Os tempos não estão fáceis. As pessoas revelam-se mais quando assim é. São muitas as desilusões. Algumas pessoas são monótonas, superficiais e vivem apenas porque a vida não lhes exige grande coisa para os ter por cá. Estes voluntariamente pobres de espírito, estão sempre cheios de si, e fazem companhia uns aos outros.
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Apesar disso, há também aqui gente que decidiu ter uma existência profunda. Andam muitas vezes sós. A dor profunda que levam no peito está abraçada ao sonho.
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Como se o sofrimento resgatasse o homem acordando-o de uma vida sem sentido para uma existência plena, que, apesar de começar já, não acaba aqui.
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A mais profunda dor da solidão é a daqueles que sabem amar, mas que percebem que aqui é muito difícil resgatar quem não se quer salvar a si mesmo. Mas os heróis da dor e do sonho, ainda que a vida e os outros lhes partam as asas, seguem sempre para o seu destino nem que seja a pé, por entre tanta gente que, deitada por terra, parece até gostar dos cheiros nauseabundos da superfície deste mundo.
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Só quem sofre sonha. Só quem sonha vive. Só quem vive sofre. Assim são aqueles que sabem fazer as nuvens que derrubam montanhas.
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Depois, no final desta vida... pouco me interessa se o meu corpo vai apodrecer num magnífico jazigo ou numa vala comum, importa-me mais saber por onde andarei enquanto aqui este meu corpo se perde.
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Afinal, os verdadeiros sonhos de um homem esperam por ele, mas muito longe do sítio onde costuma dormir.
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Tirado daqui
ilustração de Carlos Ribeiro
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