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Ano da Fé

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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A NOVA PAIXÃO DE CRISTO

Nosso Senhor! Aqui estais Vós! Passaram-se 2010 anos! A Terra girou 2010 vezes em torno do Sol! E o Universo seguiu o seu curso interminável durante esse exacto período de tempo! Vós, Senhor! Vós é que continuais no mesmo sítio! Volvidos 2010 anos, aí estais Vós outra vez, lançado no mesmo lugar! Porque o Universo todo muda em 2010 anos... só o Coração Humano é que nunca muda...

Ali estais Vós, meu Senhor e meu Deus! Uma vez mais... Nu, desprezado, insignificante! Querem a Tua morte, não porque tenhais cometido algum mal, mas porque incomodais, não nos deixais viver como queremos, não deixais nossas consciências imperturbadas.

Mas hoje, Senhor, hoje não sois um carpinteiro adulto! Hoje sois um embriãozinho! Uma criançazinha indefesa no ventre de sua mãe! Nu! Desprezado! Insignificante! Sim, nesta nova Paixão, nem precisastes de falar, nem abristes a boca, nem pregastes o Evangelho! Só a Vossa presença incomoda! Só a vossa presença é um sinal às nossas consciências de que não podemos viver como bem queremos!

Por isso, eles não Te suportam! Por isso eles vociferam contra Ti! Por isso eles se inflamam, rasgam as vestes, espumam, mentem, blasfemam, odeiam! Alimentados pelo seu fanatismo, que não pode conhecer oposição... eles, os araútos da moral pública, os defensores dos bons costumes... Não os bons costumes da virtude, mas do politicamente correcto!

Eles vêm contra ti! À cabeça dos acusadores, o Sumo-sacerdote: José Caifás Sócrates! Infelizmente, não vem só... todo um Sinédrio de Nobres, Lopes, Mouras e Coelhos vem com o mesmo fito! Na sombra do Sumo-sacerdote rasteja outro sacerdote respeitável desta religião fanática: Manuel Anás Alegre!

Sim! Vede como estão unidos todos eles! Vede como colaboram José Caifás e Manuel Anás! Eles, que no passado se odiavam entre si, se difamavam e caluniavam, se prejudicavam mutuamente, porque cada um queria o lugar mais elevado no Sinédrio, eles que nem se podiam ver... Estão unidos com o único propósito de Te matar, meu Senhor! Como é possível que tantos ódios se possam anular em nome de um Ódio maior... e logo a Ti, que nada fizestes, que apenas Vos limitastes a existir, que nunca maculastes Vossas mãozinhas com mal a ninguém, que nunca manastes nada mais do que inocência e quietude...

Vem o Sinédrio em força, vem todo ele unido! Amanhã, eles todos continuarão a desentender-se e a semear a discórdia por entre as suas facções! Só se unem, em fazer o Mal ao mais pequenino de entre nós... Hoje, eles são um coro, que berra: "Abortai-O! Abortai-O! Abortai-O!"

Atrás deles veio o Povo todo. Ai, pobre Povo, pobre Jerusalém! Em tempos fostes um Povo Escolhido, terra fértil da Cristandade, honrada e fiel ao teu Senhor! Nem Maria resistiu a visitar-te! Mas já não! Esquecestes as palavras de Teu Pai e, em consequência, vindes contra um Filho...

E porquê, Jerusalém? Porquê, Povo? Por que juntas a tua voz à dos carrascos? Por que dás força aos algozes? Por que te moves contra uma pobre Criança, com uma superioridade numérica que abafa todos aqueles que rogam clemência, que imploram perdão, que clamam por decência na Lei e na Nação? Compraram-te, ó Povo, por um par de sandálias? Com que promessas vãs e demagógicas, ó Povo, te seduziu o Sinédrio para assim renunciares à alma, o orgulho dos teus antepassados? De que te serve ganhares o Mundo todo, se perderes a alma... mas pelo défice...

Sobre tudo isto, preside Aníbal Pilatos Silva, homem de Estado, recto, vertical, incorruptível, providencial, divino e esfíngico como um César... Ele tenta conciliar, tentou consensos, tenta arranjar compromissos, tenta ser tolerante... em vão!

Solta Barrabás, na esperança de que isso aplaque a fúria do Sinédrio. Barrabás, um pobre gay, preso por roubar o Casamento... Sim, Barrabás roubou. Era bom aquilo que ele roubou! Quem pode censurá-lo por cobiça-lo? Quem pode repreendê-lo por pensar que jamais seria feliz sem isso? Todavia, não era dele...Não era a ele que pertencia... Barrabás, não era a sociedade que te prendia, era o teu coração enganado...

Aníbal Pilatos Silva solta Barrabás, esperando que o Sinédrio o deixe em paz! Pobre ingénuo! O Sinédrio quer lá saber de Barrabás! Está-se borrifando para ele! Barrabás é um pobre instrumento no meio das manigâncias políticas deles! Barrabás é um pretexto para abortar Jesus! Em que é que soltar Barrabás pacificou o Povo, em que é que o tornou mais governável, em que é que silenciou o Sinédrio? Vê, Pilatos! Vê como eles se encarniçam ainda mais contra ti, farejando a tua tibieza!

