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Ano da Fé

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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

PONTIFICIA COHORS HELVETICA...





... é o nome do corpo militar conhecido entre nós como "A Guarda Suíça".

Quando visitei o Vaticano, fiquei profundamente intrigado por estas personagens tão excêntricas e, simultaneamente, tão altivas e dignas. Em cada entrada, em cada canto, lá estava um, tão esfíngico como aqueles leões de pedra esculpidos à entrada dos edifícios importantes, para os guardar. Fortes e orgulhosos como os titãs pintados em tectos barrocos, sustentando toda a abóbada de um edifício secular. Cada um deles, sem excepção, sujeitando-se a disciplinas e procedimentos incompreensíveis para nós, comuns mortais... nós que somos incapazes de imitar as figuras mitológicas e heróicas que resistem ao Tempo.








E perguntam-me os caros leitores: para quê falar na Guarda Suíça?


Porque a nossa Igreja é tão rica que até os seus mais ínfimos pormenores podem servir-nos de muito na nossa peregrinação.






A Guarda Suíça é, para já, uma legião estrangeira. Foi criada no séc. XV e tem como principal função proteger o Papa e o Vaticano. Isto pareceu-me muito adequado para um role model daquilo que este blog representa. Peço que ninguém me interprete mal... não estou aqui a advogar belicismos nem cruzadas em nome do Papa. Nada disso.


Mas, tal como explanei no meu post "Marco 0", também nós não pertencemos a este mundo. Somos estrangeiros. Por outro lado, enquanto não morremos, enquanto vivemos nesta terra, nós somos chamados Igreja Militante (do lat. militas: "servindo como um soldado"). Deste modo, também nós nos podemos intitular uma legião estrangeira.


E qual é a nossa missão enquanto legião estrangeira? Proteger a Igreja? Sim e não... isso seria muito redutor! Proteger a Igreja, sim... mas, acima de tudo, proteger aquilo que ela representa.






Antes de prosseguir, devo referir um episódio histórico. Aproximadamente 30 anos após a fundação da Guarda Suíça, Roma foi invadida pelas tropas de Carlos V, um rei. Isto não é nada fora do normal... ao longo da Idade Média e Renascimento, Roma foi várias vezes invadida ou ameaçada por reis. Os seus objectivos eram puramente terrenos e estratégicos, uma sede insaciável do poder. E, embora Carlos V não tivesse sido o responsável directo pela invasão (as suas tropas amotinaram-se), a verdade é que não se encontrou isento de responsabilidades, devido à hostilidade que levantou contra o Papa.


Durante esta invasão (conhecido como "Saque de Roma") cerca de 147 guardas morreram, enquanto 40 outros escoltavam o Papa para fora da cidade. É de salientar que a Guarda Suíça era, na altura, constituída por 189 guardas. Não é possível deixar de admirar a coragem desta força militar minúscula, batendo-se desesperadamente como David contra Golias.


E que nos interessa isto para os nossos dias? Bastante! Também hoje em dia os "reis", por motivos meramente terrenos, levantam hostilidades contra a Igreja, estimulando ataques constantes. E, ainda hoje, o mundo parece dividir-se entre uma maioria anárquica (que apenas pretende obter de Roma aquilo que lhe interessa, saqueando-a de todo o seu magnífico espólio) e uma minoria corajosa (que defende as suas convicções, apesar da desvantagem numérica). Com isto, não estou a apontar o dedo a ninguém... limito-me a criar um paralelismo histórico para ilustrar melhor o nosso mundo actual.






Mas agora perguntam-me: para quê defender a Igreja? Para quê lutar por ela, como o fez a Guarda Suíça durante o Saque de Roma? Para quê defender quem quer que seja? Deveríamos viver a nossa vida e tratar de nós próprios e que cada um se defenda a si próprio (sobretudo a Igreja que não desperta simpatias nenhumas).


Aí, sou eu que pergunto: para quê defendermo-nos a nós próprios? Para quê lutarmos por nós próprios? Não somos nós, porventura, todos Igreja? O problema é que, quando se nos apresenta o projecto de defender a Igreja, cada qual se oferece apenas para defender aquele pedaço de Igreja que é só sua.


