Em meados do século V d.C., o Império Romano estava à beira do colapso. Aquele outrora orgulhoso império vivia agora mergulhado na guerra, no caos social, na anarquia, no analfabetismo, no medo constante de forças invasoras. Que forças invasoras? Eram forças muito diversas, mas nós conhecêmo-los como "bárbaros".
.
E, se tomarmos esta palavra no sentido moderno do termo, era mesmo isso que eles eram. Bárbaros. Sem uma ordem social concertada, sem um conjunto de leis homogéneas, com uma cultura pouco avançada. Tinham sido as sucessivas invasões e pilhagens dos bárbaros que tinham enfraquecido sobremaneira o Império Romano (convertido recentemente ao Cristianismo).
Neste mesmo séc. V em que vos falo, a maior ameaça bárbara estava mesmo às portas de Roma. Tratava-se, nada mais, nada menos, de Átila, o Huno. Só o seu nome instilava medo. Dizia-se que, onde o seu cavalo pisava, não voltaria a crescer erva durante 100 anos. Nessa altura, rezava-se no Pai Nosso: "Livrai-nos do mal e dos hunos do oriente".
Se Átila tivesse conquistado Roma, muito provavelmente ter-se-ia perdido toda a nossa Cultura Clássica. Até os eurocratas que se esforçaram tanto por negar a influência judaico-cristã no preâmbulo da Constituição Europeia admitiram que, sem a influência greco-romana, não existiria Europa.
Então, o que foi que evitou a queda certa do Ocidente? O que impediu a destruição iminente do sonho europeu?
Um pobre e frágil velhinho. Exacto. Um velhinho que decidiu fazer frente às temíveis hordes de Átila. Quase sozinho, marchou até ao acampamento dos hunos. A sua única arma: a sua vetusta inteligência. Os seus argumentos impressionaram tanto os bárbaros, que Átila resolveu voltar atrás e não destruiu Roma.
O nome do velhinho: Papa S. Leão Magno.
O Império Romano do Ocidente acabaria por cair... mas o Papa Leão tinha conseguido salvar a sua cultura e a sua história. Uma cultura e uma história que seriam, depois, preservadas e transmitidas pelas gerações através dos mosteiros cristãos (que começaram a nascer por volta dessa mesma altura). Uma cultura e uma história que, mais tarde, iriam florescer nas universidades e escolas criadas por essa mesma Igreja. Uma cultura e uma história que são: Europa!
Uma situação semelhante ocorreria séculos mais tarde. Desde meados do séc. VII d.C., os muçulmanos conquistaram várias cidades do Império Persa (que era parcialmente cristão) até tomarem toda a Arábia. Depois expandiram-se para Ocidente. As nobilíssimas e orgulhosas Igrejas de Jerusalém, de Alexandria, de Antioquia, não resistiram... Depois, toda a África do Norte sucumbiu. Finalmente, a Península Ibérica. O Mar Mediterrâneo ficou infestado de piratas sarracenos. Um Império Romano cristianizado sob o sangue dos mártires, tinha agora sido islamizado sob o sangue cristão. Em boa verdade, a própria Roma chegou a ser pilhada.
Aos cristãos que ficavam para trás, restava-lhes apenas ter de suportar o ostracismo geral, pagar impostos avultados para poderem praticar a sua religião e, por vezes, ser perseguidos. Não admira que o Cristianismo tenha praticamente desaparecido dessas terras. Em certos países islâmicos (como a "moderada" Arábia Saudita), ainda hoje é proibido construir igrejas ou possuir bíblias ou crucifixos.
Nessa altura, a Europa estava unida por um código comum, chamado Cristianismo. Era uma Europa que tinha visto nascer a Magna Carta, que, pela primeira vez na história mundial, consignava a liberdade de expressão. Era uma Europa onde florescia a cultura, o comércio, a educação, a ciência (embora, muita gente queira fazer-nos crer que a Idade Média foi uma época de obscurantismo e morte intelectual, qualquer historiador isento poderá confirmar que isso está longe da verdade).
Esta mesma Europa tentou travar a expansão islâmica, através das tão famigeradas Cruzadas. É verdade que muitas das atrocidades cometidas por cristãos o foram durante as Cruzadas. Mas também é verdade que, numa época de medo e incerteza, as Cruzadas foram o primeiro reavivar do há muito adormecido espírito europeu. Reis de vários países puseram de lado as suas diferenças e uniram-se pela seguinte causa: preservar a Civilização sobre a qual assentava a Europa.