"Abortai-O! Abortai-O!" - gritam eles com cada vez mais força - "Abortai-O!"

E há quem olhe para Aníbal Pilatos Silva na esperança de um raio de luz! Na espectativa de que um tal homem de Estado, recto, vertical, incorruptível, providencial, vá tomar as decisões mais correctas, vá tomar o partido dos indefesos, vá agir com Ética, vá repelir os demagogos e restaurar a Justiça e a Verdade!

Oh, golpe rude no coração, tão profundo quão inesperado, quando se vê Aníbal Pilatos Silva lavando daí as suas mãos! Julgas que lavando as tuas mãos te escapas do crime? Julgas que as gerações futuras não recitarão, com a maior das naturalidades, "...sob Pôncio Pilatos..."? Tu, que eras o único que podias ter evitado tudo isto! Mas não era importante! Não era importante que um inocente morresse! O que era importante, era que o Povo continuasse unido, pagando impostos a César, contribuindo para a estabilidade sócio-económica do Império! Aníbal Pilatos Silva é muito responsável! É o Governador de toda a Jerusalém, mesmo que para isso tenha que perecer uma parte dessa mesma Jerusalém...

E depois de toda esta trágica peça, lá és Tu, meu Senhor, encaminhado para o matadouro! Uma vez mais, serás esquartejado, sangrado, trespassado por intrumentos afiados como lanças... ou envenenado por fel no topo de um hissopo metálico.

Ó, Povo de coração empedernido, que a tudo isto assistes com agrado ou indiferença! Não vês que O estás a crucificar? Não vês que "aquilo que fizestes ao menor de entre vós, foi a Mim que o fizestes"? Ó Povo, julgas que Deus não vê? Julgas que Deus não chora? Como se Ele não sentisse na pele quando O crucificaram 50.000 vezes?

Onde está a tua Fé, ó Povo, que te conduziu por entre os mares desconhecidos para descobrires metade do Mundo? Onde está a tua Esperança, ó Povo, que pariu profetas de D. Sebastião e do Quinto Império? Onde está a tua Caridade, ó Povo, que encheu cestos de alimentos de inúmeras iniciativas de Solidariedade Social? Esqueceste-te? Esqueceste-te das tuas armas? Esqueceste-te do teu valor? Esqueceste-te do teu coração?

Não...

Não esqueceste, porque eu faço parte de ti. E eu não me esqueci! E eu estou ali, naquela multidão. Desesperado, desorientado, incapaz de compreender como foi possível que tudo tivesse chegado a este ponto de loucura! E quero gritar, mas os meus gritos são abafados por aquela maioria, por aquele Sinédrio num lugar tão elevado, os meus gritos não chegam aos ouvidos de ninguém...

Chegam aos Teus...

Sim, porque eu, que não tenho voz, diante de tanta injustiça e tanta corrupção, tanta promiscuidade e tanta loucura, eu a quem ninguém ouve, a quem ninguém compreende, a quem todos apontam o dedo porque me recuso a compactuar com tudo isto... em mim... em mim Tu fixaste os Teus olhos...

Senhor, diante disto, que queres que eu faça? Sou totalmente impotente! Que posso eu fazer? Nada, a não ser não juntar as minhas vozes às daqueles que te condenam ou que permitem que sejas condenado? Nada, a não ser não trair-te como um Judas, por trinta dinheiros? Nada, a não ser perder-me de pena e de amor por ti, a Quem mais ninguém ama e de Quem mais ninguém tem pena? Parece-me tão pouco, Senhor! E, no entanto, é tudo o que posso fazer... e é tudo aquilo que pedes de mim.

Ai, Senhor, sinto uma tão grande ira dentro de mim, fervendo, destruindo-me, corroendo-me, ulcerando o meu coração! Ó Senhor, Tu podias acabar com isto! Com um sopro, todos os malfeitores desapareceriam! Com um gesto, toda a injustiça cessaria! Com uma palavra, esta geração seria poupada da sua própria iniquidade! Porquê? Por que não o fazes? Por que te deixas ir matar pela 50.001 vez?

Mistérios que um mero mortal não compreende...

E, no entanto, a resposta está nesse olhar, nesse olhar sereno que Tu em mim fixaste!

Tu recusas-te a fazer o que eles a Ti te fazem!

Tu não abandonas os teus filhos à mercê da Morte!

Tu amas, sem limites!

A resposta está neste meu coração, que mesmo com toda aquela ira, é incapaz de libertar um pingo que seja de ódio. E, assim, a ira se dissolve e me encho de compaixão! Perdoo-lhes, porque não sabem o que fazem! E, ao ver-te expirar o choro silencioso, sem nada poder fazer, triunfo vitoriosamente e gloriosamente sobre aquele que era o meu maior Inimigo, maior que Pilatos ou Caifás...

Eu Amo-te Portugal!!!


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