom quando descobrimos outros a lutar pelo mesmo que nós"

Pax Christi