Neste meu
post bastante recente, eu escrevi "...
obrigar a Esquerda a tomar uma posição coerente: ou há liberdade religiosa para todos ou não há para ninguém! Chega de defesas hipócritas dos muçulmanos apegadas a preconceitos anticristãos, anticatólicos e anticlericais!"
Estas minhas palavras ficaram a ecoar na minha mente, sobretudo depois de ler este
outro post de outro blog. De facto, existe uma grande duplicidade de critérios na forma como os cristãos e os muçulmanos são tratados pela nossa elite intelectual dominante (e pelos
media que ela controla). Por que um cristão que ameace queimar um Corão é rapidamente e inequivocamente condenado por desrespeitar liberdade religiosa e por "
ferir susceptibilidades"... e por que hão-de os manifestantes anti-Papa, com os seus preservativos e caricaturas desrespeitosas, ser olhados com bonomínia e até com estima?
Antes de reflectir sobre esta questão, tenho duas achegas a colocar:
1) Este argumento da duplicidade de critérios é muito prevalente entre os conservadores para criticar os críticos do Papa... mas é um argumento falacioso. Trata-se da falácia tu quoque. Lá porque os muçulmanos não são condenados por procederem mal, não significa que o Papa não possa ser condenado por proceder mal. E lá porque o Papa é acossado, caricaturado, gozado e difamado, não significa que os muçulmanos o devam ser... 2) Os muçulmanos a que me refiro na presente reflexão são apenas os fanáticos, apoiantes ou participantes em actos terroristas ou atentatórios da dignidade humana. Não os confundo aqui com os muçulmanos que aderem a uma visão do Islão respeitadora dos direitos humanos e religiosos de todos.
Posto isto, é preciso perguntarmo-nos... por que existe esta duplicidade de critérios? Sim, porque o facto de esta duplicidade não ser um argumento válido para avançar a posição cristã, não significa que esta duplicidade não exista. Então, porquê? Por que a Esquerda condena o Cristianismo com tanta veemência, mas não tanto o Islamismo, sobretudo o mais radical e fundamentalista?
Sem dúvida que há uma ligação ao conflito israelo-palestino. Sem dúvida que há uma ideia errada, mas prevalente, de que o Corão é mais sagrado para os muçulmanos do que o Papa o é para os católicos. E sem dúvida que há aqui um medo de que actos fúteis e provocatórios possam causar um atentado terrorista islâmico, que jamais surge por parte dos cristãos...
Mas essas são razões muito superficiais...
A principal razão é o medo. Sim, pura e simplesmente, o medo! Não o medo de atentados terroristas... Não. Trata-se do medo da Espada de Fogo!
A Esquerda parece defender incondicionalmente a liberdade religiosa dos muçulmanos, enquanto procura abater a todo o transe a liberdade religiosa dos cristão. Defende a liberdade de expressão de caricaturar os católicos, mas acredita que caricaturar os muçulmanos é insensível e intolerante. Incoerente? Não! Apenas o é superficialmente... quando se compreende o medo da Espada de Fogo, este comportamento torna-se verdadeiramente coerente.
Ora vamos ver...
Qual é o motivo de protesto dos manifestantes anti-Papa? Os escândalos de pederastia (ups!) quero dizer, de pedofilia no seio da Igreja? A SIDA em África? Um pouco... mas estes são também pretextos! Porque este Papa fez mais para acabar com a pedofilia na Igreja do que qualquer outro... mas isso não basta! Porque o Papa já se desculpou inúmeras vezes pelos escândalos sexuais... mas isso não chega! Porque a responsabilidade da Igreja na propagação do VIH não se encontra minimamente provada... mas isso não interessa! Porque a Igreja faz mais do que qualquer outra instituição para mitigar o flagelo da SIDA... mas isso não importa! Não é satisfatório! Nem nunca será! Porque estes são apenas pretextos!
Qual a solução que as elites advogam para a SIDA em África? Preservativos! Que são condenados pelo Papa! E os manifestantes querem usar preservativos para se protegerem das DSTs decorrentes dos seus comportamentos sexuais promíscuos!
Qual a solução que as elites advogam para a pedofilia na Igreja? Fim do celibato dos padres! Porque o celibato dos padres demonstra uma opção radical pela Castidade! E os manifestantes odeiam a Castidade!
Eles jamais ficarão satisfeitos com qualquer iniciativa benéfica da Igreja... a única iniciativa que eles pretendem da Igreja é a mudança da sua doutrina. Enquanto a Igreja não lhes disser: "Façam o que quiserem e divirtam-se, meus malandrecos!", eles continuarão a protestar e a demonizar a Igreja por todos os males do Mundo, verdadeiros ou imaginários, passados ou presentes.
Continuarão, porque esta é uma necessidade deles! Sem a demonização da Igreja, resta-lhes apenas a eles confrontarem-se com a sua própria demonização... a demonização que advém dos seus próprios comportamentos e dos seus próprios vícios. Se a Igreja não está errada, então são eles que estão... e essa dúvida causa grande sofrimento!
Mas por que precisam eles do visto de aprovação da Igreja? Afinal de contas, só é católico quem quer, não é? Só ouve o Papa quem quer! Só segue os ensinamentos quem o desejar!