Em vão. Embora tivessem conseguido deter os avanços a Ocidente (tendo reconquistado a Península Ibérica), os muçulmanos continuaram a avançar por Oriente. O último resquício do Império Romano (o Império Bizantino) caiu.
No séc. XVI d.C., os muçulmanos estavam às portas da Europa (na verdade, até já tinham tomado a Grécia). O medo e a incerteza pairavam novamente no ar... quem podia fazer frente aos turcos? Ninguém os conseguira vencer. Ninguém os conseguia travar. Repetia-se a mesma história de 1.000 anos antes.
Um outro velhinho observou tudo isto com muito gravidade. Uma vez mais... se a Europa queria sobreviver, teria de ressuscitar. Este velhinho reuniu os maiores reis e princípes cristãos e incitou-os a pôr de lado as suas divergências e a aliarem-se para defenderem a Europa. Conseguiu. Mas não se ficou por aí... também apelou a todos os europeus (aqueles que partiriam para a guerra e aqueles que ficariam para trás) a rezarem... a rezarem o Rosário. Pela primeira vez em muitos anos, os europeus rezava a uma só voz. As orações da Cristandade irromperam pelos céus como um trovão que não pôde ser silenciado.
O confronto ficou para a história com o nome de Batalha de Lepanto.
Os cristãos tiveram uma vitória naval retumbante sobre os outrora invencíveis turcos. A partir daí, os muçulmanos não conseguiram voltar a avançar sobre a Europa. A sua expansão finalmente cessou.
O nome do velhinho: Papa S. Pio V.
Eis-nos agora num novo século. O séc. XXI d.C. A história repete-se, mas desta vez, há uma nuance. Não impera o medo ou a incerteza face a um invasor. Esse invasor está entre nós. Um invasor que enche a boca de Liberdade, mas que, no fim, apenas pretende roubar-nos essa mesma Liberdade. Um invasor que idolatra o espírito europeu, rejeitando os valores e a essência que lhe é inerente. Um invasor que proclama os Direitos Humanos, mas que despreza a Civilização que os pariu, os alimentou, os sustentou e os divulgou pelo mundo. Um invasor que nos enfraquece, porque semea discórdia na unidade social mais básica: a família. Um invasor que reinseriu na nossa sociedade rituais bárbaros e pagãos que o Cristianismo há muito havia exorcizado: o aborto, o infanticídio, a matança dos mais fracos, a promiscuidade sexual de todo o género, o utilitarismo, a lei do mais forte. Um invasor mais perigoso que todos os outros... porque se alimenta do nosso pecado, das nossas tentações, da nossa concupiscência.
Contra estes atentados, insurge-se novamente um simples velhinho, armado apenas com as suas palavras, a sua sabedoria e a sua fé. O seu nome: Papa Bento XVI. É preciso ressuscitar a Europa. É essa a dura missão que este nosso pontífice decidiu colocar sobre os seus ombros.
Estas próximas eleições europeias não são mera política. A maioria das pressões pró-aborto, pró-eutanásia, pró-homogamia partem precisamente da União Europeia. E também é na União Europeia que são geradas as políticas económicas, que são necessárias para combater a crise e a generalização da pobreza e do desemprego. A Europa parece determinada em autodestruir-se, renunciando a tudo aquilo pelo qual os seus antepassados lutaram, preocupada apenas com o seu umbigo e com modinhas ideológicas passageiras.
Ah, se os cristãos se voltassem a unir como outrora! Não falo aqui de guerras, porque de sangue já está farto o Mundo (e, quero que ninguém me interprete mal, não estou aqui a menorizar nem a justificar o sofrimento e a dor que os cristãos infligiram sobre outros povos... pretendo apenas colocar as coisas no seu devido contexto, para que nós, a séculos de distância, possamos compreender o valor do que está aqui em jogo).
Ou antes, não falo de guerras físicas, mas de guerras espirituais.
Se os europeus se convertessem...
Se os europeus escutassem a Voz da Verdade que prega no deserto, em vez de se preocuparem apenas com os seus próprios interesses...
Se os europeus lutassem por princípios sólidos, em vez de procurarem apenas conquistar direitos...
Se os europeus lutassem a Batalha de Lepanto nos seus corações, conquistando a sua alma ao pecado, à ganância e à luxúria...
Se os europeus se unissem numa só voz, assolando os céus com os seus rosários e assolando a terra com os seus votos...
O milagre poderia voltar a acontecer.
A barbárie poderia ser repelida.
A Europa poderia ressuscitar.
Europa, se tivesses Fé do tamanho de um grão de mostarda, poderias mover montanhas...