Infelizmente, perdeu-se muito o espírito de cavalaria que inflamava os corações de outrora. Um homem não é do tamanho de si próprio... um homem é do tamanho daquilo que defende! E a Igreja é uma instituição motriz da nossa maravilhosa Civilização Ocidental, é um depósito de 2.000 anos de evolução, os quais assentam numa Nação que é um depósito de mais 10.000 anos de evolução, a qual, por sua vez, assenta numa aliança que Deus estabeleceu com a Sua Humanidade tão amada (sendo Deus a evolução infinita do Homem).


Não foi, é certo, uma evolução isenta de erros. Mas os erros são tão valiosos quanto as vitórias (ou até mais). Os erros são um componente essencial da evolução, ditam-nos os caminhos que não devemos voltar a trilhar.


Quem pretender apenas seguir-se a si próprio não conhece o valor do tesouro que rejeita! Penso que as pessoas não se apercebem da magnitude do acto que cometem, quando equiparam as suas opiniões a um sistema de pensamento tão antigo e tão amadurecido, que já conheceu tantos contextos e tantas tribulações! Será que nos sobrestimamos tanto? Será que um minúsculo membro da Igreja pode sobrepôr-se a todas as pedras que o precederam, a todas as pedras que são suas irmãs, ao próprio Arquitecto?








Ainda assim, actualmente, esta postura de serviço a algo maior que si próprio parece não ter valor. Surge-nos como ridículo, obsoleto, até absurdo!


Daí a Guarda Suíça. Com certeza cada um dos meus leitores (não há vergonha nisso, até eu já pensei isso!) já pensou como estes homens másculos e válidos parecem ridículos, efeminados e berrantes envergando aqueles uniformes. Mas diz a lenda que os uniformes da Guarda Suíça foram concebidos por Michelangelo, o mesmo génio que nos brindou com maravilhas como a Capela Sistina e a Pietá.



De facto, nunca devemos excluir nada que nos pareça risível, porque pode existir um génio por trás... um génio querendo obrigar-nos a transcender os nossos próprios conceitos, a pensar sobre nós próprios.

Assim, enverguemos com orgulho o uniforme da Igreja Militante. Pode parecer um vestuário grotesco, mas foi o próprio Génio quem no-lo ofereceu. E esqueçamos a troça dos outros. Porque quem veste o Génio na sua vida, parecerá sempre ridículo:





"Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se julga sábio à maneira deste mundo, faça-se louco para tornar-se sábio, porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus;"

1Cor 3:18-19



Pois bem... não importa que o uniforme seja ridículo para os outros. Quem o
observar atentamente e sem preconceitos verificará que este é um uniforme que é,
literalmente, "ouro sobre azul".





Assim, perante isto, resta-nos uma escolha pura e simples... Quando a batalha começar, de que lado estaremos? Das tropas de Carlos V... ou da Guarda Suíça?

5 comentários:

sofia disse...

Olá Kephas, ou melhor, Alma Peregrina (ainda não me habituei).
No outro dia quando me deixeste o post, vim ao teu blog e deixei um comentário, mas na altura de o enviar deu um erro, e por o que vejo não o recebeste. De qualquer forma, deixo-te os meus parabéns e a minha satisfação de te ver em "casa própria", pois penso que não era a única a considerar que esses belos pensamentos mereciam uma morada fixa onde nós os pudessemos visitar, para também nós pudessemos crescer com eles.
Já agora, quero convidar-te a passares no meu blog (só reforço a ideia, pois tu não precisas de convite, pois és sempre bem-vindo), tenho lá um prémio pra ti, não só por o que tens cá no blog, mais por a riqueza de pensamentos que foste semeando por onde passavas, riqueza essa que quem por cá anda conhece tão bem.
Abraços

Sofia (Via Cristo)

joaquim disse...

Meu amigo

Só agora li inteiramente este texto, que subscrevo na totalidade.

Nada do que eu possa dizer acrescentará alguma coisa, por isso apnas deixo um

abraço amigo em Cristo

Alma peregrina disse...

Sofia: Já deixei o prémio e respectivo agradecimento na minha barra lateral. Fico profundamente comovido, como já disse no teu blog!
:)
Abraços



Caro Joaquim:
Muito obrigado!
(Sentido; Continência)
ehehehe

Renata Cavanha disse...

Ai q sonho conhecer o Vaticano...um dia se Deus quiser!!!Deus me permita...
hehehe
a paz de Jesus
Renatinha

Renata Cavanha disse...

Precisamos mesmo, proteger a igreja e o que ela representa, ser fiel a Deus!!!

Renatinha