Só que a Igreja tem o papel de consciência do Mundo. E a consciência é uma voz incómoda! Obriga-nos a transcendermos os nossos desejos imediatos para buscarmos um Bem maior. Obriga-nos a crescer... e o crescimento é duro. Obriga-nos a caminhar, mesmo que isso nos leve a desertos ardentes e montanhas escarpadas. Tudo isto é tabu na nossa sociedade hedonista e adolescente.
As palavras da Igreja são uma Espada de Fogo que corta o Coração Humano. O fogo é cáustico, queima, ulcera... mas, por isso mesmo, é uma força purificadora! E a Espada da Igreja é do mesmo fogo da sarça de Moisés: Arde, mas não consome (Ex 3:2)! O Povo de Deus é baptizado pelo Fogo (Mt 3:11)! A Espada de Fogo é a Espada do Espírito (Ef 6:17)!
Contemplemos agora o outro lado... os muçulmanos têm uma moral sexual mais solta (para os homens, entenda-se). A poligamia é incentivada. A abstinência e o celibato são aberrações aos olhos de Alá. Até a pederastia (ups!) quero dizer, a homossexualidade,
pode ser tolerada em certos locais...
Mas os muçulmanos (os fundamentalistas, entenda-se...) têm outra coisa que a malta de Esquerda considera fascinante. A Espada de Aço. Sim, qualquer pessoa que conheça um pouco a História do Islão sabe que os países do Médio Oriente, da Turquia e do Norte de África não foram convertidos com debates e palavras, mas a fio de espada.
Para uma Esquerda alegadamente pacífica e tolerante, isto deveria ser completamente horripilante. Mas, o (pseudo)pacifismo e a (pseudo)tolerância da Esquerda são, também, meros pretextos. Quem conhecer os alicerces teóricos da Esquerda saberá muito bem que esta jamais hesitou em partir para a guerra e para a intolerância quando lhe era conveniente...
A Esquerda é, a cada altura, composta por minorias. Não especialmente minorias económicas ou étnicas, mas sobretudo minorias ideológicas. A Esquerda é composta, a cada tempo, por um grupelho de intelectuais que se rejubila num sistema de pensamento absurdo e que, como tal, é incapaz de ser partilhado por mais alguém que seja exterior a esse grupelho. Como toda a minoria, considera-se oprimida pela maioria. Logo, cria uma defesa psicológica que consiste num complexo de superioridade e numa mentalidade persecutória... Assim sendo, quando confrontada com a realidade, reage invariavelmente com vitimização.
Para sobreviver, a Esquerda aproveita-se dos seus altos cargos no Estado e nos Media para imporem esse sistema de pensamento a todos os outros que, coitadinhos!, precisam ser educados para a modernidade. Quando a Esquerda não tem esses altos cargos no Estado e nos Media à sua imediata disposição, usa o fio da espada para cumprir esse intento... algo a que eles chamam "Revolução".
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A Esquerda necessita desses métodos de coerção para disseminar a sua mensagem. Mas, isso cria-lhe problemas de consciência. Afinal de contas, eles são todos a favor da Liberdade... mas a Liberdade tem a desvantagem de permitir que as pessoas continuem a ter bom-senso e a desprezar as suas progressistas ideias. A Esquerda pode fingir que está a educar os brutos, fingir que os fins justificam os meios... mas, no final, necessitarão de usar de
sharia para forçar os dissidentes a submeterem-se. Daí os problemas de consciência...
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... Consciência essa que, como eu já referi acima, se encontra materializada na Igreja Católica.
Ou seja, é assim que se responde à questão da duplicidade de critérios quanto aos insultos ao Islão e quanto aos insultos à Igreja Católica.
Simplesmente, porque o insulto ao fundamentalista islâmico é um insulto ao alter-ego do burguês ocidental trostkista! O fundamentalista islâmico é aquele que usa a Espada de Aço para silenciar a Espada de Fogo que é a consciência cristã e católica no Mundo. O fundamentalista islâmico é aquele que conseguiu resolver o célebre paradoxo do jacobino civilizado, que quer ser jacobino sem deixar de ser civilizado. O fundamentalista islâmico é aquele que faz o trabalhinho sujo do intelectual comunista, ao
perseguir a Igreja nos países não desenvolvidos, onde a mensagem progressista não colhe grandes aplausos.
O problema com esta lógica... é que nenhuma Espada de Aço pode derrotar a Espada de Fogo!
Porque a Espada de Fogo não arde com o fogo das paixões humanas, mas com o fogo divino! Arde com a força invencível do próprio Deus! E, sobretudo, arde em todos corações humanos, mesmo naqueles que mais o procuram apagar!
Portanto, estas pobres almas encontram-se profundamente magoadas e é essa mágoa a principal razão do seu medo, que é a fonte do seu ódio...
Elas sofrem muito às mãos da Espada de Fogo, embora esta seja uma espada de amor...
Elas ardem num inferno neste mundo, na esperança que, tocadas pelo Fogo de Deus, possam arrepender-se e não arder num inferno no próximo mundo.
Portanto, cabe-nos a nós, cristão, resistir à tentação de pegar na Espada de Aço para resistir à Espada de Aço que eles procuram instigar contra nós.
Cabe-nos a nós, outrossim, sermos chama viva, a própria fina lâmina da Espada de Fogo.
Contemplemos estas pobres almas e façamos como o Papa fez diante deles... ignoremos os seus uivos estridentes que nada mais são do que um pretexto para conflito... em vez disso, estendamos-lhes as nossas orações e caridade.
Nós venceremos!